quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Falta de tempo

Mesmo sabendo que os dias e as horas são feitas dos mesmos segundos, desde sempre, você já teve a sensação que os dias parecem mais curtos?
Já escutou de alguém a reclamação de que falta tempo, de que não se consegue fazer tudo o que é necessário? Sempre a sensação de que os natais estão mais próximos, que os aniversários se repetem mais rapidamente e que tudo passa muito rápido?
Ocupamos, de tal forma, o tempo que o tornamos escasso, sempre a nos faltar, sempre a necessitarmos mais.
Há aqueles que afirmam que precisariam de um dia com 25 horas. E se isso acontecesse, a próxima sensação seria de que não é suficiente, e mais uma hora solicitariam para fazer todas as coisas que se propuseram no dia.
Como essa vontade de que o dia se estenda, que ganhe mais horas, que se adapte às nossas necessidades, é utópica, ficamos com uma certeza: teremos sempre o mesmo tempo e as mesmas horas do dia.
Se não conseguimos fazer tudo o que gostaríamos ao longo do dia, do mês, é porque, possivelmente, nos tenhamos proposto a fazer coisas em demasia, no tempo de que dispomos.
Se não fizemos tudo o que pensávamos, fizemos aquilo que escolhemos fazer, aquilo que priorizamos.
E a mágica do tempo é exatamente esta: prioridade. Tudo o que não conseguimos fazer, é justamente porque não priorizamos, porque atribuímos menos importância, valor ou necessidade.
O tempo é feito de prioridades. E, se nos sentimos insatisfeitos com a forma com que temos empregado nosso tempo, é hora de rever as prioridades.
Na Terra, nossa vida tem um tempo para começar e um tempo para acabar. Ela é finita.
Nossa alma é imortal e continuará a viver após a morte do corpo físico, mas o tempo que temos nesta existência é finito.
Assim, vale a pena refletir em como e em que o temos empregado.
Lembrando o ensino de Jesus de que onde estiver nosso tesouro aí estará nosso coração, podemos entender que priorizaremos o tempo, baseando-nos nas coisas e nos valores que trazemos na alma.
Assim, vale pesar em nossas escolhas, para bem usar o tempo, o entendimento de que estamos na Terra para experienciar e aprender as coisas e as Leis de Deus.
Se é importante empregar o tempo no trabalho digno, no amealhar o dinheiro para o conforto que o mundo pode proporcionar, também devemos empregá-lo para as coisas que não se contabilizam nos valores da Terra.
Então, não deixemos de investir nas coisas da alma e do coração.
Guardemos horas preciosas da semana para uma leitura sadia, para o convívio com a família, para uma atividade de voluntariado, para auxiliar o próximo.
Priorizemos um tempo para olhar nos olhos do nosso filho e ler o que lhe passa na alma, para namorar quem amamos, seja esse amor de alguns meses ou de algumas décadas. Ou para visitar alguém em dificuldade.
Somente poderemos dizer que não dispomos de tempo para todas essas atividades, se elas não forem eleitas como nossas prioridades.
Pensemos nisto: ao concluir o tempo de mais esta existência terrena, inevitavelmente, cada um de nós responderá em como e em que utilizou o precioso tempo.

Redação do Momento Espírita. Em 03.09.2010.

Glórias e insucessos

Na Terra, ninguém se encontra em clima de privilégio.
Triunfos, fortuna e saúde não significam concessões de que se pode usufruir sem o ônus da responsabilidade.
Tudo o de que se dispõe na esfera material representa um empréstimo de Deus.
O homem é um simples mordomo, que terá de dar contas de como usou o que lhe veio às mãos.
Poder, riqueza e beleza são pesados testes, face às ilusões que podem provocar.
Mas também representam a Misericórdia Divina a se movimentar em favor de todos.
Esses recursos tão precários podem ser fonte de enorme bem ao seu detentor e à coletividade, se bem empregados.
No devido tempo, cada um é chamado a desempenhar o encargo da abastança e responde pelo que faz.
O encargo costuma ser pesado, pelo condão que possui de suscitar inveja, servilismo e falsidade em torno de quem o desempenha.
Sem falar na vaidade e no orgulho que podem surgir naquele que se imagina especial por dispor momentaneamente de algumas posses.
Contudo, por dourada que pareça determinada situação, ela fatalmente passa e sempre chega o momento em que a vida física se extingue.
Somente perdura o que se fez das posses, o quanto se armazenou em bênçãos, o que se dividiu em nome do amor.
De outro lado, ninguém transita no mundo em estado de desgraça.
Solidão, pobreza, doença e limitações constituem provas redentoras.
Os excelsos condutores da vida planetária delas se utilizam para educar os Espíritos ainda necessitados de transes dolorosos.
Os que se fizeram egoístas, quando ricos, precisam vislumbrar o reverso da medalha.
Os criminosos, os defraudadores da paz alheia, todos sentem necessidade de educar o próprio íntimo, mediante experiências retificadoras.
A desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe.
Insucesso social, prejuízo econômico e fatalidades são terapêuticas enérgicas da vida.
Por meio delas, são erradicados cânceres morais de que é portador o Espírito imortal.
A solidão sempre termina por se extinguir, na figura de novas pessoas que chegam.
O abandono, cedo ou tarde, desaparece e a limitação física ou intelectual invariavelmente cessa.
A pobreza também não dura muito, considerando-se a eternidade da vida que jamais se esgota.
Sob a luz do Evangelho, êxitos e fracassos costumam se apresentar em sentido oposto à interpretação humana.
* * *
Jesus foi pobre, conviveu com pecadores, exerceu trabalho humilde, foi perseguido e assassinado pelos detentores do poder transitório.
Mas ressurgiu sumamente glorioso, logo após cessar a experiência carnal que viveu por amor a todos.
Tome-O por Modelo e não se perturbe nunca.
Na glória ou na desdita, permaneça em paz interior e persevere no amor.
Ao final, quando tudo o mais tiver terminado, sua dignidade, a converter-se em luz, será o seu tesouro.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XLV do livro Leis morais da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.Em 09.09.2010.

Uma palavra amiga

Ele é um australiano de 82 anos. Seu instrumento de trabalho mais precioso é um binóculo.
Com isso e mais uma conversa amiga, ele já conseguiu salvar das garras do suicídio nada menos de quatro centenas de pessoas.
Ao realizar seu salvamento de número 401, foi entrevistado pela BBC Brasil, narrando a sua atividade.
Corretor de seguros de vida aposentado, há cinco décadas ele monitora, de forma voluntária, o movimento no penhasco The Gap, perto de sua casa, nos arredores de Sidney, capital australiana.
A média anual de suicídios no penhasco é de cincoenta pessoas. E Donald Ritchie, que já recebeu o apelido de anjo da guarda, fica atento. Basicamente, o trabalho é de observação.
Sempre que vê alguém por ali, muito pensativo, ou ultrapassando as cordas postas no lugar, vai em direção à pessoa e puxa conversa.
Não é raro que a convide para um café, em sua casa. É um dos seus métodos preferidos.
E com o café, oferece um sorriso, uma palavra amável, uma conversa amiga. Conforme ele narra, muitas vezes consegue fazer com que a pessoa mude de ideia.
Por toda essa dedicação, Ritchie tem recebido muitas manifestações de agradecimento e carinho. Em sua porta, já foram deixadas cartas, pinturas e outros mimos.
Naturalmente, ele não consegue ter êxito total, mas a contabilização de 401 pessoas salvas, graças à sua atuação, é uma significativa marca.
À semelhança desse australiano aposentado, quantos de nós podemos realizar benefícios, sem ir muito longe de nossa própria casa, do nosso bairro.
Tantas vezes idealizamos ser missionários em longínquas terras, em prestar serviços nessa ou naquela entidade internacional.
E, contudo, bem próximo de nós, há tanto a se fazer. Tantas questões nos requerem a ação.
Bom, portanto, nos perguntarmos o que será que podemos fazer que ainda não foi feito e tem urgência de ser realizado, em nosso quarteirão, em nosso bairro, em nossa cidade.
Não são poucos os exemplos que temos. Estudantes, donas de casa, profissionais diversos que se dedicam em horas que lhes deveriam ser de lazer, a servir ao próximo.
Jovens que buscam comunidades carentes para oferecer aulas de reforço escolar. Ou praticar esportes com as crianças, retirando-as das ruas.
Donas de casa que se organizam em equipes para atender a pessoas do bairro, que enfrentam enfermidades longas, sem família por perto.
Ou mães que trabalham fora do lar e têm necessidade de quem lhes atenda os filhos por algumas horas, no retorno da escola.
Um detalhe aqui, outro ali. Quantas benesses!
Alguns salvam vidas como Donald Ritchie. Outros podemos salvar criaturas do analfabetismo, nos transformando em pontes entre o iletrado e a escola.
Ou retirar do desespero um solitário que apenas espera que alguém se disponha a ouvi-lo.
Pensemos nisso e nos disponhamos a ofertar a nossa palavra amável, a mão amiga, a presença atuante.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Contra o suicídio, uma palavra amiga, do boletim Serviço espírita de informações, nº 2182, de 15.06.2010, editado pelo Conselho Espírita Internacional.
Em 10.09.2010.

As agruras da vida

Segundo a Espiritualidade Superior, as agruras da vida terrena constituem provas ou expiações.
As expiações originam-se de erros cometidos.
Por ser possuidor de determinado vício, o Espírito violou a Lei Divina.
Por exemplo, em decorrência da gula, prejudicou a harmonia de seu corpo em anterior existência.
Viveu menos do que deveria e deixou de cumprir sua programação espiritual.
A expiação representa a soma de dores necessária para o Espírito se desgostar do vício que o acomete.
Ela se origina do erro, mas visa o progresso.
Persiste até que a lição seja aprendida e o faltoso canse de sua fissura moral e se arrependa.
Ela é um remédio forte na medida exata do mal a ser combatido.
Já as provas são literalmente testes aos quais o ser se submete para alcançar vivências mais sublimes.
Embora ser provado sempre envolva esforço e sacrifício, trata-se de algo positivo.
Raciocine-se com base no vestibular de acesso às faculdades.
Os alunos se inscrevem, pagam uma taxa por isso, estudam por longo tempo e, finalmente, se submetem ao exame.
Evidentemente, no tempo em que estão demonstrando seus conhecimentos, permanecem sob tensão.
Mas o vestibular representa uma fase necessária para que atinjam seu objetivo.
Trata-se da porta de acesso a uma situação com a qual sonham.
Se tiverem sucesso no vestibular, poderão fazer o curso escolhido e, mais tarde, desempenhar a profissão almejada.
Seguramente nenhum deles se sente injustiçado nas horas que passa a realizar seus exames.
Eles se candidataram e aquele evento tem um propósito sério em suas vidas.
O mesmo ocorre com as provas da vida material.
Antes de reencarnar, os Espíritos escolhem as provas a que se submeterão.
Preparam-se por longo tempo, estudam, tomam sábias resoluções.
Contam com o auxílio e a instrução de seres mais evoluídos, aos quais prometem todo o empenho para vencer os naturais obstáculos da jornada.
Após o renascimento, lentamente as provas se apresentam àquele que se candidatou a vivenciá-las.
Para quem deseja consolidar a virtude da paciência, tais provas vêm na figura de pessoas difíceis com as quais têm de conviver.
O que almeja exercitar a frugalidade e a humildade renasce em um contexto social muito humilde.
Há os que se propõem a vivenciar enfermidades, os que querem exercitar a tolerância ou o desprendimento.
Para cada um, as experiências surgem no devido tempo.
Bem se vê que na Terra ninguém deve reclamar de nada.
As expiações constituem remédio para velhos males morais, que só trazem transtornos.
As provas representam uma oportunidade de consolidação de virtudes, com vistas a um porvir melhor.
O papel de quem as vive é fazer o seu melhor e confiar em Deus.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.Em 15.09.2010.