quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Renovação

A natureza nos fornece, de forma constante, excelentes lições. As estações que se sucedem nos falam da obediência a leis previamente estabelecidas pela divindade.
A fauna e a flora que se submetem ao rigor do inverno, que hibernam, parecendo morrer e ressurgem aos toques da primavera, nos lecionam a perseverança na luta pela vida.
Entre as aves, a águia nos traz especial lição. Ela é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos. Mas, para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão.
Aos quarenta anos ela está com as unhas compridas e flexíveis e não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta.
O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas. Voar é, então, muito difícil.
A águia, nessas circunstâncias, só tem duas alternativas: morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinqüenta dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão, onde ela não necessite voar. Após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.
Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas.
E só depois de cinco meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver mais trinta anos.
Em nossa vida, também necessitamos de processos de renovação que, de um modo geral, são dolorosos.
Para se conseguiu alçar o vôo da vitória, devemos nos desprender de costumes, crenças, tradições, vícios que nos mantêm presos ao chão da ignorância.
É, sim, um processo doloroso, porque demanda esforço e vontade. Também um processo de incubação.
É preciso se sentir insatisfeito consigo mesmo e desejar crescer um pouco mais. Sentir-se incompleto com um livro só, com um pensamento apenas ou com uma visão somente.
É necessário pensar além das idéias comuns e acreditar que se pode mudar, não importando se nos encontramos nos áureos dias da juventude, nos vibrantes dias da madureza ou na esteira da velhice.
Sempre é tempo de atender aos apelos do progresso, aprender e melhorar-se.
É necessário refletir, trabalhar, estar sempre pronto para aprender e reaprender, não se permitindo jamais o comodismo.
***
Enquanto você dispõe do corpo físico e das horas terrenas, não se acomode. Não negligencie a si mesmo.
Cultive a sua inteligência, jamais perdendo de vista a boa leitura.
Não se sinta sábio porque sabe mais do que os que o rodeiam. Busque a sabedoria.
Não se permita sentir bem, sem esforçar-se por se desenvolver nas áreas do bem e do serviço ao próximo.
Não se permita dormir demais, enquanto é tempo de crescer, progredir e alcançar os astros brilhantes que nos extasiam nas noites claras.

Equipe de Redação do Momento Espírita, baseado em texto de autor ignorado e no livro Nossas riquezas maiores, ed. FRÁTER, cap. 38.R

De hoje em diante

Você já traçou, alguma vez, um plano de felicidade, ainda que por apenas um dia?
Pois uma pessoa nos enviou um plano que trará dias muito felizes para quem o seguir.
Ela se propôs ao seguinte:
De hoje em diante, todos os dias, ao acordar, direi: "Eu, hoje, vou ser feliz!
Vou lembrar de agradecer ao sol pelo seu calor e luminosidade. Sentirei que estou vivendo, respirando. Posso desfrutar de todos os recursos da natureza, gratuitamente.
Não preciso comprar o canto dos pássaros, nem o murmúrio das ondas do mar. Lembrarei de observar a beleza das árvores, das flores, da relva, da natureza em geral.
Vou sorrir mais, sempre que puder. Vou cultivar mais amizades e neutralizar as inimizades.
Não vou julgar os atos dos meus semelhantes e vou aprimorar os meus.
Lembrarei de telefonar para alguém só para dizer que estou com saudades.
Reservarei alguns minutos de silêncio para ter a oportunidade de ouvir.
Não vou lamentar nem amargar as injustiças, mas vou pensar no que posso fazer para diminuir seus efeitos.
Terei sempre em mente que o tempo passado não volta mais e vou aproveitar bem todos os minutos.
Não vou sofrer por antecipação, prevendo futuros incertos, nem com atraso, lembrando de coisas sobre as quais não posso fazer nada.
Não vou sofrer pelo que não tenho e gostaria de ter, e buscarei ser feliz com o que possuo. E o maior bem que tenho é a própria vida.
Vou lembrar de ler uma poesia, ouvir uma canção e dedicá-las a alguém.
Vou fazer algo por alguma pessoa sem esperar nada em troca, apenas pelo prazer de vê-la sorrir.
Vou lembrar que existe alguém que me quer bem, e dedicar uns minutos para pensar em Deus, assim Ele saberá que está sempre em meu coração.
Vou procurar transmitir um pouco de alegria aos outros, especialmente quando sentir que a tristeza e o desânimo querem se aproximar.
E, quando a noite chegar, eu vou olhar para o céu, para as estrelas e para o luar e agradecer aos anjos e a Deus, porque hoje eu fui feliz!"
* * *
Sem dúvida esse é um roteiro traçado por alguém que deseja realmente conquistar a paz de consciência e, por consequência, a felicidade.
E nós podemos até dizer que tudo isso é muito difícil de alcançar, mas uma coisa é certa: é bem simples.
A única coisa que precisamos é ter vontade. E, para acionar a vontade, basta querer.
* * *
Existe uma pessoa, e somente uma, capaz de fazer você feliz.
Se você deseja conhecê-la, fique em frente ao espelho e diga: Olá!
No espelho você verá a pessoa responsável pelo seu destino.
Você é herdeiro de si mesmo.
Seus atos lhe pertencem.
E a sua felicidade espera pela sua decisão.
Pense nisso!

Redação do Momento Espírita com base em texto de autoria ignorada.
Em 03.11.2010.

A alegria dos outros

Um jovem, muito inteligente, certa feita se aproximou de Chico Xavier e indagou-lhe:
Chico, eu quero que você formule uma pergunta ao seu guia espiritual, Emmanuel, pois eu necessito muito de orientação.
Eu sinto um vazio enorme dentro do meu coração. O que me falta, meu amigo?
Eu tenho uma profissão que me garante altos rendimentos, uma casa muito confortável, uma família ajustada, o trabalho na Doutrina Espírita como médium, mas sinto que ainda falta alguma coisa.
O que me falta, Chico?
O médium, olhando-o profundamente, ouviu a voz de Emmanuel que lhe respondeu:
Fale a ele, Chico, que o que lhe falta é a "alegria dos outros"! Ele vive sufocado com muitas coisas materiais. É necessário repartir, distribuir para o próximo...
A alegria de repartir com os outros tem um poder superior, que proporciona a alegria de volta àquele que a distribui.
É isto que está lhe fazendo falta, meu filho: a "alegria dos outros".
* * *
Será que já paramos para refletir que todas as grandes almas que estiveram na Terra, estiveram intimamente ligadas com algum tipo de doação?
Será que já percebemos que a caridade esteve presente na vida de todos esses expoentes, missionários que habitaram o planeta?
Sim, todos os Espíritos elevados trazem como objetivo a alegria dos outros.
Não se refere o termo, obviamente, à alegria passageira do mundo, que se confunde com euforia, com a satisfação de prazeres imediatos.
Não, essa alegria dos outros, mencionada por Emmanuel, é gerada por aqueles que se doam ao próximo, é criada quando o outro percebe que nos importamos com ele.
É quando o coração sorri, de gratidão, sentindo-se amparado por uma força maior, que conta com as mãos carinhosas de todos os homens e mulheres de bem.
Possivelmente, em algum momento, já percebemos como nos faz bem essa alegria dos outros, quando, de alguma forma conseguimos lhes ser úteis, nas pequenas e grandes questões da vida.
Esse júbilo alheio nos preenche o coração de uma forma indescritível. Não conseguimos narrar, não conseguimos colocar em palavras o que se passa em nossa alma, quando nos invade uma certa paz de consciência por termos feito o bem, de alguma maneira.
É a Lei maior de amor, a Lei soberana do Universo, que da varanda de nossa consciência exala seu perfume inigualável de felicidade.
Toda vez que levamos alegria aos outros a consciência nos abraça, feliz e exuberante, segredando, ao pé de ouvido: É este o caminho... Continue...
* * *
Sejamos nós os que carreguemos sempre o amor nas mãos, distribuindo-o pelo caminho como quem semeia as árvores que nos farão sombra nos dias difíceis e escaldantes.
Sejamos os que carreguemos o amor nos olhos, desejando o bem a todos que passam por nós, purificando a atmosfera tão pesada dos dias de violência atuais.
E lembremos: a alegria dos outros construirá a nossa felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base em relato sobre episódio da vida de Francisco Cândido Xavier, de autor desconhecido, e que circula pela Internet.
Em 29.11.2010.

O hospital do Senhor

Uma pessoa que não estava se sentindo bem, há algum tempo, fez a seguinte declaração:
Todo ano faço um check-up para avaliação de minhas condições de saúde. Um dia desses, resolvi fazer um exame diferente e fui a um hospital muito especial. O hospital do Senhor.
Queixei-me de cansaço da vida, de dores nas juntas envelhecidas. Falei do coração descompassado pelas muitas preocupações e da carga de obrigações que me competem.
Logo que cheguei minha pressão foi medida e foi verificado que estava baixa de ternura.
Recordei que há muito tempo não estou fazendo exercícios nessa área. Havia esquecido da necessidade de expressar carinho com gestos pequenos, mas muito importantes.
Quando foi tomada minha temperatura, o registro foi de 40 graus de egoísmo. Então me lembrei de como estou guardando coisas e mais coisas, sem dar nada a ninguém, mesmo quando campanhas fazem apelos pela televisão, rádio, jornais.
Sempre achei que alguém daria o suficiente e que eu não precisava fazer nada.
Fiz um eletrocardiograma e o diagnóstico registrou que estou precisando de uma ponte de amor. As veias estão bloqueadas por não ter sido abastecido o coração vazio.
Ortopedicamente foi constatado que estou com dificuldade de andar ao lado de alguém. É que tenho preferido andar a sós. Caminho mais rápido, sem que ninguém me atrase.
Também foi observado que não consigo abraçar os irmãos por ter fraturado o braço, ao tropeçar na minha vaidade.
Nos olhos foi registrada miopia. Isto porque não consigo enxergar além das aparências.
Examinada a audição, reclamei que não estava ouvindo a voz do Senhor e o diagnóstico foi de bloqueio em decorrência de uma enxurrada de palavras ocas do dia-a-dia.
A consulta não custou nada. Fui medicado e recebi alta. A receita que recebi foi para usar somente remédios naturais que se encontram no receituário do Evangelho de Jesus Cristo.
Ao levantar, deverei tomar um chá de Obrigado, Senhor para melhorar as questões referentes à gratidão. Ao entrar no trabalho, uma colher de Bom dia, amigo.
De hora em hora, não posso me esquecer de tomar um comprimido de paciência, com meio copo de humildade.
Ao chegar em casa, será preciso tomar uma injeção de amor para melhorar a dificuldade de relacionamento familiar. Toda noite, antes de deitar, duas cápsulas de consciência tranquila para que eu tenha um sono reparador.
Foi-me dada a certeza de que se seguir à risca toda a prescrição médica, não ficarei doente e todos os meus dias serão de felicidade.
O tratamento tem também um caráter preventivo. Assim, somente deverei morrer, por morte natural e não antes do tempo determinado.
* * *
O Evangelho pode ser considerado como a própria voz do Cristo a falar aos corações, chamando, chamando e conduzindo.
O Evangelho corporifica na Terra a palavra de Jesus. É Ele mesmo que Se apresenta de retorno, tomando os filhos e filhas da dor em Seus amorosos braços a fim de os conduzir para a luz gloriosa da verdade.
Como há mais de dois mil anos, Jesus prossegue, através do Evangelho, a estender a esperança e o amor sobre toda a Terra, para todos os corações.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada, que circula pela Internet.
Em 29.12.2010.

Semeando rosas

Uma Rainha de Portugal, de nome Isabel, ficou conhecida por sua bondade e abnegada prática da caridade.
Ocorre que seu marido, o Rei D. Diniz não gostava das excursões da Rainha, pelas ruas da miséria.
Muito menos das distribuições que ela fazia entre os pobres. Não podia admitir que uma mulher nobre deixasse o trono das honras humanas para se misturar a uma multidão de doentes, famintos e mal vestidos.
A bondosa Rainha, no entanto, burlava a vigilância de soldados e damas de companhia e buscava a dor nos casebres imundos, levando de si mesma e de tudo o mais que pudesse carregar do palácio.
Não levava servas consigo, pois isto seria pedir a elas que desobedecessem às ordens reais.
Era humilhante, segundo o seu marido, o que ela fazia. Como uma Rainha, nascida para ser servida, realizava o trabalho de criados, carregando sacolas de alimentos, roupas e remédios?
Certo dia, ele mesmo a foi espreitar. Resolveu surpreendê-la na sua desobediência. Viu quando ela adentrou a despensa do palácio e encheu o avental de alimentos.
Quando ela se dirigia para os jardins do palácio, no intuito de alcançar a estrada poeirenta, nos calcanhares da fome, ele saiu apressadamente do seu esconderijo e perguntou:
Aonde vai, senhora?
Ela parou, assustada no primeiro momento. E, porque demorasse para responder, ele alterou a voz e com ar acusador, indagou:
O que leva no avental?
Levemente ruborizada, mas com a voz firme, ela finalmente respondeu:
São flores, meu senhor!
Quero ver! Disse o rei, quase enraivecido, por sentir que estava sendo enganado.
Ela baixou o avental que sustentava entre as mãos e deixou que o seu conteúdo caísse ao chão, num gesto lento e delicado.
Num fenômeno maravilhoso, rosas de diferentes tonalidades e intensamente perfumadas coloriram o chão.
Consta que o Rei nunca mais tentou impedir a rainha da prática da caridade.
* * *
Para quem padece as agruras da fome, sentindo o estômago reclamar do vazio que o consome; para quem ouve, sofrido, as indagações dos filhos por um pedaço de pão, umas colheres de arroz, a cota de alimento que lhes acalme as necessidades é semelhante a um frasco de medicação poderosa.
Para quem esteja atravessando a noite da angústia junto ao leito de um filho delirando em febres, as gotas do medicamento são a condensação da esperança do retorno à saúde.
Para quem sente as garras afiadas do inverno cortar-lhe as carnes, receber uma manta que o proteja do vento gélido é uma ventura.
Por isso, quem leva pães, agasalho e conforto é portador de flores perfumadas de vários matizes.
* * *
Há muitos que afirmam que dar coisas é alimentar a preguiça e fomentar acomodação.
Contudo, bocas famintas e corpos enfermos não podem prescindir do alimento correto e da medicação adequada.
Se desejarmos os seres ativos, envolvidos com o trabalho, preciso é que se lhes dê as condições mínimas. Não se pode ensinar a pescar alguém que sequer tem forças para segurar a vara de pesca.

Redação do Momento Espírita.
Em 27.12.2010.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Inimizades

Você já se perguntou algum dia, de onde nascem nossos sentimentos de querer bem e querer mal? Como conseguimos querer tanto a uns, e ter aversão ou dificuldade de relacionamento com outros?
Os nossos valores e sentimentos, aquilo que guardamos na alma e no coração, são nossa identidade emocional. E será baseados nessa identidade que teremos afinidades com uns e nem tanto com outros.
É natural que tenhamos pendores para as amizades com esse ou aquele perfil de pessoa, de personalidade, pois que esses carregam na alma valores semelhantes aos nossos, valores com os quais nos simpatizamos. E o contrário também se faz regra.
Há também aqueles que, quando nos encontramos nos caminhos da vida, parece que o sentimento já estava pronto. De imediato estamos a nos gostar, a querer bem, ou a nos antagonizar, a nos querer mal.
Para esses, nossos encontros são reencontros de experiências anteriores.
Assim, ao reencontrarmos nesta vida aqueles que já aprendemos a amar em outras vidas, em outras experiências, é sempre o presente que Deus nos oferece para tornar esta existência mais suave, mais leve.
Esses serão aqueles a nos apoiar na caminhada, a nos ajudar nas dificuldades, a deixar nossos dias com o frescor do perfume da amizade e do bem querer.
E, quando encontramos aqueles com quem nos antipatizamos, é a oportunidade da vida para refazermos sentimentos.
Seja na forma da implicância, da má vontade, ou ainda, mais intensamente, do rancor ou mesmo ódio, todos esses sentimentos são variações diferenciadas do antagonismo que alimentamos pelo nosso próximo.
E se hoje, esses inimigos do ontem cruzam novamente os nossos caminhos, é porque a Providência Divina percebe ser agora o momento oportuno.
Dessa forma, aproveitemos quando a vida nos apresentar alguém que não queremos bem para aprender a amá-lo. Não um amor irrestrito e incondicional. Não o amor com que amamos um filho, o companheiro, os pais.
Esses companheiros de jornada vão exigir de nós o amor na forma da paciência, do entendimento, da benevolência, e principalmente, da compreensão.
Por isso, se detectarmos nos nossos relacionamentos, aquele que classificaríamos de inimigo, proponhamo-nos, a partir de agora, uma nova classificação para ele: alguém a ser conquistado.
Aceitemos o desafio de modificar nosso sentimento íntimo, sem a preocupação de ele ter que agir de igual modo. Afinal, nós iremos responder pelo nosso próprio campo emocional. De ninguém mais.
Façamos do inimigo, do desafeto, nosso mais dileto professor. Ele será aquele que irá nos ensinar a compreensão, a humildade, o perdão, fazendo com que conquistemos valores nobres.
Jamais gastemos tempo e energia colecionando ou criando novos desafetos. Não percamos tempo contentando-nos em tê-los, como se isso não nos dissesse respeito.
Lembremo-nos que a oportunidade que a vida nos oferece de refazer relações será sempre a oportunidade de retirar pedras e calhaus que se acumulam no baú de nossas emoções, trocando-as por joias preciosas, os verdadeiros tesouros do Reino dos Céus.

Redação do Momento Espírita.
Em 08.10.2010.

Idosos

Grande número de pessoas tem medo da velhice. O próprio termo velhice vem sendo substituído pela expressão Terceira idade ou Melhor idade, para causar menos impacto.
É que, de um modo geral, as pessoas somente observam a velhice como o período da diminuição das forças físicas, da menor resistência do organismo a doenças.
Em certos casos, redução da capacidade mental, dependência de outros nas necessidades pessoais e proximidade da morte.
Ante a velhice que se aproxima, a pessoa fica matutando algumas perguntas como: Que será de mim?
Será que vou ficar inútil? Será que me abandonarão em um asilo?
Essas dúvidas, se alimentadas com frequência, podem gerar angústia e infelicidade.
Por pensar que velhice é sinônimo de incapacidade é que certo professor de violino ouviu, admirado, a pretensão daquele velhinho de setenta e sete anos: Quero ser seu aluno!
Muito bem, senhor Antônio, seja feita sua vontade. Entretanto, é bom que o senhor saiba que, não sendo jovem, terá dificuldade no aprendizado. Além do mais, trata-se de um instrumento musical dos mais complexos.
O senhor idoso era lúcido e ágil. Por isso respondeu:
Não tem problema. Estou disposto a enfrentar essa barra. Mesmo com minhas limitações.
O professor de violino não se conformou.
Senhor Antônio, já se deu conta de que, para sua iniciação musical, serão necessários anos dedicados a estudo e exercícios? Considerando sua idade, sua vida caminhando para o final, não lhe parece um desperdício estudar?
Foi aí que o senhor Antônio sorriu e deu uma lição fora de série ao jovem professor:
De forma alguma é um desperdício. O esforço do aprendizado me oferecerá motivações para a vida. Alegrará meu presente e também preparará o meu futuro.
Tenho certeza de que, ao regressar ao mundo espiritual, estarei enriquecido com noções musicais. Isso facilitará minha reintegração na Pátria verdadeira, a do Espírito. Afinal, lá também há violinistas.
* * *
Esta é a verdadeira sabedoria. Não desistir nunca. Não se permitir parar de aprender.
Afinal, não há existências que findam. São somente etapas de aprendizado que se completam. Etapas que devem ser aproveitadas integralmente, favorecendo o porvir.
O que se aprende em uma vida, arquiva-se e, em outra vida, aparecerá como vocação, talento.
Aprender, em qualquer idade, é o caminho mágico de realizações gloriosas.
Quem realiza o aprendizado, com perseverança, vai em frente, melhorando sempre, sem cansar nunca.
Vicente de Paulo é excelente modelo de quem superou a enfermidade e a velhice.
Após os setenta anos, tornaram-se impossíveis as viagens a cavalo para as visitas habituais às várias casas sacerdotais. Ainda assim ele prosseguiu no trabalho.
Ao chegar ao ponto de não poder mais sair da casa onde residia, ele não parou.
Dotado de indomável energia, Vicente, a cada manhã proferia palestra aos seus discípulos. Conservou impressionante serenidade e lucidez, até o final de sua vida.
Vida de produção até o fim. Bem dizem que a juventude só acaba quando se apaga o entusiasmo.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18 do livro
Atravessando a rua, de Richard Simonetti, ed. Ide e no cap.
Convivência com a enfermidade, do livro Vicente de Paulo,
servidor dos pobres, de Luiz Miguel Duarte, ed. Paulinas.
Em 08.10.2010.

Seja feliz

Eis uma ordem preciosa: seja feliz! Quantas vezes dizemos isso uns aos outros, desejando, intensamente, que se torne realidade?
Em verdade, cada um de nós deveria ter como meta, em sua vida, ser feliz.
Quase sempre, criamos infelicidade para nós mesmos, através de nossas atitudes.
E, no entanto, nunca se falou tanto, como na atualidade, em ser feliz, em conquistar valores positivos. Parece ser a tônica do momento.
Parece que as pessoas estão descobrindo o propósito da Divindade para conosco.
O mundo não é um local onde nascemos para sofrer, embora o sofrimento possa fazer parte de nossas vidas.
Não é um local onde viemos somente para nos esfalfarmos em conquistas materiais, mesmo que necessitemos trabalhar para nos sustentarmos, para adquirirmos certo conforto.
O importante é se ter a certeza que podemos melhorar muito nossa qualidade de vida, se desejarmos.
Vejamos algumas dicas.
Não se preocupe, em demasia. Quem se estressa o tempo todo, pode desencadear problemas cardíacos. E não consegue ver o lado bom das coisas.
Concentre-se e termine. Isto é, faça uma coisa de cada vez. Termine uma tarefa e depois passe para a seguinte.
Não queira fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
O Mestre de Nazaré, há mais de dois milênios, prescreveu que a cada dia bastam as suas próprias preocupações.
Mande a raiva embora. Ela faz as artérias se contraírem, a taxa de batimentos cardíacos disparar e deixa o sangue mais grosso e fácil de coagular.
Quando tiver que enfrentar alguma situação exasperante, conte até dez. Isso faz o cérebro passar da emoção para o pensamento racional.
Respire fundo. Pense e não reaja.
A Sabedoria Nazarena prescrevia que perdoássemos aos nossos inimigos.
Cuide do lado espiritual. Você pode participar de determinada religião, exercitar a sua fé. Ou pode meditar, passar algum tempo sozinho, prestar serviços a uma boa causa.
Lecionava Jesus: Amai o vosso próximo como a vós mesmos.
Controle as imagens do cérebro. Não exagere nas observações e não alimente ideias negativas.
Não alimente a sua carga emocional com pensamentos como: Esse emprego vai me matar.
Sorria. Ria. Ouça música alegre. Isso relaxa os vasos sanguíneos e aumenta o fluxo do sangue. Seu corpo se sentirá melhor.
Recomendava o Nazareno: Alegrai-vos...
Alimente a sua mente com coisas positivas. Escolha leituras que lhe façam bem, que o motivem à serenidade, a reflexões altruístas.
Sábio foi o Mestre Jesus nos conclamando a que tivéssemos vida e vida em abundância. Isto quer dizer, qualidade de vida, que contempla o espiritual, o emocional, o físico.
Pensemos nisso e alteremos nossa forma de nos conduzir nesta Terra. Em pouco tempo, sentir-nos-emos mais leves, felizes, tudo olhando com as lentes positivas de quem está disposto a contribuir para a paz do mundo que, sempre, começa na nossa própria intimidade.


Redação do Momento Espírita, com dicas extraídas
do artigo Um coração saudável em meia hora,
de Seleções Reader’s Digest, de abril de 2010.
Em 06.10.2010.

O ateu

Conta um articulista que um farmacêutico se dizia ateu e vangloriava-se de seu ateísmo. Deus, com certeza, deveria ser uma quimera, uma dessas fantasias para enganar a pessoas incautas e menos letradas.
Talvez alguns mais desesperados que necessitassem de consolo e esperança.
Um dia, no quase crepúsculo, uma garotinha adentrou sua farmácia. Era loira, de tranças e trazia um semblante preocupado. Estendeu uma receita médica e pediu que a preparasse.
O farmacêutico, embora ateu, era homem sensível e emocionou-se ao verificar o sofrimento daquela pequena, que, enquanto ele se dispunha a preparar a fórmula, assim se expressava:
Prepare logo, moço. O médico disse que minha mãe precisa com urgência dessa medicação.
Com habilidade, pois era muito bom em seu ofício, o farmacêutico preparou a fórmula, recebeu o pagamento e entregou o embrulho para a menina, que saiu apressada, quase a correr.
Retornou o profissional para as suas prateleiras e preparou-se para recolocar nos seus lugares os vidros dos quais retirara os ingredientes para aviar a receita.
É quando se deu conta, estarrecido, que cometera um terrível engano. Em vez de usar uma certa substância medicamentosa, usara a dosagem de um violento veneno, capaz de causar a morte a qualquer pessoa.
As pernas bambearam. O coração bateu descompassado. Foi até a rua e olhou. Nem sinal da pequena. Onde procurá-la? O que fazer?
De repente, como se fosse tomado de uma força misteriosa, o farmacêutico se indaga:
E se Deus existir...?
Coloca a mão na fronte e roga:
Deus, se existes, me perdoa. Faze com que aconteça alguma coisa, qualquer coisa para que ninguém beba daquela droga que preparei. Salva-me, Deus, de cometer um assassinato involuntário.
Ainda se encontrava em oração, quando alguém aciona a campainha do balcão. Pálido, preocupado, ele vai atender.
Era a menina das tranças douradas, com os olhos cheios de lágrimas e uns cacos de vidro na mão.
Moço, pode preparar de novo, por favor?
Tropecei, caí e derrubei o vidro. Perdi todo o remédio. Pode fazer de novo, pode?
O farmacêutico se reanimou. Preparou novamente a fórmula, com todo cuidado e a entregou, dizendo que não custa nada. Ainda expressou votos de saúde para a mãe da garota.
Desse dia em diante, o farmacêutico reformulou suas ideias. Decidiu ler e estudar a respeito do que dizia não crer e ironizava.
Porque, embora a sua descrença, Deus que é Pai de todos, atendeu a sua oração e lhe estendeu a Sua misericórdia.
* * *
No desdobramento de nossas experiências acabamos todos reconhecendo a presença Divina. É algo muito forte em nós.
Mesmo entre pessoas consideradas de má vida e criminosos encontraremos vigente o conceito.
A crença em Deus nos dá segurança, com a certeza de que não estamos entregues à própria sorte.
É muito bom conceber que, desde sempre, antes mesmo que O conhecêssemos, Deus já cuidava de nós.


Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 2 e 3,
do livro A presença de Deus, de Richard Simonetti, ed. São João.
Em 05.10.2010.

Momento de definição

A Espiritualidade Superior noticia que a Terra se encontra em fase de transição.
Em breve, ela terá alterada a sua destinação de educandário cósmico.
Por ora, funciona como um mundo de provas e expiações.
Nela estagiam Espíritos intelectualmente evoluídos, mas com marcantes problemas morais.
Ainda viciosos e cheios de paixões, necessitam de experiências dolorosas para despertar a própria sensibilidade.
Contudo, em breve, a Terra passará a mundo de regeneração e paz.
Há longa data essa modificação vem sendo preparada pela ordem cósmica.
Houve significativa aceleração do progresso material, tecnológico e científico.
Ideais de liberdade, igualdade e fraternidade se disseminaram pelo planeta.
No plano das ideias, tudo se encontra preparado.
Resta que a conduta e o sentimento dos seres humanos se ajustem a esses propósitos superiores.
Que cessem os escândalos protagonizados pelo egoísmo e pelo orgulho.
Que terminem as guerras públicas e privadas.
Que se extinga a animosidade, a difamação, a deslealdade.
É preciso que os costumes se purifiquem e aprimorem.
Que o trabalho honesto surja como uma bênção.
Que a instrução seja viabilizada para todos e por todos estimada e aproveitada.
Nesse processo de transformação, surgem variadas crises.
Há quem persista no apego a velhos vícios, como a preguiça e a desonestidade.
Ante tal embate de valores, é necessário posicionar-se.
Para merecer viver em clima regenerador e pacífico impõe-se amar a paz e se regenerar, pelo abandono de antigas tendências.
Cruéis, preguiçosos, desonestos e indiferentes à dor do semelhante não terão afinidade com esse novo contexto social.
Criaturas endurecidas necessitam ser trabalhadas por dores profundas, a fim de terem despertadas suas sensibilidades.
Em um mundo mais ameno, não encontram recursos de evolução.
Consequentemente, seus próximos renascimentos ocorrerão em outros planetas, mais primitivos.
Justamente por isso, vive-se na Terra um momento de profundas definições.
Cada homem deve decidir o que deseja para si, em termos de roteiro de evolução.
O espetáculo da desonestidade alheia não serve de desculpa para conduta semelhante.
É preciso optar entre dignidade e indignidade.
É passado o tempo das indecisões.
Impõe-se definir o próprio padrão de conduta, no contexto de um mundo em rápido processo de modificação.
Conforme a decisão, o destino estará traçado.
Trata-se do livre-arbítrio a moldar o futuro, em todas as suas perspectivas.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 01.10.2010.

O dócil jumentinho

Francisco de Assis, ao se fazer o portador da mensagem do Cristo, em plena Idade Média, estabeleceu para si mesmo regras extremamente rígidas.
Seu objetivo não era fundar uma Ordem religiosa. Ele desejava simplesmente servir ao próximo.
Necessitando ter liberação do Vaticano para que pudesse pregar nas igrejas e nas estradas do mundo, Francisco se submete à exigência e funda uma Ordem.
As regras que estabeleceu eram severas, onde, entre outras coisas, não era permitido usufruir senão do estritamente necessário.
E, se ele criou as regras, era o primeiro a segui-las. Seu quarto parecia uma cela, sem conforto algum.
Para cobrir o corpo, ele usava um tecido áspero, em forma de túnica, com uma corda na cintura, à guisa de cinto.
O tecido era o desprezado pelos mercadores da cidade de Assis, pois era aquele usado como embalagem das fazendas, sedas e veludos que adquiriam para o comércio.
Para as refeições, Francisco era extremamente frugal, alimentando-se um pouco menos que o necessário. Até mesmo porque pensava sempre nos outros, antes que em si mesmo e nas suas necessidades e satisfações pessoais.
Certo dia, estando a meditar, compareceu Frei Leão, um de seus mais próximos companheiros. Ele dizia que tinha um problema e desejava o auxílio de Francisco para a solução.
Pai Francisco, começou, eu conheço uma pessoa que tem um jumentinho. Ele é muito frágil, magro, doente.
Apesar disso, seu dono não o alimenta bem e exige muito dele.
Ele monta no animal e exige ser carregado? Perguntou Francisco.
Sim, pai Francisco. O pobre animal mal se aguenta em pé e o dono lhe exige isso e muito mais. Não tem piedade para com ele. Diga-me, que devo dizer a esse homem?
Francisco era conhecido por amar os animais. Mais de uma vez, em descobrindo que alguém apanhara uma lebre em armadilha, ele a comprava para a libertar.
Em festividades religiosas, jamais esquecia que os animais deveriam ser brindados com rações extras. Fossem animais domésticos ou os pássaros livres, que enchiam os ares.
Então, respondeu a Frei Leão:
Que maldade! Pois traga-me esse homem e eu falarei com ele. Dir-lhe-ei como se deve tratar os animais.
Frei leão docemente, esclareceu:
Pai Francisco, é você o dono do jumentinho. Seu corpo é o jumentinho que o leva a todo lugar e não está sendo bem tratado.
Embora hierarquicamente ele fosse o superior, o líder de todo o grupo, humildemente, respondeu Francisco:
Verdade, Frei Leão? Eu faço isso com meu corpo? Trato-o tão mal assim?
E, ante a afirmação do companheiro, Francisco ali mesmo se ajoelhou e orou:
Meu doce jumentinho, me perdoe. Nem percebi que estava a tratar tão mal a você, de quem dependo para realizar minha obra.
Perdoe-me. Terei mais cuidado, daqui em diante.
* * *
A narrativa nos leva a nos perguntarmos: Estamos tratando bem nosso corpo?
Tem sido adequada a alimentação? Temos lhe permitido o repouso devido e temos atendido às suas dores?
Pensemos nisso: nosso doce jumentinho é nosso instrumento de trabalho na Terra. Amemo-lo. Atendamo-lo.

Redação do Momento Espírita.
Em 04.10.2010.

Coragem de amar

Será que, para amar, é necessário ter coragem? A pergunta, a princípio, parece sem propósito. Afinal, é tão natural amarmos aos nossos filhos, ao companheiro, à esposa, que longe está a necessidade de se ter coragem para isso.
Porém, e se mudarmos a pergunta: Para aprender a amar, é necessário ter coragem? Será que precisamos de coragem para aprender a amar aqueles que ainda não amamos?
Conta-se que Madre Teresa de Calcutá, ao abandonar o convento, onde atuava como professora de jovens de famílias ricas, levou consigo apenas o hábito e as sandálias de religiosa, deixando tudo para trás.
Ao final de sua existência, tinha mais de 400 casas erguidas pelo mundo em nome do seu amor ao próximo, entre asilos, orfanatos, hospitais, escolas.
Certa feita, ao ser homenageada em uma solenidade, um dos convidados interpelou-a dizendo não saber como ela dispunha de coragem para fazer tudo o que fazia. E ela, tranquilamente, respondeu que não entendia como tantas cabeças coroadas tinham coragem de não fazer nada, frente a tanta miséria no mundo.
Albert Schweitzer era um jovem músico, consagrado nas mais famosas salas de concerto europeias, quando decidiu abandonar a carreira musical e cursar medicina.
Sonhava ele ajudar o próximo e elegeu a carreira médica como ferramenta de auxílio.
Deixou o conforto da fama e do reconhecimento ao seu talento musical para começar uma nova vida. Ao se formar, foi trabalhar no coração da África, numa região isolada e sem recursos.
Ao final de sua existência, havia sido reconhecido com um prêmio Nobel da Paz e, em uma região onde nada havia, construiu um hospital que se expandira para mais de 70 prédios, com 500 leitos para internamento.
Não são poucos os exemplos que encontramos de pessoas que, com coragem, optam por amar àqueles que ainda não amam.
Jesus nos alerta que amar àqueles que nos são caros, até os maus o fazem. Porém é necessário ir além. É necessário aprender a amar àqueles que ainda temos dificuldades em amar, que ainda não aprendemos a amar.
Para esses, é necessário armar-se de coragem. Pois o amor ao próximo exige dedicação, esquecimento do orgulho, da vaidade, da presunção.
Podemos não ter a estrutura moral ou a coragem de Madre Teresa e de Albert Schweitzer, que deixaram marcas permanentes na História da Humanidade.
Mas já podemos deixar marcada a nossa presença, se nos decidirmos a amar ao próximo.
Podemos começar com o parente difícil, sempre disposto a fazer comentários e insinuações maldosas. Ou ainda com aquele vizinho sempre pronto a uma nova provocação.
Outras tantas vezes, aprender a amar pode vir através da paciência que desenvolvemos diante das limitações de quem ainda não tem as mesmas capacidades que nós.
Ou que se mostra arrogante e pretensioso, com falsas capacidades que não possui.
Não há verdadeiramente um dia em nossa vida, onde não surja a oportunidade de aprender a amar.
Aprendamos com Jesus, Mestre Maior de todos nós, que não devemos nos contentar com o amor na intimidade do lar ou no relacionamento a dois.
Que possamos, a cada dia, armarmo-nos de coragem e exercitar o sentimento do amor ao próximo, na oportunidade que a vida nos oferecer.

Redação do Momento Espírita.
Em 01.10.2010.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Falta de tempo

Mesmo sabendo que os dias e as horas são feitas dos mesmos segundos, desde sempre, você já teve a sensação que os dias parecem mais curtos?
Já escutou de alguém a reclamação de que falta tempo, de que não se consegue fazer tudo o que é necessário? Sempre a sensação de que os natais estão mais próximos, que os aniversários se repetem mais rapidamente e que tudo passa muito rápido?
Ocupamos, de tal forma, o tempo que o tornamos escasso, sempre a nos faltar, sempre a necessitarmos mais.
Há aqueles que afirmam que precisariam de um dia com 25 horas. E se isso acontecesse, a próxima sensação seria de que não é suficiente, e mais uma hora solicitariam para fazer todas as coisas que se propuseram no dia.
Como essa vontade de que o dia se estenda, que ganhe mais horas, que se adapte às nossas necessidades, é utópica, ficamos com uma certeza: teremos sempre o mesmo tempo e as mesmas horas do dia.
Se não conseguimos fazer tudo o que gostaríamos ao longo do dia, do mês, é porque, possivelmente, nos tenhamos proposto a fazer coisas em demasia, no tempo de que dispomos.
Se não fizemos tudo o que pensávamos, fizemos aquilo que escolhemos fazer, aquilo que priorizamos.
E a mágica do tempo é exatamente esta: prioridade. Tudo o que não conseguimos fazer, é justamente porque não priorizamos, porque atribuímos menos importância, valor ou necessidade.
O tempo é feito de prioridades. E, se nos sentimos insatisfeitos com a forma com que temos empregado nosso tempo, é hora de rever as prioridades.
Na Terra, nossa vida tem um tempo para começar e um tempo para acabar. Ela é finita.
Nossa alma é imortal e continuará a viver após a morte do corpo físico, mas o tempo que temos nesta existência é finito.
Assim, vale a pena refletir em como e em que o temos empregado.
Lembrando o ensino de Jesus de que onde estiver nosso tesouro aí estará nosso coração, podemos entender que priorizaremos o tempo, baseando-nos nas coisas e nos valores que trazemos na alma.
Assim, vale pesar em nossas escolhas, para bem usar o tempo, o entendimento de que estamos na Terra para experienciar e aprender as coisas e as Leis de Deus.
Se é importante empregar o tempo no trabalho digno, no amealhar o dinheiro para o conforto que o mundo pode proporcionar, também devemos empregá-lo para as coisas que não se contabilizam nos valores da Terra.
Então, não deixemos de investir nas coisas da alma e do coração.
Guardemos horas preciosas da semana para uma leitura sadia, para o convívio com a família, para uma atividade de voluntariado, para auxiliar o próximo.
Priorizemos um tempo para olhar nos olhos do nosso filho e ler o que lhe passa na alma, para namorar quem amamos, seja esse amor de alguns meses ou de algumas décadas. Ou para visitar alguém em dificuldade.
Somente poderemos dizer que não dispomos de tempo para todas essas atividades, se elas não forem eleitas como nossas prioridades.
Pensemos nisto: ao concluir o tempo de mais esta existência terrena, inevitavelmente, cada um de nós responderá em como e em que utilizou o precioso tempo.

Redação do Momento Espírita. Em 03.09.2010.

Glórias e insucessos

Na Terra, ninguém se encontra em clima de privilégio.
Triunfos, fortuna e saúde não significam concessões de que se pode usufruir sem o ônus da responsabilidade.
Tudo o de que se dispõe na esfera material representa um empréstimo de Deus.
O homem é um simples mordomo, que terá de dar contas de como usou o que lhe veio às mãos.
Poder, riqueza e beleza são pesados testes, face às ilusões que podem provocar.
Mas também representam a Misericórdia Divina a se movimentar em favor de todos.
Esses recursos tão precários podem ser fonte de enorme bem ao seu detentor e à coletividade, se bem empregados.
No devido tempo, cada um é chamado a desempenhar o encargo da abastança e responde pelo que faz.
O encargo costuma ser pesado, pelo condão que possui de suscitar inveja, servilismo e falsidade em torno de quem o desempenha.
Sem falar na vaidade e no orgulho que podem surgir naquele que se imagina especial por dispor momentaneamente de algumas posses.
Contudo, por dourada que pareça determinada situação, ela fatalmente passa e sempre chega o momento em que a vida física se extingue.
Somente perdura o que se fez das posses, o quanto se armazenou em bênçãos, o que se dividiu em nome do amor.
De outro lado, ninguém transita no mundo em estado de desgraça.
Solidão, pobreza, doença e limitações constituem provas redentoras.
Os excelsos condutores da vida planetária delas se utilizam para educar os Espíritos ainda necessitados de transes dolorosos.
Os que se fizeram egoístas, quando ricos, precisam vislumbrar o reverso da medalha.
Os criminosos, os defraudadores da paz alheia, todos sentem necessidade de educar o próprio íntimo, mediante experiências retificadoras.
A desgraça real é sempre o mal que se faz, nunca o que se recebe.
Insucesso social, prejuízo econômico e fatalidades são terapêuticas enérgicas da vida.
Por meio delas, são erradicados cânceres morais de que é portador o Espírito imortal.
A solidão sempre termina por se extinguir, na figura de novas pessoas que chegam.
O abandono, cedo ou tarde, desaparece e a limitação física ou intelectual invariavelmente cessa.
A pobreza também não dura muito, considerando-se a eternidade da vida que jamais se esgota.
Sob a luz do Evangelho, êxitos e fracassos costumam se apresentar em sentido oposto à interpretação humana.
* * *
Jesus foi pobre, conviveu com pecadores, exerceu trabalho humilde, foi perseguido e assassinado pelos detentores do poder transitório.
Mas ressurgiu sumamente glorioso, logo após cessar a experiência carnal que viveu por amor a todos.
Tome-O por Modelo e não se perturbe nunca.
Na glória ou na desdita, permaneça em paz interior e persevere no amor.
Ao final, quando tudo o mais tiver terminado, sua dignidade, a converter-se em luz, será o seu tesouro.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XLV do livro Leis morais da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.Em 09.09.2010.

Uma palavra amiga

Ele é um australiano de 82 anos. Seu instrumento de trabalho mais precioso é um binóculo.
Com isso e mais uma conversa amiga, ele já conseguiu salvar das garras do suicídio nada menos de quatro centenas de pessoas.
Ao realizar seu salvamento de número 401, foi entrevistado pela BBC Brasil, narrando a sua atividade.
Corretor de seguros de vida aposentado, há cinco décadas ele monitora, de forma voluntária, o movimento no penhasco The Gap, perto de sua casa, nos arredores de Sidney, capital australiana.
A média anual de suicídios no penhasco é de cincoenta pessoas. E Donald Ritchie, que já recebeu o apelido de anjo da guarda, fica atento. Basicamente, o trabalho é de observação.
Sempre que vê alguém por ali, muito pensativo, ou ultrapassando as cordas postas no lugar, vai em direção à pessoa e puxa conversa.
Não é raro que a convide para um café, em sua casa. É um dos seus métodos preferidos.
E com o café, oferece um sorriso, uma palavra amável, uma conversa amiga. Conforme ele narra, muitas vezes consegue fazer com que a pessoa mude de ideia.
Por toda essa dedicação, Ritchie tem recebido muitas manifestações de agradecimento e carinho. Em sua porta, já foram deixadas cartas, pinturas e outros mimos.
Naturalmente, ele não consegue ter êxito total, mas a contabilização de 401 pessoas salvas, graças à sua atuação, é uma significativa marca.
À semelhança desse australiano aposentado, quantos de nós podemos realizar benefícios, sem ir muito longe de nossa própria casa, do nosso bairro.
Tantas vezes idealizamos ser missionários em longínquas terras, em prestar serviços nessa ou naquela entidade internacional.
E, contudo, bem próximo de nós, há tanto a se fazer. Tantas questões nos requerem a ação.
Bom, portanto, nos perguntarmos o que será que podemos fazer que ainda não foi feito e tem urgência de ser realizado, em nosso quarteirão, em nosso bairro, em nossa cidade.
Não são poucos os exemplos que temos. Estudantes, donas de casa, profissionais diversos que se dedicam em horas que lhes deveriam ser de lazer, a servir ao próximo.
Jovens que buscam comunidades carentes para oferecer aulas de reforço escolar. Ou praticar esportes com as crianças, retirando-as das ruas.
Donas de casa que se organizam em equipes para atender a pessoas do bairro, que enfrentam enfermidades longas, sem família por perto.
Ou mães que trabalham fora do lar e têm necessidade de quem lhes atenda os filhos por algumas horas, no retorno da escola.
Um detalhe aqui, outro ali. Quantas benesses!
Alguns salvam vidas como Donald Ritchie. Outros podemos salvar criaturas do analfabetismo, nos transformando em pontes entre o iletrado e a escola.
Ou retirar do desespero um solitário que apenas espera que alguém se disponha a ouvi-lo.
Pensemos nisso e nos disponhamos a ofertar a nossa palavra amável, a mão amiga, a presença atuante.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Contra o suicídio, uma palavra amiga, do boletim Serviço espírita de informações, nº 2182, de 15.06.2010, editado pelo Conselho Espírita Internacional.
Em 10.09.2010.

As agruras da vida

Segundo a Espiritualidade Superior, as agruras da vida terrena constituem provas ou expiações.
As expiações originam-se de erros cometidos.
Por ser possuidor de determinado vício, o Espírito violou a Lei Divina.
Por exemplo, em decorrência da gula, prejudicou a harmonia de seu corpo em anterior existência.
Viveu menos do que deveria e deixou de cumprir sua programação espiritual.
A expiação representa a soma de dores necessária para o Espírito se desgostar do vício que o acomete.
Ela se origina do erro, mas visa o progresso.
Persiste até que a lição seja aprendida e o faltoso canse de sua fissura moral e se arrependa.
Ela é um remédio forte na medida exata do mal a ser combatido.
Já as provas são literalmente testes aos quais o ser se submete para alcançar vivências mais sublimes.
Embora ser provado sempre envolva esforço e sacrifício, trata-se de algo positivo.
Raciocine-se com base no vestibular de acesso às faculdades.
Os alunos se inscrevem, pagam uma taxa por isso, estudam por longo tempo e, finalmente, se submetem ao exame.
Evidentemente, no tempo em que estão demonstrando seus conhecimentos, permanecem sob tensão.
Mas o vestibular representa uma fase necessária para que atinjam seu objetivo.
Trata-se da porta de acesso a uma situação com a qual sonham.
Se tiverem sucesso no vestibular, poderão fazer o curso escolhido e, mais tarde, desempenhar a profissão almejada.
Seguramente nenhum deles se sente injustiçado nas horas que passa a realizar seus exames.
Eles se candidataram e aquele evento tem um propósito sério em suas vidas.
O mesmo ocorre com as provas da vida material.
Antes de reencarnar, os Espíritos escolhem as provas a que se submeterão.
Preparam-se por longo tempo, estudam, tomam sábias resoluções.
Contam com o auxílio e a instrução de seres mais evoluídos, aos quais prometem todo o empenho para vencer os naturais obstáculos da jornada.
Após o renascimento, lentamente as provas se apresentam àquele que se candidatou a vivenciá-las.
Para quem deseja consolidar a virtude da paciência, tais provas vêm na figura de pessoas difíceis com as quais têm de conviver.
O que almeja exercitar a frugalidade e a humildade renasce em um contexto social muito humilde.
Há os que se propõem a vivenciar enfermidades, os que querem exercitar a tolerância ou o desprendimento.
Para cada um, as experiências surgem no devido tempo.
Bem se vê que na Terra ninguém deve reclamar de nada.
As expiações constituem remédio para velhos males morais, que só trazem transtornos.
As provas representam uma oportunidade de consolidação de virtudes, com vistas a um porvir melhor.
O papel de quem as vive é fazer o seu melhor e confiar em Deus.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.Em 15.09.2010.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Teresa de Calcutá,Chico do Brasil...

Com este título, lemos excelente artigo que nos remeteu a recordações do grande papel desempenhado, no mundo, por Madre Teresa de Calcutá e o médium mineiro Francisco Cândido Xavier.

Ambos nasceram no ano de 1910. Ela, Teresa, na Albânia. Ele, Chico, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.

Ela, católica. Ele, espírita. No entanto, portavam-se um e outro como verdadeiros integrantes da família universal.

Tinham muito mais em comum do que apenas o ano de nascimento.

Seu mestre era o mesmo, Jesus. Tinham o mesmo sobrenome, amor. Nasceram com o mesmo objetivo, servir. Ela foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz. Ele viveu pacificamente toda a vida.

Teresa de Calcutá viveu para os menos favorecidos. Queria ser pobre. Nunca conseguiu.

Seu coração transbordava riquezas: a nobreza da generosidade, as pérolas da fraternidade, os diamantes da solidariedade.

Ela dizia, em toda a sua simplicidade, que a felicidade humana é impossível de ser mensurada.

Como controlar em planilhas estatísticas a felicidade de um faminto que encontra o alimento?

Ela tinha razão. Impossível mensurar a felicidade humana. Por isso, trabalhava sem estatísticas, mas em prol da felicidade e dignidade de seus irmãos de caminhada.

Chico Xavier, do Brasil, o mineiro do século, também queria ser pobre, sem sucesso.

Doou os direitos autorais de seus mais de quatrocentos livros psicografados, que venderam e continuam a vender milhares de exemplares em todo o mundo.

Poderia ter tido polpuda conta bancária. Preferiu a simplicidade. Mas, nunca foi pobre. Sua vida foi repleta de amigos dos dois planos da vida.

Chico era e será, onde estiver, um milionário, um magnata das letras, um ícone da humildade, um pobre das moedas, mas rico de amor...

Narram que quem se aproximava de Madre Teresa de Calcutá não conseguia conter a emoção, devido à irradiação de sua serenidade e sua intensa energia espiritual.

Aqueles que conviveram com Chico afirmam que sua presença iluminava, acalmava, tranquilizava.

Chico e Teresa. Teresa e Chico. Parece que falamos de amigos: Olá, Teresa! Bom dia, Chico!

Mesmo os que não os conhecemos pessoalmente os sentimos como amigos.

Falar de suas conquistas, realizações e aventuras é como falar a respeito de amigos, porque entre amigos não há barreiras, inquietações, constrangimentos.

Teresa e Chico eram amigos do mundo, dos ricos, dos pobres, dos brasileiros, indianos, nigerianos, amigos de todos...

Teresa, de Calcutá e Chico, do Brasil deixaram marcas inesquecíveis e indeléveis. Ambos praticavam o amor.

O convite que nos deixaram é de, dentro de nossas possibilidades, vivermos como eles, servindo e amando para a construção de um mundo mais justo e fraterno.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita com base no artigo Teresa de
Calcutá, Chico do Brasil, de autoria de Wellington Balbo,
de Bauru/SP, publicado na Revista Espírita bimestral
da Comunhão Espírita Cristã de Lisboa,
Portugal, de maio/junho/2009.
Em 03.08.2009.

Oração de Francisco de Assis

Você já ouviu falar na Oração de Francisco de Assis?

Sim, é aquela prece belíssima, que fala de paz, de amor, perdão, esperança, alegria e fé.

Na rogativa, São Francisco demonstra sua grandeza d’alma e sua verdadeira humildade.

Nós, que tanto temos buscado auxílio para vencer as dificuldades que nos rodeiam, talvez pudéssemos encontrar, em suas palavras, um roteiro de auto-ajuda.

Desejando tornar-se útil a si mesmo e aos semelhantes, diz ele:/

“Senhor, faze de mim um instrumento da Tua paz”.

Quanto a nós, seria interessante que indagássemos com frequência: “Sou um instrumento da paz?”

Onde estou, as pessoas se sentem mais tranqüilas, mais animadas, mais felizes?

Ou será que a paz se despede no exato momento em que vou chegando?

Ele continua:”Onde houver ódio, que eu semeie o amor”.

Mahatma Gandhi dizia que alguém que atingiu a plenitude do amor, é capaz de neutralizar o ódio de milhões.

Ele próprio foi o exemplo vivo dessa realidade, pois em nome do amor e da não-violência conseguiu que a Índia se libertasse do jugo inglês, sem derramamento de sangue.

Além de não fazer guerra, Ghandhi, com sua filosofia pacifista, fez com que fossem superados os ressentimentos seculares dos indianos por seus dominadores.

E nós? Temos semeado o amor, onde haja o ódio?



Certa feita, um funcionário de uma grande empresa estava furioso com o gerente que vivia a transferi-lo de setor. Certamente agia assim para pressioná-lo a se demitir.

Cogitava disso quando um colega, semeador da paz, o desarmou falando-lhe com firmeza:

“Você está enganado quanto ao nosso chefe, meu amigo. Ele o admira muito, sabe que é eficiente e digno de confiança. Por isso o tem encaminhado para os setores onde há problemas, consciente de que você sabe resolvê-los.”

Com sua intervenção benéfica, o companheiro passou a ver as iniciativas do gerente com simpatia, dedicando-se ao trabalho com mais vontade e alegria.

O Santo de Assis roga com o coração aberto: “Onde houver injúria que eu semeie o perdão”.

E se alguém nos fala em vingança, com o coração cheio de mágoa, qual é a nossa orientação?

Dizemos que a mágoa é como um espinho cravado no peito, que machuca, dói, incomoda... Orientamos que perdoe para libertar-se? Ou cravamos em seu peito alguns espinhos a mais?

“Onde houver dúvida que eu semeie a fé.”

“Esperança, onde houver desespero.”

“Luz, onde haja escuridão.”

“Alegria, onde haja tristeza.”

Ele termina com as afirmações: “É dando que se recebe; perdoando que somos perdoados; e é morrendo que nascemos para a vida eterna.”

Na proposta final, Francisco de Assis refere-se à superação do eu egoístico que nos domina; à eliminação dos interesses pessoais para o nascimento do legítimo cristão, liberto de impurezas e imperfeições.



* * *



Pense nisso!



Quando o Santo de Assis diz que é morrendo que nascemos para a vida eterna podemos entender que, após superadas as reencarnações expiatórias, teremos a existência em plenitude nos planos mais altos do Infinito, onde habitam os puros espíritos e onde não há acesso para a morte.

Pensemos nisso!





Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no artigo Auto-ajuda, de Richard Simonetti, publicado na Revista Reformador, junho.1997, ed. FEB.

Fugas

Uma característica muito comum, notada nos seres humanos, é a tentativa de fuga.

Muitos de nós, quando nos sentimos pressionados por circunstâncias adversas, temos a tendência natural de fugir.

Às vezes, quando se apresenta uma situação para a qual não vemos saída, gostaríamos que o chão se abrisse sob nossos pés e nos tragasse em definitivo. Mas, como isso não ocorre, tentamos fugir de várias outras formas.

Para alguns a saída é afogar as mágoas num copo de bebida. Afinal, pensamos, o álcool perturba o psiquismo e tira da mente, temporariamente, a preocupação que nos faz sofrer.

Outros fumam um cigarro após outro, numa tentativa frenética de libertar-se das idéias perturbadoras, como querendo cobri-las com a fumaça abundante.

Outros, ainda, buscam as drogas mais pesadas, capazes de anestesiar a mente e desviar o curso dos pensamentos por alguns instantes.

Alguns vão às compras tentando distrair-se. Compram, e compram mais, como se ocupando a mente com outras coisas pudessem livrar-se dos problemas.

Outros viajam, vão para bem longe, buscando na distância física a tentativa de esquecimento de seus problemas.

Muitos, infelizmente, buscam a porta falsa do suicídio, como medida mais drástica, com intuito de apagarem a mente de vez por todas, para que nunca mais possam cogitar das amarguras.

Se buscarmos raciocinar logicamente sobre o assunto, considerando a imortalidade da alma, chegaremos à conclusão de que a fuga dos problemas, é, no mínimo, infantilidade da nossa parte.

Jamais tivemos notícia de alguém que, tendo se utilizado de um desses artifícios, tenha logrado êxito, conseguindo que os problemas se diluíssem.

Nem o álcool, nem o cigarro, nem as viagens, nem as compras, e tampouco o suicídio conseguem nos livrar das circunstâncias desagradáveis que necessitamos enfrentar de cara limpa e consciência lúcida.

O que pode acontecer em tais casos, é o agravamento da situação, com o nosso comportamento inconseqüente.

A melhor e mais acertada atitude, é buscar asserenar a mente para bem raciocinar e melhor agir na busca de soluções efetivas.

Quando nos comportamos como crianças rebeldes só teremos, logo mais, os problemas aguardando a solução, e mais o agravamento provocado pela nossa rebeldia.

Dessa forma, sejamos cristãos também nas horas do testemunho. Busquemos imitar o Mestre que dizemos seguir, pois Ele, mesmo sofrendo açoites e injúrias, manteve o olhar sereno e a mansuetude nos gestos, demonstrando sabedoria e lucidez diante das situações mais graves.

Nos momentos de tormentos, diante de problemas sérios, quando nos venha o impulso para a fuga, detenhamo-nos por alguns instantes.

Elevemos o pensamento, buscando Jesus nas paragens celestiais e aconcheguemo-nos no Seu abraço afetuoso, junto ao Seu coração magnânimo.

Se a nossa confiança é ainda vacilante, peçamos ajuda ao Irmão Maior, que disse para que tomássemos o Seu fardo que é leve e que experimentássemos o Seu jugo que é suave.

Agindo assim, ainda que não logremos a solução imediata dos nossos problemas, teremos uma certeza: não os estaremos agravando ainda mais.

* * *

Espera pelo amanhã, quando o teu dia se te apresente sombrio e apavorante.

Aguarda um pouco mais, quando tudo te empurrar ao desespero.

Confia. Pois a Divindade possui soluções que desconheces para todos os enigmas da vida.

Ama a vida e vive com amor, apesar de às vezes te sentires incompreendido, desiludido e martirizado...

Ouve a voz suave do Meigo Nazareno a dizer: Nunca estarás a sós.

Redação do Momento Espírita.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 1, ed. Fep.
Em 31.12.2008.

O Pai

O livro dos Espíritos, publicado em 1857, em sua primeira pergunta, traz à baila a questão acerca de que é Deus?

Verdade que, até então, as doutrinas sempre haviam indagado acerca de quem era Deus, entendendo-O como uma personalidade, um personagem.

A resposta é sucinta e inquestionável: Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

Através dos tempos, muitas têm sido as definições sobre Deus.

O Apóstolo João, evangelista, teve oportunidade de afirmar que Deus é amor.

Contudo, ninguém melhor do que Jesus O traduziu para nós. Ele nô-Lo apresenta como nosso Pai. Assim, Deus não é o injusto e parcial que escolheu somente um povo para proteger contra todos os demais. É o Deus do Universo.

Acima dos preconceitos da Sua época, Jesus demonstra a universal paternidade de Deus. Reserva para Ele um nome doce: Pai.

E O chama meu Pai e vosso Pai.

Ao pregar Sua moral, frisa: Sede perfeitos como perfeito é vosso Pai, que está nos céus.

Descreve-O como o Deus misericordioso que faz crescer a erva do campo, vestindo-a com maior pompa do que as vestimentas do grande rei Salomão.

O Pai que ama a Seus filhos e que por eles vela. Que providencia alimento para as aves do céu, que não semeiam, nem aram.

Ao lecionar-nos a forma de orar, afirmou: Quando orardes, entrai em vosso quarto, e, fechada a porta, em segredo, orai a vosso Pai, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos dará a recompensa.

E Ele mesmo iniciou a oração com os vocábulos: Pai nosso...

Referindo-Se à revelação mediúnica do apóstolo Pedro acerca da Sua identidade como o Cristo, Filho do Deus vivo, diz: Bem-aventurado és, Simão, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.

Para nos dar a ideia da grandeza do Pai, preconizou: Ninguém conhece o Pai, senão o filho, Ele mesmo, Jesus.

Quando falou das bênçãos do trabalho, mostrou-nos Deus como o trabalhador incansável que labora sempre a favor dos Seus filhos: Meu Pai trabalha até hoje, e eu trabalho também.

Dando testemunho de que era Enviado da Divindade, diz: Não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. As obras que eu faço dão testemunho de mim, de que o Pai me enviou.

Ao despedir-Se na ceia pascal, afirma aos discípulos: Eis que vou para meu Pai. E dirigindo-Se aos céus, ora: Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós.

Enfim, Jesus, com Sua revelação de Deus aos homens, funda a consolação suprema, demonstra o apoio que cada um tem no Pai nos céus. Finalmente, que ninguém está só, pois o Pai está sempre com cada um dos Seus filhos.

* * *

Em muitos momentos de Sua vida, Jesus falou que viera para fazer a vontade de Seu Pai, não a Sua.

Encontramos nos apontamentos de João: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e cumprir a sua obra.

No Jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, antevendo Seus padecimentos, dá-nos a lição de como nos devemos portar perante as nossas dores.

Ele assim se expressa: Não se faça a minha vontade, mas a Tua.

Redação do Momento Espírita, com citações do cap. IV,
versículo 34 e cap. XV do Evangelho de João e do
capítulo XXII, versículo 42 do Evangelho de Lucas.
Em 15.09.2009.

Um pai exemplar

Divaldo Pereira Franco fundou e mantém uma instituição espírita intitulada Mansão do Caminho, na cidade de Salvador, Bahia.
Ele já criou e educou centenas de filhos adotivos, crianças abandonadas nas ruas por seus pais biológicos ou que eram vítimas da orfandade.
Muitos casos lindos sua história já registrou. E dentre tantas há a de um garotinho singular.
Desde a mais tenra idade, ele mostrou uma característica bem marcante: o instinto assassino.
Ele queria matar alguém. Sempre que o contrariavam, ele fazia, com as próprias mãos, facas dos mais variados tipos e com os mais diferentes materiais.
Vez que outra uma das “tias” responsável pelas crianças entrava desesperada no escritório de Divaldo com o menino em seu encalço.
Vim lhe pedir socorro, pois o garoto já fez outra arma e quer matar alguém.
Divaldo deixava o serviço por um instante e chamava carinhosamente o menino. Colocava-o em seu colo e lhe perguntava: filho, o que aconteceu desta vez?
E o menino falava com respiração alterada e lágrimas escorrendo pelas faces: é que estou com muita raiva, e quero matar aquele moleque.
Divaldo, usando de muita psicologia, dizia calmamente ao filho: então, vamos fazer um trato. Eu vou ajudar você, mas por enquanto deixe a arma comigo e depois que eu terminar o serviço, nós iremos.
O garoto aceitava a proposta, embora sempre contrariado. E muitas foram as vezes que ele entrou esbaforido no escritório pedindo uma de suas armas, urgente, para matar alguém.
Essas cenas se repetiram muitas e muitas vezes durante a infância e adolescência daquele filho rebelde. Divaldo colecionou dezenas de facas, punhais e outras armas.
Um dia, Divaldo perguntou a ele porque desejava tanto matar alguém, e ele respondeu: é porque tenho muita vontade de sentir o sangue quente escorrendo pela minha mão.
Quando o rapaz completou 18 anos, pediu ao pai para deixar a instituição e partir em busca de outros caminhos.
Divaldo o chamou em particular e lhe fez uma pergunta: meu filho, você ainda sente vontade de matar alguém?
O jovem abaixou a cabeça e respondeu, muito constrangido: sim, eu ainda sinto.
Divaldo colocou delicadamente a mão sob seu queixo, levantando-lhe o rosto e, olhando-o nos olhos, disse-lhe com voz de tristeza:
Filho, eu quero que você me prometa uma coisa:
Se um dia você decidir matar alguém, peço-lhe que volte aqui e mate-me primeiro, porque fui eu que falhei na sua educação.
Aquelas palavras caíram como uma bomba no coração do jovem. Dias depois eles se despediram, num longo e afetuoso abraço.
Os anos se passaram e um dia o orador estava numa cidade no interior de São Paulo para receber o título de cidadão honorário, quando alguém o aborda e lhe diz que na sala anexa ao salão onde se realizaria a cerimônia, havia um artista plástico, famoso na localidade, que queira lhe oferecer um quadro.
Divaldo se dirigiu para o local e percebeu um homem jovem, de costas, que guardava um quadro coberto com um pano branco.
Aproximou-se e disse: olá!
O moço se voltou e Divaldo quase desmaiou de emoção. Era seu filho adotivo. O menino das mil e uma facas.
Um abraço saudoso e demorado, e depois a surpresa. O artista descobre o quadro e lá estava estampado o seu pai do coração.
Aquele pai que, com amor e dedicação, conseguira transformar um instinto assassino numa poderosa força a serviço da arte, do bom e do belo.
Não é à toa que Divaldo pereira franco é reconhecido conferencista espírita em mais de 50 países nos vários continentes, com mais de 200 livros publicados e muitos títulos traduzidos para várias línguas.
E a Mansão do Caminho, em Salvador, atende hoje mais de duas mil crianças e suas famílias socialmente carentes, com escola, saúde, alimentação, orientação moral, e em pleno funcionamento o lar para órfãos.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em fatos reais narrados pelo próprio Divaldo em uma de suas conferências.

Uma ocasião especial

Era com muita dor que aquele homem retirava do armário um frasco de perfume francês, com o qual presenteara sua esposa, quando da sua última viagem ao Exterior.

Isto, disse ele, é uma das coisas que ela estava guardando para uma ocasião especial.

Bem, acho que agora é a ocasião, falou, demonstrando profunda amargura.

Segurou o frasco com carinho e o colocou na cama, junto com os demais objetos que havia separado para levar à funerária.

Olhou consternado para os pertences guardados, fechou a porta do armário, virou-se para os demais familiares que estavam com ele e disse-lhes com voz embargada:

Nunca guardem nada para uma ocasião especial, já que podemos criar a cada dia uma ocasião muito especial.

* * *

Independente do valor e do significado dos objetos, muitos de nós temos os nossos guardados para ocasiões especiais.

São as peças presenteadas por ocasião do casamento, roupas adquiridas para esse fim, salões reservados para essas circunstâncias.

Alguns de nós chegamos a ficar neuróticos só de pensar em deixar os filhos brincar na sala de visitas, pois temos que preservá-la intacta para uma ocasião especial, para receber visitas especiais, como se eles não o fossem.

São todas essas coisas que perdem totalmente o valor quando a ocasião especial é a do funeral de um ente querido.

Um filho que se vai, sem que o tenhamos deixado tomar café naquela xícara rara que herdamos da nossa tataravó.

O esposo que se despede sem poder contemplar a esposa vestindo a lingerie nova que lhe deu de presente, no último aniversário de casamento.

No campo dos sentimentos também costumamos fazer as nossas economias para ocasiões especiais.

É aquela frase mágica que estamos guardando para dizer num dia muito especial...

Uma declaração de amor que estamos preparando para dizer quando as circunstâncias forem propícias...

Um gesto de carinho que evitamos hoje, por julgar que a pessoa ainda não está preparada para receber.

Um pedido de perdão que estamos adiando para um dia que nunca chega...

A carta a um amigo que não vemos há tempos, pedindo notícias.

A conversa amistosa com alguém que nos considera um inimigo, a fim de esclarecer dúvidas e resolver pendências, enquanto estamos a caminho, como aconselhou Jesus.

Enfim, pensemos que cada dia é um dia especial.

Cada hora é uma hora muito especial...

Cada segundo, é um tempo especial para se criar uma ocasião perfeita e fazer tudo o que deve ser feito.

Não vale a pena economizar as coisas boas. É preciso viver intensamente cada fração de tempo que Deus nos permite estar em contato com as pessoas que nos rodeiam.

* * *

As palavras de carinho que deixamos de dizer...

As promessas que deixamos de cumprir...

As flores que deixamos de enviar...

A mensagem de esperança que não espalhamos...

De tudo isso poderemos nos arrepender amargamente quando, numa ocasião especial, estivermos partindo deste mundo.

Redação do Momento Espírita, com
base em texto de autoria ignorada.
Em 07.06.2010.

Agindo com bom senso

Como você costuma buscar a solução para os problemas que surgem na sua vida?

Talvez esta pergunta pareça tola, mas o assunto é de extrema importância quando desejamos corrigir o passo e evitar novos tropeços.

O que geralmente acontece, quando desejamos resolver algum problema, é fazer exatamente o caminho mais difícil.

No entanto, como o sucesso da ação depende do meio utilizado ou da estratégia criada para a solução, vale a pena pensar um pouco sobre nossa forma de agir.

Por vezes, nos movimentamos freneticamente para um lado e para o outro, e esquecemos de que movimentos desordenados não nos levarão a lugar nenhum.

Movimentar-se nem sempre significa agir com discernimento.

Comumente confundimos a urgência com a pressa, e atropelamos as coisas.

A situação pode exigir atitudes urgentes, o que não significa apressadas.

Quando agimos apressadamente, sem fazer uso da razão, é mais fácil o equívoco. Quando agimos sob o domínio da emoção, o resultado é quase sempre desastroso.

A emoção não é boa conselheira, quando se trata de resolver questões urgentes.

Um exemplo pode tornar mais fácil a nossa compreensão.

Se uma cobra venenosa nos morde e inocula seu veneno em nosso corpo, o que fazer?

Uns saem correndo atrás da víbora para matá-la, e acabar de vez com o problema, numa atitude insana de vingança.

Seria essa a decisão acertada?

A movimentação só faria o veneno se espalhar rapidamente pela corrente sanguínea, piorando as coisas.

No entanto, a ação mais eficaz seria buscar ajuda o mais breve possível, para evitar danos maiores.

Mas nem sempre a ira nos permite agir sensatamente.

Se uma pessoa nos ofende ou nos contraria frontalmente, geralmente revidamos ou mantemos o efeito do veneno durante dias, meses ou anos...

Ressentimento quer dizer sentir e voltar a sentir muitas vezes.

Quando isso acontece, a mágoa vai se tornando cada vez mais viva e mais intensa.

A ação mais acertada, neste caso, não seria tratar de eliminar o veneno de nossa intimidade?

Para tomar decisões lúcidas, é preciso fazer uso da razão, e não se deixar levar pela emoção.

Quando a emoção governa nossas ações, geralmente o arrependimento surge logo em seguida.

Assim sendo, é importante pensar bem antes de agir para evitar que, em vez de solucionar os problemas, os compliquemos ainda mais.

Se, num momento crítico, a emoção nos tomar de assalto, é melhor sair de cena por alguns instantes, ou deixar que os ânimos se acalmem, antes de qualquer atitude.

Quando agimos com calma, fazendo uso da razão, é mais fácil encontrar soluções definitivas, em vez de piorar as coisas.

* * *

Lembre-se de que, em vez de correr atrás da cobra que nos mordeu, é mais racional buscar a solução do problema.

Quando você estiver às voltas com um problema qualquer, lembre-se de que a solução ou a complicação dependerá da sua ação.

Por isso, busque tomar a decisão mais favorável à resolução.

Lembre-se, ainda, de que a pressa nem sempre é boa conselheira e procure agir com sabedoria, que é sinal de bom senso.

Redação do Momento Espírita
Em 19.01.2009.

Acreditar e agir

Um viajante caminhava pelas margens de um grande lago de águas cristalinas e imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino.

Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de um homem de cabelos brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para transportá-lo. Era um barqueiro.

O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido de dois remos de madeira de carvalho.

O viajante olhou detidamente e percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras.

Num dos remos estava entalhada a palavra acreditar e no outro, agir.

Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos.

O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda força.

O barco, então, começou a dar voltas, sem sair do lugar em que estava.

Em seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor.

Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.

Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao mesmo tempo e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago, chegando calmamente à outra margem.

Então, o barqueiro disse ao viajante:

Este barco pode ser chamado de autoconfiança. E a margem é a meta que desejamos atingir.

Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta pretendida, é preciso que utilizemos os dois remos, ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade: agir e acreditar.

Não basta apenas acreditar, senão o barco ficará rodando em círculos. É preciso também agir, para movimentá-lo na direção que nos levará a alcançar a nossa meta.

Agir e acreditar. Impulsionar os remos com força e com vontade, superando as ondas e os vendavais e não esquecer que, por vezes, é preciso remar contra a maré.

* * *

Gandhi tinha uma meta: libertar seu povo do jugo inglês. Tinha também uma estratégia: a não-violência.

Sua autoconfiança foi tanta que atingiu a sua meta sem derramamento de sangue. Ele não só acreditou que era possível, mas também agiu com segurança.

Madre Teresa também tinha uma meta: socorrer os pobres abandonados de Calcutá. Acreditou e agiu, superando a meta inicial, socorrendo pobres do mundo inteiro.

Albert Schweitzer traçou sua meta e chegou lá. Deixou o conforto da cidade grande e se embrenhou na selva da África francesa para atender aos nativos, no mais completo anonimato.

Como estes, teríamos outros tantos exemplos de homens e mulheres que não só acreditaram, mas que tornaram realidade seus planos de felicidade e redenção particular.

* * *

E você? Está remando com firmeza para atingir a meta a que se propôs?

Se o barco da sua autoconfiança está parado no meio do caminho ou andando em círculos, é hora de tomar uma decisão e impulsioná-lo com força e com vontade.

Lembre que só você poderá acioná-lo utilizando-se dos dois remos: agir e acreditar.

* * *

Caso você ainda não tenha uma meta traçada ou deseje refazer a sua, considere alguns pontos:

verifique se os caminhos que irá percorrer não estarão invadindo a propriedade de terceiros;

se as águas que deseja navegar estão protegidas dos calhaus da inveja, do orgulho, do ódio;

e, antes de movimentar o barco, verifique se os remos não estão corroídos pelo ácido do egoísmo.

Depois de tomar todas estas precauções, siga em frente e boa viagem.

Redação do Momento Espírita, com base em texto veiculado pela Internet, atribuído a Aurélio Nicoladeli.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.
Em 09.03.2009

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Gentilezas diárias

A vida é repleta de pequenas gentilezas, tão sutis quanto marcantes no nosso cotidiano.

O jardim florido oferece um colorido para a paisagem, o sol empresta suas cores para o céu antes de se pôr, a borboleta ensina suavidade e leveza para quem acompanha seu voo.

A gentileza tem essa característica: sutil mas marcante, silenciosa e ao mesmo tempo eloquente, discreta e contundente.

O portador da gentileza o faz pelo prazer de colorir a vida do próximo com suavidade, para perfumar o caminho alheio com brisa suave que refresca a alma.

A gentileza tem o poder de roubar sorrisos, quebrar cenhos carregados ou aliviar o peso de ombros cansados pelas fainas diárias.

E ela se faz silenciosa, algumas vezes tímida, inesperada na maioria das vezes, surpreendendo quem a recebe.

A gentileza não se pede, muito menos se exige... É presente de almas nobres, presenteando outras almas, pelo simples prazer de fazer o dia do outro um pouco mais leve.

Você já experimentou o prazer de ser gentil? Experimente oferecer o seu bom dia a quem encontrar no ponto de ônibus, no elevador ou no caixa do supermercado.

Mas não o faça com as palavras saindo da boca quase que por obrigação. Deseje de sua alma, com olhos iluminados e o sorriso de quem deseja realmente um dia bom, para quem compartilha alguns minutos de sua vida.

A gentileza é capaz de retribuir com nobreza quando alguém fura a fila no supermercado ou no banco, com a sabedoria de que alguns breves minutos não farão diferença na sua vida.

Esquecemos que alguns segundos no trânsito, oferecendo a passagem para outro carro, ou permitindo ao pedestre terminar de atravessar a rua não nos fará diferença, mas facilitará muito a vida do outro.

E algumas vezes, dentro do lar, a convivência nos faz esquecer que ser gentil tempera as relações e adoça o caminhar.

E nada disso somos obrigados a fazer, mas quando fazemos, toda a diferença se faz sentir...

A gentileza se faz presente quando conseguimos esquecer de nós mesmos por um instante para lembrar do próximo. Quando abrimos mão de nós em favor do outro, por um pequeno momento, a gentileza encontra oportunidade de agir.

Ninguém focado em si mesmo, mergulhado no seu egoísmo, encontra oportunidade de ser gentil. Porque, para ser gentil, é fundamental olhar para o próximo, se colocar no lugar do próximo, e se sensibilizar com a possibilidade de amenizar a vida do nosso próximo.

Se não é seu hábito, exercite a capacidade de olhar para o próximo com o olhar da gentileza. Ofereça à vida esses pequenos presentes, espalhando aqui e acolá a suavidade de ser gentil.

E quando você menos esperar, irá descobrir que semear flores ao caminhar, irá fazer você, mais cedo ou mais tarde, caminhar por estradas floridas e perfumadas pela gentileza que a própria vida irá lhe oferecer.



Redação do Momento Espírita.

Em 01.09.2009.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dicas para um casamento feliz

O que faz com que alguns casais vivam anos e anos juntos e desfrutem felicidade? Natural que não seja a felicidade plena e absoluta. Mas uma vida de alegrias, de compartilhamento. Casais que superam dificuldades as mais árduas e prosseguem juntos. Os reveses financeiros, a saúde comprometida, os filhos-problema, tudo é enfrentado a dois, de mãos dadas, consolidando sempre mais a relação. Alguns que não conseguiram manter o próprio relacionamento conjugal, afirmam que, em verdade, isso é resultado de submissão de um ao outro. Anulação da personalidade. Comodismo. São variadas as explicações. No entanto, os que vêem se multiplicar os anos na durabilidade de seu matrimônio, têm seus segredos. Cada casal tem sua fórmula especial. Mas algumas dicas, com certeza, auxiliam. Como o casamento feliz é um porto seguro onde se pode relaxar e recuperar das tensões do dia-a-dia, algumas frases não devem ser esquecidas. Você recorda quando foi a última vez que olhou para sua esposa e lhe disse: Você está deslumbrante hoje? Quantas vezes vocês se preparam para ir a uma festa, colocam sua melhor roupa, se alinham. E nem olham um para o outro? Pensem: antes de parecerem bem apresentáveis para os outros, vocês estão no lar, um frente ao outro. Observe como ele continua um gato, um rapaz saradão. Veja como os fios de prata lhe conferem um ar de maturidade. Aproveite para dizer: Estou feliz por ter me casado com você. Já pensou em despertar pela manhã, olhar para o seu cônjuge e dizer: É bom acordar a seu lado! Que tal uma surpresa no meio do dia com um telefonema breve para dizer: Você sempre será o meu amor! No jantar em família, olhem nos olhos um do outro. Agora, é o momento de falar: Adoro ver o brilho em seus olhos quando você sorri. E, assim por diante. Não perca a chance de dizer como é bom estarem juntos, compartilharem a mesma casa, as alegrias, as dores. Tenha sempre em sua mente, frases como: O que você fez foi muito bom. Não posso imaginar viver sem você. Você é muito especial. Sinto muito, o erro foi meu. Confio em você. Aprecio cada momento que passamos juntos. E, quando ele errar o caminho, aproveite para brincar, para rir: Este é o meu marido! Já sei porque você se perdeu de novo. Quer ficar mais tempo comigo a sós, seu danadinho! Quando ele estiver muito quieto, pergunte: Em que você está pensando? Quando rusgas acontecerem, seja o primeiro a ceder admitindo: Eu gostaria de ser um companheiro melhor. Finalmente, não esqueçam de um ao outro dizer a cada dia, quando se despedem, quando cada qual ruma para a sua atividade profissional: Ore por mim. Vou orar por você. E, mais importante que tudo, sejam gratos um ao outro, com frases como: Obrigado por me amar. Obrigado por me aceitar. Obrigado por ser meu companheiro. Você torna meus dias mais brilhantes. Experimente. Tente. E veja sua relação conjugal frutificar em flores de amor e alegrias.
Redação do Momento Espírita, com algumas frases extraídasdo cap. 37, de autoria de Steve Stephens, do livro Histórias para o coração, v. 1, organizado por Alice Gray, ed. United press.Em 04.09.2008

Adversário da felicidade

Eles formavam um casal harmônico. Jovens e belos desfilavam pelas ruas de mãos dadas e sorrisos nos lábios.
Tudo parecia lhes sorrir. Profissionais liberais, administravam sua agenda de forma que a profissão não lhes tomasse todas as horas.
Escoavam os meses e se reprisavam os anos de gentilezas, traduzindo carinhoso afeto.
Até que um dia, um cliente mais ousado tomou atitudes indevidas e, embora fosse rechaçado com firmeza pela jovem esposa, o esposo se encheu de ciúmes.
A partir de então, o relacionamento começou a deteriorar. Ele se tornou frio para com ela. Os diálogos amigos se transformaram em monossílabos forçados.
Ela passou a agasalhar mágoa no seu coração.
Finalmente, optaram pela separação. A pedido dela, ele saiu de casa. Agora se encontravam somente no campo profissional, pois trabalhavam no mesmo local.
As noites solitárias começaram a se tornar intermináveis e ele passou a sentir a falta dela. Analisou os motivos da separação e descobriu que havia sido muito infantil. Resolveu pedir desculpas e retornar ao lar.
Em uma noite, decidiu que, ao se erguer pela manhã, iria até uma floricultura, compraria lindas flores e as remeteria para a sua amada.
Escolheu versos cheios de amor para esconder entre o ramalhete delicado:
Alma gêmea da minh'alma.
Flor de luz da minha vida.
Sublime estrela caída das belezas da amplidão.
És meu tesouro infinito.
Juro-te eterna aliança.
Porque eu sou tua esperança.
Como és todo o meu amor.
Adormeceu pensando em como se ajoelharia aos seus pés, confessando-lhe o amor que sentia.
Quando amanheceu o dia, vestiu-se, perfumou-se e foi até a frente da casa. Então, se sentiu um tolo romântico.
E se ela não o perdoasse? E se ela não estivesse disposta a reatar o relacionamento?
Afastou-se. Durante todo aquele dia a ideia não lhe saía da cabeça. Afinal, ela estava ali, tão perto, trabalhando na outra sala. Não encomendou as flores. Mas leu e releu os versos que escrevera. Chegou a noite, cheia de estrelas.
O quarto de hotel parecia sufocá-lo. Saiu, comprou flores, escreveu os versos em lindo cartão e se dirigiu para a casa dela.
A passo acelerado, foi chegando. Tinha na mente, para sair pelos lábios, todas as frases de perdão e juras de amor.
Com o coração em descompasso, bateu à porta. A empregada atendeu chorosa e vendo-o, apontou para o interior da sala.
A jovem tivera um problema cardíaco e morrera. As flores que ele levava serviram para lhe adornar o caixão. Mas os versos que ele fizera, esses ele não poderia jamais declamar aos seus ouvidos. Era tarde demais...
* * *
O ciúme é perigoso adversário. Tem a capacidade de destruir relações afetivas, ferindo os que a ele se entregam.
Se você já se permitiu dominar por ele, pense em quanto já perdeu em oportunidades de ser feliz. Quantas vezes se tornou frio, agressivo. Quantas vezes magoou e se sentiu magoado.
E tome uma decisão imediata. Abandone esse sentimento e retorne às fontes generosas do amor. Só quem ama é feliz e faz os outros felizes.
Redação do Momento Espírita, com reprodução de versos extraídos do cap. 4, pt.2, do livro Há dois mil anos, pelo Espírito Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, ed. Fep.Em 24.03.2010.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Propósito da reencarnação

O Espírito encarna e reencarna inúmeras vezes com a finalidade de progredir.

Gradualmente, ele sai da ignorância e cresce em conhecimentos e em moralidade.

Esse processo é vasto e demanda incontáveis existências.

Nesse longo caminhar, vagarosamente o Espírito inteira-se do teor das leis divinas, que se encontram inscritas em sua consciência.

As leis divinas constituem um roteiro de felicidade.

Quem consegue adaptar sua vontade e seu proceder aos estatutos divinos, apressa e ameniza sua evolução para Deus.

Todo ato contrário às leis soberanas gera desequilíbrio, a exigir reparação.

Conforme a extensão das conseqüências, o ato de reparar pode demandar inúmeras encarnações.

Muitas vezes um homem consegue ignorar e sufocar a própria consciência durante um tempo.

Não raro, grandes criminosos terminam seus dias terrenos na abastança.

No plano espiritual, tudo muda de figura.

Entre as encarnações, o Espírito contempla, no cenário da própria consciência, os atos que praticou.

Ele vislumbra todas as conseqüências que advieram de seu proceder. E se vê tal qual é, sem ilusões ou desculpas.

Alguns recalcitram no reconhecimento da própria realidade.

Entretanto, permanecem desequilibrados e sofredores, enquanto isso não se dá.

Não existe a figura do Espírito culpado, mas feliz.

Os pensamentos e os sentimentos do Espírito desencarnado são muito intensos e claros.

O corpo físico funciona como um quebra-luz, que diminui a agilidade mental e abafa as percepções e sensações.

Sem o corpo, tudo se torna muito vívido e vibrante.

Um Espírito delinqüente padece enormemente por conta do remorso.

Seus sofrimentos morais possuem uma pujança impossível de ser concebida por quem está encarnado.

Para atenuá-los, ele se decide pelas mais dramáticas e sofridas encarnações, sem titubear.

Tudo parece preferível a suportar tão angustiantes impressões.

Isso bem evidencia a sabedoria do preceito evangélico segundo o qual devemos nos acertar com os inimigos, enquanto estamos ao lado deles.

É prudente resolver imediatamente as pendências que temos com o próximo, sem acumular dívidas na consciência.

Por outro lado, como tudo é muito intenso no plano espiritual, isso também ocorre com a felicidade.

A alegria do dever bem-cumprido, de estar em perfeita paz, tudo se multiplica ao infinito.

O Espírito devedor percebe a diferença entre sua condição e a de quem cumpriu o próprio dever.

Para passar de um estado a outro, decide-se a enfrentar algumas dificuldades na terra.

Por isso, quando o Espírito programa sua existência futura, age com lucidez.

Posteriormente, esquecido do que o moveu, muitas vezes reclama das agruras da vida.

Mas as dificuldades são desafios destinados a fazer surgir o melhor que existe no ser.

Elas se destinam a promover a reparação do passado de enganos e gerar novos conhecimentos.

Seu corajoso e digno enfrentamento descortina um amanhã luminoso, pleno de paz.

Assim, não reclame de sua vida.

Seja digno e correto, em todas as circunstâncias.

Não se preocupe com os equívocos alheios.

Cada qual dará contas de seus atos à própria consciência.

Sua tarefa consiste em melhorar-se, sempre e cada vez mais.

Para isso você nasceu.


DP 29/11/2006.

Equipe de Redação do Momento Espírita

Oportunidade de agir

Foram poucos minutos, mas pareceram uma eternidade.

Minutos que definiram destinos. Minutos que determinaram a separação, a dor, a perda, o desespero.

Minutos que todo o avanço tecnológico da Humanidade não foi capaz de prever.

O primeiro pensamento que veio à mente do mundo, atônito diante do terremoto no Haiti, foi o de que o ocorrido era uma grande injustiça. De fato, as imagens até agora entristecem e emocionam. E nos fazem refletir.

Todos aqueles que realmente creem em Deus buscam uma resposta, uma explicação. Afinal, a crença em Deus fala em Sua soberana Justiça e Bondade.

A ideia da injustiça, portanto, só pode prevalecer entre os incrédulos, entre os materialistas.

Na grande jornada que os Espíritos empreendem a caminho de sua evolução muitas são as lutas, os sofrimentos, numerosos os resgates e grandes as alegrias à medida em que obstáculos são transpostos.

Dores são oportunidades de resgate para aqueles que por ele passam. Não raras vezes são o ponto final para equívocos cometidos em um passado distante e aparentemente esquecido.

Deus, em Sua sabedoria, oferta outra chance mais: a de despertar os corações daqueles que parecem apenas assistir ao fato.

Oportunidade para transformar a emoção, a tristeza, a reflexão em ações objetivas.

Observemos o que ocorreu após a tragédia no país caribenho. A imprensa rapidamente trouxe ao conhecimento de todos o ocorrido. O mundo teve acesso a imagens. A comoção foi imensa.

Com uma rapidez nunca antes observada, graças aos meios de comunicação, notadamente a Internet, milhares de pessoas de todos os países do mundo montaram verdadeiras redes de ajuda às vítimas.

Poucas horas após já havia pessoas determinadas a serem voluntárias. As entidades de auxílio receberam milhares de perguntas sobre como ajudar.

Governos de várias nações rapidamente uniram forças para enviar ajuda humanitária, ultrapassando antigas barreiras políticas para surpresa de muitos.

Em meio à dor da perda de seus membros, a Organização das Nações Unidas, aparentemente desagregada, sem sede física, sem seu líder local, recebeu apoio de nações que entenderam o sentido de estarem unidas.

Cidadãos de vários países, que não tiveram medo de largar seu conforto e sua segurança, começaram a se deslocar para o local e, sem descanso, somaram forças para resgatar pessoas, atender, ajudar.

Assim, ao lado da dor, vemos uma imensa corrente de solidariedade, da qual todos podemos participar.

Não importa a distância, a dificuldade, a limitação: grande parte do mundo tem, nesta situação, alguma maneira de ajudar, enviando, através de vários meios, suas doações.

E, para aqueles que realmente não podem de nada dispor materialmente, ainda há o recurso bendito da oração. Oração por aqueles que deixaram o mundo material, por aqueles que sofrem as consequências e por quem auxilia.

Dessa maneira Deus permite que nos unamos, nos mobilizemos, enfim, desenvolvamos nossa caridade.

É uma imensa chance de expressarmos nosso amor.

Pensemos nisto e procuremos fazer a nossa parte!

Redação do Momento Espírita.
Em 20.04.2010.

Nossas crianças

Por que uma criança nos emociona tanto? Por que seu sorriso, seus gestos meigos, nos conquistam rapidamente?

Quantas vezes não nos percebemos rendidos por uma graça infantil, pelo aceno ingênuo de uma criança anônima, a nos sensibilizar os sentidos?

A ingenuidade e graciosidade infantis muitas vezes nos levam à conclusão que nascemos como uma folha em branco, como um livro a ser escrito, como se isentos de maldades e livres das dificuldades morais da vida adulta.

Como Espíritos imortais que somos todos nós, a cada nova oportunidade que a vida nos oferece para renascermos, somos os mesmos Espíritos antigos, distantes da simplicidade e da ignorância, que retornamos para os desafios da vida.

Mas por que trazemos essa aura de ingenuidade e de pureza? Por que temos a impressão que a criança ao nascer nada traz em si de conhecimentos prévios?

O período da infância, a fase infantil é aquela onde a natureza oportuniza mais facilmente o aprendizado de coisas novas. E isso não se dá por acaso, desde que, para uma nova existência, todo um novo processo educacional se inicia.

Desta forma, o período infantil é o mais rico e o mais importante para a educação dos caracteres.

Será sempre na fase infantil que ocorrerão as melhores oportunidades para semearmos valores nobres, conceitos adequados.

Todo pai, todo educador deve estar atento para que não se desperdice esse período precioso de educação.

Educar está longe de ser o processo de satisfazer a vontade dos filhos, trocando o esforço de estabelecer limites pela comodidade de oferecer presentes, evitando incômodos.

Devemos aproveitar essa ingenuidade infantil para oferecermos as lições que serão roteiro de conduta para toda a existência.

Logo mais, nossas crianças crescerão e, ao adentrarem na adolescência, tomarão posse de outros valores, virtudes, defeitos, dificuldades e problemáticas que trazem impressos na alma.

Por isso é explicável que nossos adolescentes mudem tanto o comportamento nessa fase desafiadora da vida.

Assim, todo o esforço em educar nossas crianças deve ser levado a termo.

Devemos cuidar com desvelo e amor dos filhos que Deus nos emprestou, para que, em nome Dele, possamos ser o apoio e auxílio de todos aqueles que retornam aos desafios terrenos, sob nossa tutela.

* * *

Todo filho é empréstimo sagrado que deve ser valorizado e melhorado pelo cinzel do amor dos pais, para oportuna devolução ao genitor Celeste.

São bênçãos que chegam ao lar. Alguns, gemas brutas para lapidação. Compete-nos fazer a nossa parte e prosseguir tranquilos, na direção do futuro e de Deus, o excelso Pai de todos nós.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais
colhidos no verbete Filho, do livro Repositório de sabedoria,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, v. 1, ed. Leal.
Em 23.04.20

Erro coletivo

É comum ouvir alguém reclamar a respeito da presença de uma pessoa complicada em sua vida.

Pode ser algum parente, vizinho ou colega de trabalho.

Em geral, está presente o raciocínio de que a vida seria boa sem os problemas trazidos por aquela pessoa.

Por vezes, há até alguma indignação com quem tem dificuldades físicas ou psíquicas.

Quem é convocado ao auxílio e à compreensão não raro se sente indignado.

Entretanto, urge refletir que a Lei Divina é perfeita.

Ela estabelece a felicidade e o equilíbrio como naturais resultados da observação de seus preceitos.

Por outro lado, toda violação dos estatutos cósmicos enseja problemas.

Contudo, o erro raramente é individual.

O defraudamento dos deveres de honestidade, pureza e respeito ao semelhante costuma surgir de um contexto complexo.

Quando alguém comete desatinos, de ordinário tal se dá sob o influxo de vários envolvidos.

Esses podem ser os pais, que não cumpriram a contento seu dever de educação.

Deixaram-se levar por múltiplos afazeres e não deram ao filho a atenção e as orientações necessárias.

Ou então, foram amigos que incentivaram ao vício.

Quem sabe, irmãos ou outros parentes que deram maus exemplos.

Talvez, um namorado ou namorada que fez falsas promessas e gerou grande dor moral.

O certo é que poucas vezes alguém erra sozinho, sem a influência de terceiros.

Ocorre que é da lei que quem cai junto se reerga em conjunto.

Os partícipes do erro são naturalmente convocados a auxiliar no reajuste.

Conforme o grau de sua participação na derrocada moral, devem colaborar no soerguimento.

Assim, a presença de alguém complicado em sua vida não é uma injustiça e nem fruto do acaso.

Justamente por isso, não procure saídas fáceis ou desonrosas.

Libertar-se de uma situação constringente não é o mesmo que fugir dela.

A Lei Divina é perfeita e ninguém consegue ludibriá-la.

A atitude de fuga apenas denota rebeldia e complica a situação do devedor.

Para se libertar de semelhante conjuntura adversa, somente mediante o exercício da fraternidade.

Faça o seu melhor no auxílio aos que o rodeiam.

Ampare física e moralmente os que se apresentam frágeis e viciados, do corpo e da alma.

Saiba que a paz em sua vida será o resultado natural da consciência tranquila pelo dever bem cumprido.

E, principalmente, cuide para não induzir ninguém a trilhar caminhos indignos.

Preste atenção no que diz e faz, a fim de não ser partícipe de atos torpes.

Muitos testemunham seus atos e palavras e podem ser influenciados por eles.

Mesmo sem desejar, você pode assumir graves responsabilidades e complicar seu futuro.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 28.04.2010.