quarta-feira, 20 de julho de 2011

Missionários do amor

Quando se fala em missionário, a primeira imagem que nos acode à mente é a de um religioso devotado ao bem.

Alguém que dedique seus dias e noites, de forma integral, para o bem dos seus irmãos, para a Humanidade.

No entanto, missionários existem de diversos portes. E alguns muito próximos de nós.

Por vezes, pais amorosos que recebem nos braços filhos deficientes e os sustentam por toda uma vida, com seus cuidados e extremada ternura.

De outras, amigos excepcionais que estendem mãos de veludo para aplacar as dores dos espinhos nas carnes alheias.

Filhos dedicados que nascem para iluminar nossas vidas, à semelhança de astros luminíferos em nosso céu borrascoso.

Recordamos de uma família que conhecemos. O segundo filho do casal nasceu portador de séria enfermidade que, a pouco e pouco, lhe foi retirando a mobilidade.

Primeiro foi o andar impreciso, depois somente com amparo forte, até a imobilidade dos membros inferiores.

Da dificuldade de coordenação motora à dependência total para as mínimas necessidades: beber um copo d'água, levar o alimento à boca.

Enquanto o drama era vivido e sofrido pelos pais, a esposa engravidou pela terceira vez.

O diagnóstico nada animador prescrevia um abortamento, dadas as complicações cardíacas da gestante, além da possibilidade do bebê ser portador de microcefalia.

Estribado na fé, o casal aguardou o tempo. O bebê nasceu perfeito. Garoto feliz, demonstrou desde os primeiros momentos o quanto era grato por estar vivo.

Mais de uma vez, deixava dos folguedos para correr ao pescoço da mãe, abraçá-la e dizer: Eu amo a minha vida, amo a minha casa, amo todos vocês.

A nota mais interessante começou a ser observada quando o pequeno não tinha mais que ano e meio. Colocava-se em pé em sua cadeirinha e com cuidado ajudava colocar na boca do irmão deficiente a alimentação.

Na sua linguagem infantil, pronunciava: Eu judo o mano. E na medida em que cresceu, a ajuda se tornou mais constante e efetiva.

Hoje, quase aos sete anos, o pequeno é o guardião do seu irmão. Dormem no mesmo quarto, por insistência dele e, não são raras as madrugadas em que ele se levanta do leito, atravessa o corredor, se dirige ao quarto dos pais para pedir ajuda para o mano, que necessita alguma atenção maior.

Nenhuma queixa, nenhuma reclamação. Deixa de brincar com os amigos para se dedicar ao irmão. Busca água, conduz a cadeira de rodas, joga vídeo-game, assiste filmes, comenta futebol.

Dia desses, na sua inocência infantil, olhou para a mãe e lhe disse: Mãe, sabe por que eu nasci?- e, ante a surpresa da genitora, aduziu: Eu nasci para cuidar do mano.

Missionários existem, sim, em nossos lares. Anônimos, ocultos, realizam sua tarefa.

Missionário é todo aquele que se entrega em totalidade em tarefa de amor, na obscuridade da estrada ou nos palcos da ciência, da filosofia ou da religião.

Missionário é todo aquele que traz a consciência do seu dever de servir além e acima de qualquer circunstância.

Movido pelo amor, é qual chama ardente que não se extingue. Sol de primeira grandeza que ilumina outras vidas, em barracos infectos ou em mansões suntuosas.

Sua missão é amar e servir. Como a violeta escondida na ramagem do jardim, exala seu perfume e se esconde na capa humilde de servidor.
* * *
Quem ama, coroa as horas de luz. Quem serve, adorna o coração de ventura imorredoura.

Saiamos na direção do sol para servir.

Redação do Momento Espírita, com pensamento final com base no verbete Servir,
do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Feb.
Em 09.07.2008.

O porquê da dor

Por que sofremos é uma indagação que fazemos muitas vezes. Para que serve a dor, afinal?

Em alguns momentos, ela é o alerta, dando-nos ciência dos excessos que estamos nos permitindo, prejudicando a maquinaria orgânica, solicitando-nos ponderação.

Constitui-se em sinal da natureza que nos informa que algum órgão não anda bem, o que, para os prudentes, significa buscar o médico, a correta medicação, seguir a prescrição devida, repouso ou exercícios.

Em outros momentos, ela funciona como elemento que convida à reflexão, a passar em revista atos e lembranças de nossa vida.

Assim é, por exemplo, nos dias da velhice que, para muitos, significa horas de imobilidade, inação e sofrimento.

É uma prova necessária para a alma que, por esse meio, adquire madureza, critério e o correto juízo a respeito das coisas da Terra e do Mundo Invisível. Avalia, pondera, conclui.

A dor tem, portanto, não somente a propriedade do resgate das culpas do passado. Executa igualmente o papel do hábil artista frente a um bloco de mármore.

A estátua, nas suas formas perfeitas, ideais, está escondida no imenso bloco.

É a dor que toma do martelo, do cinzel e, a golpes violentos, ou então sob o cuidadoso trabalho do buril, desenha a estátua viva em contornos maravilhosos.

Para que a forma seja extraída em linhas delicadas, para que o Espírito triunfe da matéria, precisamos do sofrimento, desde que não vivemos somente pelo amor e pelo bem.

E que frutos tem dado o sofrimento! Reiteradas vezes, é sob o aguilhão do luto e das lágrimas, da ingratidão, da traição das amizades e do amor, das angústias multiplicadas que o poeta verseja de forma mais terna e o músico encontra os mais sublimes acordes.

Cumpre-nos analisar a incidência da dor, em nossas vidas, atribuindo-lhe o efetivo valor.

Sob a ação das marteladas sucessivas, a moleza, a apatia e a indiferença desaparecem. Também a cólera, a dureza e a arrogância.

Em todos nós, provoca ou desenvolve a sensibilidade, a delicadeza, a bondade e a ternura.

Entendamos, pois, a dor como um dos meios de que usa o Poder Infinito para nos chamar a Si e, ao mesmo tempo, para nos tornar mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual.

O sofrimento que nos fere objetiva sempre a nossa correção, exatamente como a mãe corrige o filho para educá-­lo e melhorá-lo.

Faz-nos sentir também que o mundo em que vivemos é um lugar de passagem e não o ponto de chegada, que deveremos alcançar após exaustiva jornada.
* * *
Os animais estão sujeitos ao trabalho de evolução para o princípio inteligente que neles existe.

Através de certos padecimentos naturais os animais adquirem os primeiros rudimentos de consciência.

A dor, num sentido amplo de entendimento, será necessária enquanto o homem não tiver colocado o seu pensamento e os seus atos de acordo com as Leis Divinas.

Depois disso, ela deixará de se fazer sentir pois logo se fará a harmonia.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 26
do livro Oproblema do ser,
do destino e da dor, de Léon Denis, ed. Feb.
Em 08.01.2009.

O bambu chinês

O bambu chinês (bambusa mitis) é uma planta da família das gramíneas, nativa do Oriente.
Destacamos aqui uma particularidade muito interessante, relativa ao seu crescimento.
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a partir do bulbo.
Durante 5 anos, todo crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu.
O que ninguém vê, é que uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo cuidadosamente construída.
Então, lá pelo final do quinto ano, o bambu chinês cresce, até atingir a altura surpreendente de 25 metros.

Quantas coisas em nossa vida são similares ao bambu chinês...
Trabalhamos, investimos tempo, esforço, dedicação, e às vezes não vemos resultado algum por semanas, meses ou anos.
Quem sabe, se lembrarmos desta lição que a natureza nos dá, através do bambu chinês, teremos a paciência necessária para esperar o tal quinto ano.
Assim não deixaremos de persistir, de lutar, de investir em nós mesmos, sabendo que os frutos virão com o tempo.
Muitos ainda somos imediatistas, desejando o retorno fácil, a conquista instantânea.
Esquecemos que todas as grandes e valorosas conquistas da alma demandam tempo, exigem esforço de muitos e muitos anos, e às vezes de muitas vidas.
Este hábito de não desistir de nossos objetivos, de continuar tentando, de não se abalar perante os inevitáveis obstáculos, constitui uma virtude.
Continuar, persistir, manter constância e firmeza, fazem parte da importantíssima virtude da perseverança.
A perseverança é o combustível dos vencedores.
Mas não dos vencedores mundanos, de vitórias superficiais e transitórias. Mas daqueles que vencem a si mesmos, que vencem dificuldades no anonimato.
Thomas Edison, homem perseverante, afirmou que nossa maior fraqueza está em desistir, e que o caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez.
E quantas centenas de vezes ele tentou fabricar sua lâmpada, sem sucesso... E o mais interessante é que as muitas tentativas frustradas lhe davam mais forças ainda.
Eu não falhei. - dizia ele. Encontrei 10 mil soluções que não davam certo.
Em outro momento afirmou que os três grandes fundamentos para se conseguir qualquer coisa são: primeiro, trabalho árduo; segundo, perseverança; terceiro: senso comum.
Aprendamos com esses expoentes que muito conseguiram, não vislumbrando apenas os louros da glória, ou apenas admirando contemplativamente.
Respeitemo-los por suas aquisições valorosas, e enxerguemos o caminho todo que trilharam até conseguir seu sucesso.
* * *
Não asseveres: É-me impossível fazer!
Não redargas: Não consigo!
Nunca informes: Sei que é totalmente inútil aceitar.
Nem retruques: É maior do que as minhas forças.
Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 39, do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 13.03.2008.

O antônimo do amor

Não raro costumamos dizer que o ódio é o oposto do amor. Imaginamos que o ódio é o substituto do amor, tornando-se seu antônimo, no dicionário do coração.
Porém, esquecemo-nos de que os sentimentos não se processam dessa maneira em nossa intimidade e, que a falta de amor não significa a presença do ódio.
O ódio nascerá dos sentimentos mal resolvidos em relação ao nosso próximo, da não compreensão de suas atitudes e se alimentará, muitas vezes, nas fontes do egoísmo e orgulho, que ainda cultivamos em nós.
O ódio será a doença do amor e não o seu antônimo. Afinal, o ódio será o resultado dos sentimentos resolvidos e tratados de maneira errônea, equivocada.
Qual será, então, o antônimo do amor? Se entendermos o amor como o sentimento amplo e completo, o sentimento que nos preenche a alma e nos oferece rumos para bem conduzir nossos relacionamentos, qual será o seu antônimo?
O contrário do amor será a própria falta do amor, a sua ausência. De tal monta é a grandiosidade do amor que o seu antônimo não é encontrado em nenhum outro sentimento. O seu oposto é única e exclusivamente sua ausência.
Dessa forma, a ausência do amor chama-se indiferença.
Será a indiferença a maior expressão de desamor em relação a alguém. Será na indiferença que encontraremos o oposto do amor, sua maior barreira e limitação para que floresça.
E quanto de indiferença ainda mora em nosso coração? Quanto somos indiferentes com o que ocorre com nosso próximo e em nossa sociedade?
Quantas vezes somos indiferentes com a dificuldade do colega de trabalho, não tendo tempo nem para alguns minutos de conversa, demonstrando nosso interesse pelo que lhe está sucedendo?
Não raro, a indiferença surge em relação às aflições do amigo, do parente ou do vizinho. Sabemos das dores e provas difíceis que os assaltam e não empreendemos nenhum gesto, no sentido de os auxiliar.
Somos indiferentes às injustiças sociais, às misérias socioeconômicas, à violência moral e física que se nos avizinham, sem nos atingir diretamente.
* * *
Quando nos deixarmos aquecer pelo amor ao próximo, pela solidariedade ou compaixão, amizade ou afeição, a indiferença passará a perder espaço.
O exercício para amar inicia pelo esforço em abandonar a indiferença pelas dificuldades alheias.
E serão sempre as oportunidades diárias, no relacionamento com a família, no trabalho ou na vida em sociedade, que nos oferecerão a chance de acabar com esse antônimo do amor.
Quando ela não tiver mais espaço no nosso coração, teremos um mundo onde o amor será a tônica dos relacionamentos, ajudando-nos e apoiando-nos uns aos outros, nesse caminho do progresso e crescimento que todos anelamos.

Redação do Momento Espírita.
Em 08.07.2011.

Uma maneira de alegrar alguém

Vocês poderão ficar curados dentro de catorze dias, se seguirem esta prescrição:
Procurem pensar, todos os dias, numa maneira de alegrar alguém.
Esta é parte da proposta do Dr. Alfred Adler, psiquiatra, para o tratamento de pacientes com melancolia, apresentada em sua obra: O que a vida deve significar para você.
Afirma ainda ele que quando lhe dizem: Jamais poderei fazê-lo, pois vivo muito preocupado, ele responde: Não deixe de se preocupar, mas, ao mesmo tempo, você poderia pensar, de vez em quando, nos outros.
O estudioso relata ainda:
Quero dirigir sempre o interesse dos pacientes em direção às outras pessoas. Muitos dizem: "A troco de que deveria agradar aos outros? Os outros não procuram agradar-me!"
"Devem pensar na sua saúde." - Respondo-lhes. "Os outros sofrerão mais tarde.".
Todos os meus esforços são dedicados a aumentar o interesse social do paciente. Sei que a verdadeira razão de sua enfermidade é a falta de cooperação e quero que ele também compreenda isso.
Logo que consegue se associar aos demais, num pé de igualdade e cooperação, está curado...
O Dr. Adler termina dizendo ainda que a tarefa mais importante imposta pela religião sempre foi "ama o teu próximo."
O indivíduo que não está interessado pelos demais é o que tem maiores dificuldades na vida e o que causa maiores danos aos outros.
* * *
A ideia de uma boa ação diária é um magnífico começo para um plano maior de felicidade na vida.
Quem tem como meta, a cada dia, dar algum tipo de alegria, por menor que seja, a alguém, tem sua vida transformada por completo.
A alegria que levamos aos outros nos inunda de uma força tão grandiosa, tão revigorante, que nos faz sempre querer mais.
Ao contrário da dependência destrutiva do vício, podemos criar um hábito saudável, uma disciplina mental e comportamental, adotando ideias simples como esta.
Pensemos, por alguns instantes: já proporcionamos alguma alegria a alguém hoje? Um pequeno elogio, um favor, um auxílio? Qualquer coisa?
Caso não, ainda há tempo. Façamos esta experiência. Testemos. Provemos. Analisemos as reações em nós mesmos.
Não esperemos retribuição, pois o objetivo não é este. Nem todos estão com os corações receptivos às boas ações e ao amor, infelizmente, mas nós estaremos - e é isso que importa.
Deixemos a cama todas as manhãs tendo esta missão prazerosa - a de alegrar alguém, uma pessoa só que seja.
Descobriremos, na prática, que quando se acende uma luz, a primeira superfície que se ilumina é a própria lâmpada.
Os outros podem até fechar os olhos e não enxergá-la, mas quando nos propusermos a ser a lâmpada, a vela, a estrela, sempre seremos inundados de uma luminosidade sem igual.
Lembremos sempre da recomendação do Dr. Adler e procuremos pensar, todos os dias, numa maneira de alegrar alguém.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18 do livro Como evitar preocupações e começar a viver, de Dale Carnegie, ed. Companhia Nacional.
Em 11.07.2011.

Quanto custa um milagre?

Uma garotinha esperta, de apenas seis anos de idade, ouviu seus pais conversando sobre seu irmãozinho mais novo.
Tudo que ela sabia era que o menino estava muito doente e que estavam completamente sem dinheiro.
Iriam se mudar para um apartamento num subúrbio, no próximo mês, porque seu pai não tinha recursos para pagar as contas do médico e o aluguel do apartamento.
Somente uma intervenção cirúrgica muito cara poderia salvar o garoto, e não havia ninguém que pudesse emprestar-lhes dinheiro.
A menina ouviu seu pai dizer a sua mãe chorosa, com um sussurro desesperado: Somente um milagre poderá salvá-lo.
Ela foi ao seu quarto e puxou o vidro de gelatina de seu esconderijo, no armário. Despejou todo o dinheiro que tinha no chão e contou-o cuidadosamente, três vezes.
O total tinha que estar exato. Não havia margem de erro. Colocou as moedas de volta no vidro com cuidado e fechou a tampa. Saiu devagarzinho pela porta dos fundos e andou cinco quarteirões até chegar à farmácia.
Esperou pacientemente que o farmacêutico a visse e lhe desse atenção, mas ele estava muito ocupado no momento.
Ela, então, esfregou os pés no chão para fazer barulho, e nada! Limpou a garganta com o som mais alto que pôde, mas nem assim foi notada.
Por fim, pegou uma moeda e bateu no vidro da porta. Finalmente foi atendida!
O que você quer? Perguntou o farmacêutico com voz aborrecida. Estou conversando com meu irmão que chegou de Chicago e que não vejo há séculos, disse ele sem esperar resposta.
Bem, eu quero lhe falar sobre meu irmão. Respondeu a menina no mesmo tom aborrecido. Ele está realmente doente... E eu quero comprar um milagre.
Como? Balbuciou o farmacêutico admirado.
Ele se chama Andrew e está com alguma coisa muito ruim crescendo dentro de sua cabeça e papai disse que só um milagre poderá salvá-lo.
E é por isso que eu estou aqui. Então, quanto custa um milagre?
Não vendemos milagres aqui, garotinha. Desculpe, mas não posso ajudá-la. Respondeu o farmacêutico, com um tom mais suave.
Escute, eu tenho o dinheiro para pagar. Se não for suficiente, conseguirei o resto. Por favor, diga-me quanto custa. Insistiu a pequena.
O irmão do farmacêutico era um homem gentil. Deu um passo à frente e perguntou à garota: Que tipo de milagre seu irmão precisa?
Não sei. Respondeu ela, levantando os olhos para ele. Só sei que ele está muito mal e mamãe diz que precisa ser operado. Como papai não pode pagar, quero usar meu dinheiro.
Quanto você tem? Perguntou o homem de Chicago.
Um dólar e onze centavos. Respondeu a menina num sussurro. É tudo que tenho, mas posso conseguir mais se for preciso.
Puxa, que coincidência, sorriu o homem. Um dólar e onze centavos! Exatamente o preço de um milagre para irmãozinhos.
O homem pegou o dinheiro com uma mão e, dando a outra mão à menina, disse: Leve-me até sua casa. Quero ver seu irmão e conhecer seus pais. Quero ver se tenho o tipo de milagre que você precisa.
Aquele senhor gentil era um cirurgião, especializado em neurocirurgia.
A operação foi feita com sucesso e sem custo algum. Alguns meses depois, Andrew estava em casa novamente, recuperado.
A mãe e pai comentavam alegremente sobre a sequência de acontecimentos ocorridos. A cirurgia, murmurou a mãe, foi um milagre real. Gostaria de saber quanto deve ter custado.
A menina sorriu. Ela sabia exatamente quanto custa um milagre...
Um dólar e onze centavos... Mais a fé de uma garotinha...
* * *
Não há situação, por pior que seja, que resista ao milagre do amor.
Quando o amor entra em ação, tudo vence e tudo acalma.
Onde o amor se apresenta, foge a dor, se afasta o sofrimento e o egoísmo bate em retirada.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.
Disponível no CD Momento Espírita, v.6, ed. Fep.
Em 15.07.2011.

A sabedoria do samurai

Conta-se que, perto de Tóquio, capital do Japão, vivia um grande samurai.
Já muito idoso, ele agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, apareceu por ali um jovem guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos. Era famoso por usar a técnica da provocação.
Utilizando-se de suas habilidades para provocar, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de inteligência e agilidade, contra-atacava com velocidade fulminante.
O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.
Assim que soube da reputação do velho samurai, propôs-se a não sair dali sem antes derrotá-lo e aumentar sua fama.
Todos os discípulos do samurai se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio.
Foram todos para a praça da pequena cidade e diante dos olhares espantados, o jovem guerreiro começou a insultar o velho mestre.
Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu sereno e impassível.
No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado calado tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:
Como o senhor pôde suportar tanta indignidade?
Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
O sábio ancião olhou calmamente para os alunos e, fixando o olhar num deles lhe perguntou:
Se alguém chega até você com um presente e lhe oferece mas você não o aceita, com quem fica o presente?
Com quem tentou entregá-lo, respondeu o discípulo.
Pois bem, o mesmo vale para qualquer outro tipo de provocação e também para a inveja, a raiva, e os insultos, disse o mestre.
Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.
Por essa razão, a sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, se você não o permitir.
* * *
Sempre que alguém tentar tirar você do sério, lembre-se da sábia lição do velho samurai.
Lembre-se, ainda, que seus atos lhe pertencem. Só você é responsável pelo que pensa, sente ou faz.
Só você, e mais ninguém, pode permitir que alguém lhe roube a paz ou perturbe a sua tranquilidade.
Foi por essa razão que Jesus afirmou que só lobos caem em armadilhas para lobos.
Assim, aceitar provocações ou deixar que fiquem com quem nos oferece, é uma decisão que cabe exclusivamente a cada um de nós.
Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita v. 2, ed. Fep.
Em 18.07.2011.

Sinais de Deus

Conta-se que um velho árabe analfabeto orava toda noite com tanto fervor e com tanto carinho que, certa vez, o rico chefe de uma grande caravana chamou-o e lhe perguntou:
Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, se nem ao menos sabes ler?
O crente fiel respondeu:
Grande senhor, conheço a existência de nosso Pai Celeste pelos sinais dEle.
Como assim? - Indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou:
Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
Pela letra. Respondeu.
E quando o senhor admira uma joia, como é que se informa sobre a sua autoria?
Pela marca do ourives, é claro.
O servo sorriu e acrescentou:
Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo, um boi?
Pelos rastros, respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para ir para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a lua brilhava, cercada por milhares de estrelas, exclamou, respeitoso:
Senhor, aqueles sinais lá em cima, não podem ser de homens!
Naquele momento, o orgulhoso caravaneiro rendeu-se às evidências e, ali mesmo na areia, sob a luz prateada do luar, começou a orar também.
* * *
Deus, mesmo sendo invisível aos nossos olhos, deixa-nos sinais das mais variadas formas: na manhã que nasce calma e silenciosa...
No calor do sol que aquece os seres e permite a vida...
Na chuva que molha a relva, corre nos leitos dos rios e refresca as areias quentes das praias solitárias...
Os sinais de Deus estão nas pastagens verdes que alimentam o gado... e na vida teimosa do sertão esturricado pelo calor escaldante dos verões...
Podemos encontrar sinais de Deus nos campos floridos de todos os continentes... e no canto alegre do pássaro que desperta a madrugada...
Os sinais de Deus também são visíveis nas noites bordadas de estrelas e nas tempestades que limpam a atmosfera com seus raios purificadores.
* * *
Vale lembrar que as obras feitas pelos homens são assinadas para que não se confunda o autor. Já as obras de Deus não trazem Sua assinatura pelo simples fato de que só Ele é capaz de fazê-las, ninguém mais.
É por essa razão que Deus não precisa colocar Seu nome numa etiqueta, em cada campina que existe, porque só Ele faz campinas.
Partindo do princípio de que não há obras sem autoria, tudo o que não é obra do homem, só pode ser obra de Deus.
Como disse o grande poeta francês Victor Hugo: Deus é o invisível evidente.
* * *
Até um louco sabe contar as sementes que há numa maçã; mas só Deus sabe contar as maçãs todas que há numa semente.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Existência de Deus, do livro Pai nosso, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb e frases do livro A sabedoria dos tempos, do Centro de Estudos Vida e Consciência Editora Ltda.
Disponível no livro Momento Espírita v. 3 e no CD Momento Espírita, v. 7, ed. Fep.
Em 19.07.2011.