quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Pensamento e ação

Conta a literatura Zen-budista que um discípulo acompanhava seu mestre numa caminhada que os levaria a um rincão distante, onde passariam a noite. Conversavam tranqüilamente enquanto andavam a passos cadenciados, quando se detiveram diante de uma ponte que havia caído. Observaram por alguns minutos a situação e perceberam que, se quisessem prosseguir, teriam que atravessar pelo leito do rio. Testaram a profundidade e perceberam que seria possível atravessá-lo, embora tivessem que fazê-lo com a água pela cintura. Ao se prepararem para a travessia, uma voz desesperada de mulher fez com que ambos se detivessem. A mulher também precisava atravessar o rio, mas não se sentia em condições de enfrentar os perigos da correnteza. Discípulo e mestre se entreolharam e, após alguns momentos, o mestre tomou a mulher em seus braços e adentrou no rio a passos firmes. O discípulo, um tanto assustado, seguiu-os. Chegando à outra margem, a mulher agradeceu comovida o gesto do seu benfeitor, despediu-se e se foi. Novamente discípulo e mestre caminharam a sós, por quase toda a tarde, trocando apenas algumas palavras. Chegaram ao local onde passariam a noite. Quando se recolheram para dormir, o discípulo muniu-se de coragem e perguntou ao mestre: Senhor, desculpe minha intromissão, mas gostaria de uma explicação. O senhor carregou uma mulher nos braços e isso é contra nossos princípios. O que o senhor tem a dizer? O mestre contemplou o discípulo com olhar sereno e aproveitou para lhe ministrar um grande ensinamento: Meu filho, eu carreguei a mulher nos braços de uma margem à outra do rio e a deixei lá, e você a conservou no pensamento até agora. Quem de nós feriu os princípios? O discípulo abaixou a cabeça e, um tanto retraído, pediu permissão para se recolher. * * * Muitas vezes, sem mais detidas reflexões, costumamos agir como discípulo inexperiente. Percebemos uma situação que, aos nossos olhos, merece repúdio e não hesitamos em lançar o veneno da calúnia sobre os que pensamos agirem em desacordo com os nossos princípios. As Leis Divinas, que são de amor e justiça, julgam sempre pela intenção e não pelas aparências. Assim sendo, é importante que prestemos atenção às mais secretas intenções que movem os nossos atos. Nós até podemos mascarar, aos olhos dos homens, o móvel das nossas ações, mas as Leis Divinas jamais conseguiremos enganar, por estarem escritas em nossa consciência. * * * Jesus tratou desse tema, quando falou do adultério por pensamento. O Mestre de Nazaré deixou bem claro que o que é levado em conta pelas Leis de Deus é o nosso pensamento, ou seja, os sentimentos que agasalhamos no fundo da alma. Dessa forma, vale a pena ficarmos mais atentos aos nossos pensamentos e atos, do que nos dos outros, porque Jesus também assegurou que cada um de nós responderá por si, e não pelos outros. Redação do Momento Espírita, com base em história narrada em palestra pública pelo orador espírita Divaldo Pereira Franco. Em 11.07.2008

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