quarta-feira, 9 de março de 2011

O ensinamento vivo

Era um dia de sol. Mãe e filha saíram a passear. Pararam defronte a uma construção.
O trabalho era incessante. Máquinas, sob a direção de homens habilitados abriam enormes crateras para os alicerces, no chão duro. Veículos pesados transportavam terra daqui para ali, com rapidez e segurança
Pedreiros já estavam a postos, sob o comando vigilante dos técnicos que orientavam os trabalhos.
O engenheiro chefe, vendo-as tão atentas, se aproximou e, porque fosse indagado, esclareceu:
O investimento que está sendo feito neste local é muito grande. O projeto é de um edifício de grandes proporções, possivelmente um dos mais altos da cidade.
Muitas centenas de trabalhadores especializados serão convidados a colaborar em toda a sua estrutura, até o acabamento final.
Precisaremos de carpinteiros, vidraceiros, pintores, encanadores, eletricistas, decoradores para completar o serviço. Qualquer construção precisa de um grande número de profissionais.
A garota estava impressionada e comentou:
Quanta gente para pensar, cooperar e servir!
Sim, disse o técnico, construir é sempre muito difícil.
Mãe e filha continuaram o passeio e, após algumas quadras, chegaram em frente a uma casa em demolição. Ali havia somente um homem, empunhando um gigantesco martelo.
Ele batia nas paredes de alvenaria e madeirame e elas ruíam, com estrondo, de forma muito rápida.
Lembrando o trabalho grandioso da construção que acabara de ver, a menina exclamou:
Como é terrível arruinar tão rapidamente o trabalho de tantos.
Foi então que a mãe, sempre atenta para as questões da educação de sua filha, falou:
Pois é, minha filha, toda realização útil na Terra exige paciência e suor, trabalho e sacrifício de muita gente. Construir, edificar é muito difícil.
Mas, como você pode ver, destruir é sempre muito fácil.
Uma pessoa com um martelo na mão destrói o esforço de muitos.
A crítica que usamos contra o nosso semelhante é como o martelo na velha construção: destruidora.
Quando ficamos a ver defeitos nas obras alheias e nos entregamos à crítica, estamos destruindo. E, normalmente, sem oferecer nada melhor em troca.
Pensemos, antes de criticar, agredir e prejudicar. Se o nosso intuito é o de ajudar, apontemos as falhas, sim, mas sobretudo apresentemos soluções.
* * *
Quem deseja ajudar, não se satisfaz em apontar erros nas pessoas e nas instituições porque esta é a crítica que destrói.
Quem deseja ajudar, apresenta sugestões de melhoria moral a fim de que o outro tenha opções para buscar a própria renovação.
Quem pensa em auxiliar, arregaça mangas, coloca mãos à obra, olha para o companheiro ao lado e convida: Vamos construir um lugar melhor para nós e para todos?
Pense nisso!

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 19, do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Néio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 25.02.2011.

Boa vontade

A importância da boa vontade nos feitos humanos é bastante difundida.
É comum ouvir-se de alguém que tem vontade de fazer algo útil.
Por exemplo, que se sente chamado a desempenhar alguma tarefa.
A vontade é um precioso atributo do Espírito imortal.
No princípio do processo evolutivo, o ser é grandemente guiado pelos instintos.
De modo gradual, sua razão se desenvolve e ele passa a agir com liberdade.
Dentre várias opções, elege a que lhe parece melhor.
É então que a vontade se manifesta como um poderoso impulsionador do progresso.
Ela se relaciona com o sentimento, com o querer, com os anseios do próprio coração.
Ocorre que a boa vontade não é um processo mágico que torna tudo imediatamente possível.
Não basta querer para realizar.
Quem realmente tem boa vontade estuda e trabalha para adquirir condições de desempenhar bem a sua tarefa.
Assim, a boa vontade é um fator imprescindível para o sucesso de um empreendimento.
Se não houver uma vontade firme, um querer profundo, as dificuldades crescem de importância.
À míngua de um ideal forte, o homem esmorece.
Caso não se sinta valorizado, desiste.
Se o resultado demora, acha que o esforço não compensa.
Entretanto, quando ele realmente deseja algo, encontra forças para seguir em frente.
Se a vontade é mesmo boa, firme e valiosa, então muito se torna possível.
Não apenas pelo desejo ardente, mas pela disposição de fazer o que for possível e necessário.
Convém ter essa realidade em mente quando se proclama a própria boa vontade.
Se o desejo é se dignificar pela conduta correta, as tentações do mundo nunca são fortes demais.
Quem tem o real propósito de se manter puro, gasta um tempo a estudar a própria realidade íntima.
Não teme admitir suas fraquezas, como uma fase necessária para superá-las.
Só porque cai algumas vezes, não desiste do propósito de elevar-se.
Do mesmo modo, quem de fato deseja algo realizar de bom não mede esforços.
De forma racional, procura tornar-se competente na tarefa eleita.
Aproxima-se de quem já a desempenha bem e o auxilia.
Não quer brilhar de imediato, em altos postos.
Aceita de bom grado desempenhar papéis modestos, nos quais lentamente se habilita e aperfeiçoa.
Não desiste enquanto não consegue seu intento.
Bem se vê como a boa vontade é preciosa como recurso de aprimoramento.
Contudo, ela não prescinde de esforço, de trabalho e de estudo.
Ao contrário, quem realmente tem boa vontade aprende a fazer direito.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 28.02.2011.

Companhia perturbadora

Nem sempre estamos bem acompanhados, e uma dessas companhias perturbadoras é a que nos faz infelizes ao perceber a felicidade do outro.
A inveja não está na simples constatação do triunfo alheio. Ela se apresenta quando essa constatação nos faz mal, produz em nós sentimentos negativos de revolta, de indignação.
Essa filha do orgulho instala-se em nossa alma e nos leva aos precipícios morais do ódio sem razão.
Muito mais fácil do que buscar nossa felicidade, nossas próprias conquistas é criticar, questionar, destruir a dos outros.
A inveja é preguiça moral, é acomodação do Espírito que ainda não está desperto e disposto a empreender a necessária luta pelo crescimento.
Ao invés de se empenhar na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu. Apela, muitas vezes, para a intriga e a maledicência, fica no aguardo do insucesso do suposto adversário, perseguindo-o, buscando satisfazer seu prazer mórbido.
Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro da atenção, credor de todos os cultos e referências.
Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral, que não considera a vida como patrimônio divino para todos.
Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.
Esse sentir doentio descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia. Porém, os danos ocorrem em quem gera esse sentir, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.
Assim, o invejoso sempre sairá perdendo. Não apenas não resolverá seu problema - se é que ele existe - como sempre aumentará sua frustração, sua infelicidade.
* * *
A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro.
Consiste em avaliar os recursos de que dispõe e considerar que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da evolução de cada um.
O cultivo da alegria, pelo que é e dos recursos para alcançar novos patamares, enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus.
Esse despertar facultará à criatura a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holístico na grande unidade.
* * *
Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus.
Essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas.
A inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo.
A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, à medida que os homens de boa vontade se multiplicarem.

Redação do Momento Espírita com base em texto da Revista Espírita, de Allan Kardec, de julho de 1858 e no cap. 5 da obra O ser consciente, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 02.03.2011.

Conquistas pessoais

Há algum tempo, a estagiária de uma empresa vinha observando sua companheira de trabalho. Tratava-se de pessoa de boa aparência, que se mostrava sempre solícita, delicada com todos e rodeada de amigos. Seu esposo era um rapaz honesto e digno, portador de bons valores morais.
Em certa oportunidade, resolveu abordá-la e lhe disse: Eu a tenho observado. Você ocupa um bom cargo na empresa, nosso supervisor admira e reconhece seu trabalho, vive rodeada de amigos e tem um marido adorável. Você é uma pessoa de muita sorte!
A moça silenciou por um instante, pensando intimamente quais palavras poderia escolher que melhor traduziriam o pensamento que lhe ocorria, sem que causasse má impressão.
E, com a expressão meiga e o sorriso que sempre a acompanhava, respondeu: Não acredito que eu seja uma pessoa de sorte. Prefiro pensar que todas as coisas que mencionou, foram conquistadas.
* * *
Todo trabalho que estamos executando, o cargo que exercemos, independente da área em que estejamos atuando, é fruto de disciplina e dedicação. Também de esforço pessoal, estudo e persistência em aprender algo novo e em nos aprimorarmos.
A saúde que desfrutamos é resultado de uma alimentação equilibrada, tanto em qualidade como em quantidade. Consideração especial a não ingestão de alcoolicos e qualquer outra substância que nos intoxique o organismo.
Somamos a isso a prática de exercícios selecionados, para que não ultrapasse nossos limites físicos, não ofereça riscos e, de preferência, que nos traga bem-estar e motivação para não abandoná-la.
Importante mexer o corpo. Contamos também com as horas de sono respeitadas, o descanso merecido, sem exageros.
É a nossa saúde conquistada e mantida através, ainda, do cultivo de pensamentos elevados, afastando a possibilidade de nos contaminarmos com os maus fluidos provenientes do negativismo, carregado de angústias, rancores, ansiedades, medos e culpas.
Os amigos também são conquistas. Eles estão ao nosso lado porque sabemos alimentar esses relacionamentos.
É o telefonema inesperado perguntando: Como vai você? É o e-mail enviado, só para dizer: Estou com saudades, apareça.
É a atenção e preocupação demonstrada quando o amigo passa por alguma dificuldade pessoal. É o tempo compartilhado. É o sorriso e o abraço carregado de afeto.
E os nossos amores? É por sorte que os temos ao nosso lado? Ou devemos considerar todas as renúncias, do tempo que doamos para o outro, do quanto cedemos e do quanto toleramos, sem reclamações e sem cobranças?
E os pequenos cuidados diários com o outro? Quanta diferença fazem em nossas vidas!
A paz e o sorriso que carregamos são o resultado do dever cumprido, da sensação de viver em consonância com a Lei de Deus.
É viver seguindo as Leis Morais, que estão inscritas na nossa consciência, que nos dizem o que devemos ou não fazer, tanto a nós mesmos quanto ao nosso semelhante.
Pensemos então, em não esperar sorte na vida. Trabalhemos com vontade e disposição interna para conquistar o que desejamos para nós: saúde, amor, emprego, bem-estar, paz de consciência.

Redação do Momento Espírita.
Em 03.03.2011.

O desafio da indulgência

O relacionamento humano é feito de grandes desafios para o mundo íntimo de cada um de nós. Sempre que nos propomos a nos relacionar, a nos aproximar de alguém, inicia-se a oportunidade de uma nova jornada de aprendizado.
Isso se dá porque não há quem não traga, no seu campo emocional e moral dificuldades de pequena ou de grande monta.
Alguns nos apresentamos egoístas, sempre pensando em nós e nos nossos, com dificuldades para sintonizar com a solidariedade.
Outros, mostramo-nos orgulhosos, colocando-nos em uma posição irretorquível, sem possibilidades ao diálogo ou à crítica construtiva, afastados da humildade que traz o aprendizado.
Não são poucos aqueles que, vestindo-nos da ganância, buscamos sempre mais e mais, disputando mesmo o pouco, que já nos será excesso, na única justificativa de amealhar mais, distanciando-nos da generosidade para com o próximo.
Somos todos nós esses que, ora aqui, ora ali, apresentamos as dificuldades de que ainda somos portadores, constituindo-se a reencarnação a grande escola de reforma das questões da alma.
Desta forma, se temos nossas dificuldades, se ninguém está isento dessa ou daquela atitude, palavra ou pensamento menos nobre, estamos todos em um grande processo de aprendizagem, diferindo muito pouco uns dos outros.
Pensando sob esse prisma, por que julgamos tão severamente nosso próximo? Por que temos sempre olhos tão atentos para as falhas de quem convive conosco, analisando, julgando e criticando?
O simples fato de percebermos que erramos porque ainda estamos em um processo de aprendizagem, nos deve remeter a pensar que seria muito melhor usar da indulgência para com as ações do próximo.
A indulgência será essa capacidade de olhar com olhos de compreensão frente à falha do nosso próximo, tentando entendê-lo, ao invés de julgá-lo, muitas vezes de forma ácida e contundente.
Ao sermos indulgentes, colocamos a doçura no olhar, a compreensão na mente, e a suavidade na fala, entendendo que o erro do próximo não é muito diferente dos erros que nós mesmos cometemos.
E será o sentimento de indulgência que conseguirá diminuir a dureza com que medimos as atitudes de nossos companheiros, amigos, parentes, dando-nos um tanto de compreensão para com eles.
Exigir a perfectibilidade de alguém é ilusório, senão cruel. Assim, mais coerente é entender que os erros fazem parte do processo de aprendizado em que nos encontramos inseridos.
E o erro daquele que convive conosco pode ser a oportunidade para o aprendizado da compreensão, do entendimento e da fraternidade incondicional.
Portanto, da próxima vez que estivermos tentados a julgar a atitude de alguém, perguntemo-nos por que a pessoa agiu daquela forma, o que a levou a tomar tal atitude.
Com alguma reflexão, talvez concluamos que se fôssemos nós no lugar dela, agiríamos, quem sabe, muito pior.
Exercitemos a indulgência no olhar, no pensar, no julgar os que convivem conosco, e conquistaremos a paz daqueles que conseguem ver a Humanidade matriculada em um grande colégio, objetivando que aprendamos as lições da vida.

Redação do Momento Espírita.
Em 04.03.2011.

Jóias que brilham

Embora haja um grande esforço para se acabar com toda sorte de preconceito, ele não foi de todo escorraçado do mundo.
Basta que se observe, em qualquer lugar, como as pessoas bem vestidas e de porte altivo são tratadas, em detrimento daquelas mais modestas, de roupas mais simples.
Se andamos pela rua e alguém bem apessoado se aproxima, jamais cogitamos que ele possa ser um ladrão.
Mas, se alguém que calce chinelos, use roupas não bem passadas e o cabelo em desalinho se aproxima, ficamos receosos.
A reação é instintiva. Ficamos de sobreaviso. Colocamos a mão na bolsa ou na carteira, como querendo protegê-la.
Tudo isso ocorre porque estamos acostumados a avaliar as pessoas pela aparência.
Em épocas recuadas, no tempo em que no Oriente eram abundantes os sultões, princesas e escravos, vivia uma rainha muito rica.
Ela gostava de passear pelas ruas da cidade, todas as tardes, com sua escrava. Percorria os pontos mais movimentados de Bagdá chamando a atenção com o vistoso colar que usava sempre.
Era uma joia rara e preciosa de nada menos de duzentas e cincoenta e seis enormes e perfeitas pérolas.
Interessante é que, ao seu lado, a escrava usava um enfeite idêntico ao da soberana.
Todos admiravam as joias da rainha e diziam:
É claro que o colar da escrava é falso. Quem não percebe logo? A rainha assim procede para dar maior realce ao seu colar. Observem como as gemas verdadeiras têm mais brilho. Parecem ter luz própria, ter vida!
E tornavam a olhar, a admirar e invejar as joias da rainha.
Os comentários eram tantos que o Vizir começou a se preocupar. Salteador ousado poderia se aventurar, em algum momento, e roubar a valiosa prenda.
Por isso, compareceu frente à sua soberana e falou:
Majestade, perdoai se ouso vir vos falar. Preocupa-me a vossa segurança e da joia. É um perigo sair à rua com tão grande riqueza. Sua vida corre riscos.
A rainha sorriu e o sossegou, explicando:
Não se preocupe, bom homem. Toda vez que saio, troco o colar com o da minha escrava. Ela leva em seu pescoço o verdadeiro e eu, o falso. Estranhamente, é sempre o meu que é admirado.
Acredite, se eu saísse com simples vidrilhos, pedras falsas, todos continuariam a admirar o meu adorno. Isto somente porque eu sou a rainha.
* * *
As aparências enganam e devemos nos habituar a valorizar as pessoas por sua condição interior.
Afinal, temos valor por nós mesmos, pelo nosso proceder e não pelas posses materiais.
Na balança Divina, são iguais todos os homens. Só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus.
São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos.
Os verdadeiros títulos de nobreza são as virtudes. Tudo o mais em nada contribui para a verdadeira felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base em lenda de autoria ignorada.
Em 04.03.2011.