quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tempo de Natal

Senhor Jesus!...
Ante o Natal
Que nos refaz na Terra o mais formoso dia,
Somos gratos a todos os irmãos,
Que te festejam,
Entrelaçando as mãos
Nas obras do progresso.

Vimos também trazer-te a nossa gratidão
Pela fé que acendeste
Em nosso coração.
Mas, se posso, Jesus, desejo expor-te
O meu pedido de Natal;
Falando de progresso, rogo-te, se possível,
Guiar os homens e as mulheres,
Sejam de qualquer nível,
Para que inventem, onde estejam,
Novos computadores
Que consigam contar
As crianças que vagam nos caminhos,
Sem apoio e sem lar,
E os doentes cansados e sozinhos,
Presos no espaço de ninguém,
Para que se lhes dê todo o amparo do Bem.

Auxilia, Senhor, a humana inteligência
A fabricar foguetes
Dentro de segurança que não erra,
Que possam transportar remédio,
alimento e socorro,
Onde a dor apareça atribulando a Terra.

Que o mundo te receba as bênçãos naturais
Doando mais amor aos animais,
Que nunca desampare as árvores amigas,
Não envenene os ares,
Nem tisne as fontes, nem polua os mares,
Que o ódio seja, enfim, esquecido, de todo,
Que a guerra seja posta nos museus,
Que em todos nós impere o imenso
amor de Deus.

Que o teu Natal se estenda ao mundo inteiro
E que, pensando em teu amor,
De cada amanhecer
Que todos resolvamos a fazer
Um dia novo de Natal...
E que, encontrando alguém,
Possamos repetir, tocados de alegria,
De paz, amor e luz:
Companheiro, bom dia,
Hoje também é dia de Jesus.


Maria Dolores
(Mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier, no Grupo Espírita da Prece, em reunião pública da noite de 25 de setembro de 1982, em Uberaba - MG)

Noite feliz!(?)

O mundo prepara-se para mais um Natal. As ruas iluminam-se chamando atenção e as músicas típicas da época dão o tom da festividade. Ao centro, a conhecida figura do "Papai Noel", embalando sonhos e fantasias infantis mas, por outro lado, alimentando também interesses puramente mercantilistas.

As famílias já pensam nos brindes, presentes e festas. Economia para presentear melhor, vestuários renovados, casas reformadas, viagens e sonhos...

Esta nos parece uma realidade bem próxima e nos agrada divagar pelo brilho das luzes... afinal, o Natal é uma festa de alegria. No entanto, se nos afastarmos um pouco desta visão, procurando analisar de maneira mais cuidadosa, de forma mais crítica e real, lembraremos inevitavelmente dos que ainda não podem se quer sonhar...

O mundo ilumina suas ruas, mas há alguns lugares que continuam obscuros, talvez para esconder aqueles que excluímos da festa.

E, na escuridão, o crack, a cocaína, a cola continuam vitimando crianças e jovens que não sonham mais;

...na escuridão, meninas mal saídas da infância servem de objeto sexual nas mãos prostituídas de aparentes homens de bem. Na noite de natal, possivelmente, estarão embriagadas ou drogadas para suportar a exploração;

...na escuridão, homens disputam comida com ratos, cães e urubus nos lixões, perdendo sua humanidade a pouco e pouco. Estes talvez consigam comer melhor na noite de natal, aproveitando o desperdício dos banquetes que deixará o lixo mais "rico";

...na escuridão, guetos que separam negros de brancos continuarão infectos e nas favelas as comemorações acontecerão, talvez, em meio à dor de um assassinato ou de um estupro;

...na escuridão doentes se amontoarão em corredores de hospitais públicos, crianças, mães e famílias inteiras estarão morrendo por causa de fome, por falta de vacina, de saneamento básico e de noções mínimas de higiene em recantos tristonhos das terras africanas, brasileiras e asiáticas;

...na escuridão, pais desempregados sequer podem pensar em presentes e entre lágrimas que cortam a alma, abandonam seus filhinhos em orfanatos, para que sobrevivam;

...na escuridão, cortando o ruído das ruas e dos bailes, serão ouvidos ‘gritos silenciosos’ de seres humanos expulsos dos ventres de suas mães que, inconscientes e equivocadas, tentam fugir de suas responsabilidades pelo caminho do aborto criminoso;

...na escuridão do sertão, nem o luar de lá consegue iluminar a dor da sede e da fome de famílias inteiras condenadas a beber lama e comer lagartos, enquanto bois e cabritos serão mortos para as festas dos fazendeiros donos das terras e dos açudes;

...na escuridão sob as marquises, velho morrerão de frio e crianças serão assassinadas por criminosos fardados;

...na escuridão, toda escuridão aparece...

E lá fora, sob o esplendor das luzes, estouram os ‘champanhes’ nas mesas corrompidas pela falta de ética e humanidade na política. Os escândalos e as fraudes são esquecidos sob o borbulhar da bebida e os detentores dos "podres poderes" da Terra seguem cegos e descompromissados com o povo;

A sociedade egoísta distribui cestas e brinquedos com os ‘pobrezinhos’ para tentar aliviar o fogo que lhes queima a consciência e falam em solidariedade como se fosse uma jóia a mais que pudessem expor pendurada no pescoço.

Perdoem-me se pareço duro demais. Muito mais dura, no entanto, é a realidade enfrentada por milhares, milhões de irmãos nossos espalhados pelo planeta inteiro. Lembrando deles, estamos lembrando daquele que é o motivo das comemorações natalinas. Aquele que em sábias palavras afirmou que tudo que fosse feito a um desses pequeninos seria feito a Ele próprio indiretamente. Ele que soube ser solidário de maneira plena, sem se corromper pela vaidade e pelo aplauso, foi muito além da esmola dada em uma noite. Investiu sua vida e sua morte para a transformação da sociedade. Lutou contra os preconceitos, convivendo com a "escória" sem falsos pudores e valorizou o ser humano como ninguém fez antes ou depois dele.

Vale a pena nos perguntar: então, por que Ele veio? Qual a razão histórica de sua vida? O que constituiu o objeto de suas atenções e qual o objetivo de todo seu esforço? Certamente que Ele não veio para aprofundar a diferença entre os homens, nem para manter os preconceitos e o egoísmo que têm gerado toda miséria no mundo. Sua vinda visava a educação plena do homem, estimulando a transformação do homo sapiens – lobo do próprio homem – no homo sapiens solidarius que não é só intelecto e começa a descobrir que não pode ser feliz sozinho; que se completa no bem do outro e que plenifica-se no amor ao próximo sem conotação sacramental, mas com sentido prático e efetivo. É o amor experienciado, vivido, que não se coaduna com o comodismo e a indiferença, e foge dos discursos vazios.

Jesus, talvez ainda seja o ilustre esquecido do Natal rico e mercantil dos "papais noéis marqueteiros" e nós, certamente, os grandes omissos desta triste e contraditória realidade. Não tenho a menor dúvida que enquanto comemos perus e distribuímos presentes, Ele deve estar muito, muito ocupado com os que foram excluídos de um FELIZ NATAL!

Fernando Clímaco Santiago Maciel ( PE )
E-mail: cee-pe@nlink.com.br

Súplica de Natal

Amado Jesus
na excelsa manjedoura
que te esconde a gloria sublime,
ouve a nossa oração !

Ajuda-nos a procurar a simplicidade
que nos reune ao teu amor...

Auxilia-nos a renascer dentro de nos mesmos,
buscando em Ti a força para sermos
em Teu Nome, irmãos uns dos outros !

Mestre do Eterno Bem, sustenta as nossas almas
a fim de que a alegria de servir e ajudar
nos ilumine a senda, não somente na luz de teu Santo Natal,
mas em todos os dias, aqui, agora e sempre...



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Antologia Mediunica do Natal. Ditado pelo Espírito Aparecida.

Natal

“Natal é a glória dos Homens

Em seus séculos de luz,

Pois tudo de bom que existe na Terra,

veio a nós da presença de Jesus.”



Xavier, Francisco Cândido. Da obra: “Antologia Mediúnica do Natal”. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um Deus

Milhões de estrelas colocadas nos céus... por um Deus.

Milhões de nós levantamos nossos olhos a um Deus.

Muitas crianças O chamam por muitos nomes diferentes...

Um Pai, que ama a cada um por igual.



Muitas formas diferentes que oramos a um Deus.

Muitas são as trilhas que se juntam no caminho a um Deus.

Irmãos e irmãs - nenhum é estranho depois que Deus terminou Sua criação.

Porque seu Deus e meu Deus é um Deus.

* * *

Os versos são a tradução livre de uma canção interpretada pela cantora Barbra Streisand.

É interessante se observar como tantos cantores, no mundo, têm se referido a Deus, ao Criador. São criaturas que, na Terra, interpretam as vozes dos céus, conclamando os homens à fraternidade.

Em verdade, muitos dos que se dizem religiosos se enclausuram em suas crenças e excluem do amor de Deus os demais seres humanos.

E, contudo, só há um Deus. Um Deus que a todos criou, que a todos ama, não importando a forma com que seja ou não reverenciado.

Um Deus que sabe que cada filho Seu se encontra em estágio evolutivo diverso e, por isso mesmo, tem diferente entendimento a respeito do Seu Criador.

Somos nós, os seres pequenos da Criação que nos arvoramos em grandezas e criamos exclusividades, elegemos preconceitos e fazemos seleções de quem deve ou não ser credor das heranças do Universo.

Somos nós, os homens, que nos separamos em religiões, quando elas deveriam, em verdade, nos unir.

Porque, afinal, todos aspiramos pela felicidade. Todos desejamos nos alçar ao Pai, ao Criador. Todos almejamos um lugar de paz e de amor. Um aconchego. Um paraíso.

E as religiões existem para exatamente nos mostrar o caminho para tal ventura.

Deus é um só. Criador do Universo que descobrimos, a pouco e pouco, extasiando-nos. É o Pai dos seres que criou à Sua imagem e semelhança.

* * *

O seu Deus e o meu Deus é um só Deus.

Tenhamos isso em mente. E nos amemos, auxiliando-nos mutuamente.

Façamos a listagem das maravilhas do Universo e nos sintamos felizes em saber que tudo isso é compartilhado com todos os filhos de Deus.

Filhos desta Terra, do nosso Sistema Solar, filhos que vivam em dimensões nem imaginadas por nós, nem alcançadas pela nossa ciência - todos são herdeiros das grandezas da Criação.

Um Deus. Amor, justiça e luz.

Um Deus. Pai benevolente, pródigo de bênçãos.

Um Deus que nos aguarda, no lar celeste.

Um Deus que nos observa as lutas, perdoa nossas quedas e aguarda que cresçamos até alcançá-Lo.

Redação do Momento Espírita com citação de versos da
canção One God, interpretada por Barbra Streisand.
Em 26.10.2009.

Relações familiares

O lar, na Terra, é um bendito laboratório para as experiências da evolução do Espírito.

A família constitui uma verdadeira escola na qual recebemos aquilo que, afetivamente, para nós está reservado, nesta existência.

Este núcleo de convivência é um educandário de excelente qualidade para os ajustes das mais variadas naturezas, sendo, sempre, uma oportunidade de crescimento espiritual.

Retornam, como nossos familiares, Espíritos com os quais necessitamos conviver e aos quais devemos aprender a amar.

Na vida familiar os Espíritos vinculados têm a convivência necessária para aprender comportamentos saudáveis, para praticar o amor e o respeito mútuos.

É por esta razão que habitualmente não se tem a família que se gostaria de ter, mas aquela que necessitamos para valiosas conquistas espirituais.

Deus, em Sua imensa bondade, frequentemente, nos permite o retorno, junto a alguns Espíritos com os quais já tenhamos evoluído afetivamente, sendo, para nós, os familiares que mais nos amam e por nós são amados.

É possível entender, portanto, que o ambiente que temos em nossa casa é resultado da semeadura que fizemos em passado distante.

Por esta razão não devemos desdenhar a família que temos, e, muito menos, desejar abandoná-la. Ao tomar tal atitude estamos deixando de aproveitar uma grande oportunidade de ajustamento.

Pais desatenciosos, muitas vezes, nos são colocados para que valorizemos o amor paternal.

Irmãos que não querem nos amar, e que por vezes nos fazem sofrer, devem ter, de nossa parte, o amor como resposta, pois esta é uma maneira de progredirmos.

Filhos problemáticos nos são dados para que aprendamos a amar incondicionalmente. Jamais devemos maltratá-los ou abandoná-los.

Não lamentemos o ninho doméstico que se encontra conturbado ou desfeito, nem a solidão que possamos sentir. Entendamos que, provavelmente, é uma lição pela qual necessitamos passar no caminho de nossa evolução.

Se entendêssemos que a família verdadeira é a família espiritual e que a família terrestre nos é um educandário, passaríamos a conviver melhor com nossos familiares.

Talvez, para alguns deles o amor não desabroche facilmente, mas o primeiro passo pode ser dado no momento em que aprendamos a não revidar, a silenciar se uma palavra de carinho não puder ser pronunciada.

Tenhamos a certeza de que cada membro de nosso lar é uma gema preciosa, que nos é concedida para nossa lapidação, e que o convívio diário deve ser norteado no amor, no respeito, na resignação.

O lar é, em realidade, a primeira escola da vida física, e a família é o mecanismo superior para a valorização da harmonia em nossa existência.

Agradeçamos sempre a Deus esta oportunidade a nós concedida e que se chama família.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 20 do livro Iluminação interior,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 23.10.2009

Jardins

É comum se associar a lembrança de uma pessoa a algo que a caracterize. Digamos, seja seu toque pessoal.

Dia desses, ao passarmos por um jardim cheio de cores vivas, fomos surpreendidos por uma frase partida dos lábios de uma senhora:

Um jardim tão bem cuidado me recorda minha avó.

A amiga que a acompanhava logo indagou do porquê.

A continuidade do diálogo, cujas frases nos chegavam com clareza, trazidas pela brisa mansa, nos surpreendeu:

Minha avó, dizia, passou sua vida a plantar flores. Recordo-me da infância e do bangalô de minha avó.

Quase não havia terra para plantar. A construção era nova e o local mais parecia um campo de batalha que as minas tivessem revolvido e deixado em total desalinho.

Pois minha avó não desanimou. Com pedras desenhou retângulos no solo, afofou a terra, preparou-a e plantou suas amadas roseiras. Jardins eram a sua marca registrada.

A senhora alongou o olhar na distância, como a revolver a saudade na terra do coração e prosseguiu:

Era uma pessoa excepcional minha avó. Já mais idosa, os filhos optaram por colocá-la em um apartamento. Mais segurança, diziam, menos trabalho. Afinal, eles temiam o peso dos anos naqueles ombros já não tão fortes.

Quando vi o apartamento, entristeci. Tinha uma varanda sim, mas nem sombra de terra, onde ela pudesse utilizar da sua mágica pessoal para transformar em um pedacinho de céu perfumado.

Pensei que ela iria murchar. Imaginei-a a fenecer, como flores ao sopro do inverno rigoroso ou sob o sol escaldante do verão.

Qual não foi minha surpresa ao visitá-la, alguns meses depois.

Levei-lhe um ramalhete de rosas multicoloridas, contando alegrar-lhe o lar.

Ela abraçou as rosas, agradeceu e seu rosto se iluminou como em êxtase.

"São lindas, querida. E perfumadas."

Depositou-as com cuidado sobre uma mesa, tomou-me pela mão e levou-me até à varanda.

Naquele minúsculo espaço, a terra gentil permitia brotar rosas de delicado perfume e graça. As mãos mágicas de minha avó haviam transformado um retângulo de cimento frio em uma nesga de paraíso florido.

Suas mãos acariciaram as flores qual se o fizessem a um filho querido. Depois, ela me reconduziu à sala, e mostrou um troféu. As flores de sua varanda haviam sido eleitas as segundas mais belas de toda a cidade.

* * *

Transformar a terra inculta em um oásis de beleza ou deixá-la entregue às ervas daninhas e espinheiros é opção pessoal.

Assim nos jardins das nossas vidas. Podemos ser indiferentes e ociosos, relegando tudo ao descaso, nada realizando de bom, de belo, de útil.

Ou podemos optar por semear flores de alegria, rosas de ventura. Quiçá apenas umas tímidas violetas de discreto perfume.

Contudo, não sejamos dos que erguem espinheiros. Tornemo-nos jardineiros cuidadosos a fim de que, pelas veredas por onde transitarmos, deixemos o perfume e a beleza das nossas ações.

* * *

Semeando estrelas, seremos convidados a espancar trevas.

Semeando esperanças, haveremos de nos tornar luzeiros para corações entristecidos.

Onde quer que estejamos, sempre poderemos semear as luzes do amor e da esperança.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Os jardins de nossas vidas,
publicado na Revista Seleções Reader´s Digest, junho.1998 e no verbete Sementeira,
do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 27 .10.2009.

Os portões de chegada

Cada abraço daqueles guarda uma história diferente...

Cada reencontro daqueles revela um outro mundo, uma outra vida, diversa da nossa, da sua...

Se você nunca teve a oportunidade de observar, por mais de cinco segundos, todas aquelas pessoas - desconhecidos numa multidão - esperando seus amigos, seus familiares, seus amores, não tenha medo de perceber da próxima vez, a magia de um momento, de um lugar.

Falamos dos portões de chegada de um aeroporto, um desses lugares do Mundo onde podemos notar claramente a presença grandiosa do amor.

Invisível, quase imperceptível, ali ele está com toda sua sublimidade.

Nas declarações silenciosas de um olhar tímido. No calor ameno de um abraço apertado. No breve constrangimento ao tentar encontrar palavras para explicá-lo.

Na oração de três segundos elevada ao Alto - agradecendo a Deus por ter cuidado de seu ente querido que retorna.

Richard Curtis, que assina a produção cinematográfica de nome Love actually - traduzida no Brasil como Simplesmente amor, traz essas cenas com uma visão muito poética e inspirada.

O autor oferece na primeira e última cenas do filme exatamente a contemplação dos portões de chegada de um aeroporto, e de seu belíssimo espetáculo representando a essência do amor.

Ouve-se um narrador nos primeiros segundos, confessando que toda vez que a vida se lhe mostrava triste, sem graça, cruel, ele se dirigia para o aeroporto para observar aqueles portões, e ali encontrava o amor por toda parte.

Seu coração alcançava uma paz, um alívio, em notar que o amor ainda existia, e que ainda havia esperança para o Mundo.

Isso tudo pode parecer um tanto poético demais para os mais práticos, é certo.

Assim, a melhor forma de compreender a situação proposta é a própria vivência.

Sugerimos que faça a experiência de, por alguns minutos, contemplar essas cenas por si mesmo, seja na espera de aviões ou outros meios de transporte coletivos.

Propomos que parta de uma posição mais analítica, de início, com algumas pitadas de curiosidade:

Que grau de parentesco possuem aquelas pessoas? - Há quanto tempo não se veem? - De onde chegam?

Ou, quem sabe, sobre outros: Que histórias têm para contar! - O que irão narrar por primeiro ao saírem dali? Sobre a família, sobre a viagem, sobre a espera em outro aeroporto?

Ao perceber lágrimas em alguns olhos, questione: De onde elas vêm? - Há quanto tempo não se encontram? - Que felicidade não existe dentro da alma naquele momento!

Por fim, reflita:

Por quanto tempo aquele instante irá ficar guardado na memória! O instante do reencontro...

Tudo isso poderá nos levar a uma analogia final, a uma nova questão: não seria a Terra um imenso aeroporto? Um lugar de chegadas e partidas que não param, constantes, inevitáveis?

Pensando nos portões de chegada na Terra, lembramos dos bebês, que abraçamos ao nascerem, com este mesmo amor daqueles que esperam num aeroporto por seus amados.

Choramos de alegria, contemplando a beleza de uma nova vida, e muitas vezes este choro é de gratidão pela oportunidade do reencontro.

É um antigo amor que, por vezes, volta ao nosso lar através da reencarnação.

Pensando agora nos portões de partida, inevitavelmente lembramos da morte, da despedida.

Mas este sentir poderá ser também feliz!

Como o sentimento que invade uma mãe ou um pai que dá adeus a um filho que logo embarcará em direção a outro país, a fim de fazer uma viagem de aprendizagem, de estudo, ou profissional.

Choram sim, de saudade, mas o sentimento que predomina no bom coração dos pais é a felicidade pela oportunidade que estão recebendo, pois têm consciência de que aquilo é o melhor para ele no momento.

* * *

Vivemos no aeroporto Terra.

Todos os dias milhares partem, milhares chegam.

Chegadas e partidas são inevitáveis.

O que podemos mudar é a forma de observá-las.



Redação do Momento Espírita com base no cap. Os portões de chegada,
do livro O que as águas não refletem, de Andrey Cechelero.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 12,
e no livro Momento Espírita v. 6, ed. Fep.
Em 29.10.2009.

E a vida prossegue...

Quem de nós já não experimentou a súbita ausência de um ente querido?

Quem de nós já não sentiu profunda saudade de um afeto que, não estando mais no mundo corpóreo, deixa uma aparente lacuna em nossa vida?

Mesmo expressando fé em palavras ou em muitas de nossas atitudes, a tristeza da falta do contato, da ausência do sorriso, da impossibilidade de um abraço acaba por nos fazer agir com imensa tristeza diante da morte.

Não é fácil se despedir de um ente querido, mesmo idoso ou longamente doente, quando já nos era sabido que a ausência física ocorreria em breve.

Com certeza, a ausência aparentemente definitiva daquele a quem demos apenas um até logo é muito mais difícil de entender ou aceitar.

A mãe que recebe a notícia da morte de um filho que deveria, em algumas horas, estar de retorno ao lar deverá encontrar forças imensas para ir adiante.

O esposo que descobre que a amada esposa não chegará daquela viagem, possivelmente tem a sensação de que o chão lhe treme.

Mas, por que será que a morte não é por nós vista como um adeus temporário? Por que a certeza da sobrevivência da alma ou Espírito, tão comum entre diversas religiões, não nos dá consolo imediato?

Sabemos que o que chamamos de morte é apenas a morte do corpo físico, pois o Espírito ou alma é eterno, e esta crença é verdade para grande parte da Humanidade.

Acostumados a valorizar a vida material acabamos por dar um grande valor à morte física, nos esquecendo frequentemente de que ela é só do corpo, jamais do Espírito.

Se realmente temos fé, se realmente nossa crença está alicerçada no coração e na mente, o consolo virá e será mais facilmente aceito.

Deus, em sua infinita bondade e justiça, não interromperia a vida física de um jovem sem um motivo; não afastaria, de modo aparentemente irremediável, um ente da família sem uma razão.

O que ocorre é que, vivendo em um corpo físico, nosso Espírito não lembra dos momentos em que, com alegria e determinação, participou de sua programação de vida, incluindo o tempo que esta duraria.

Lembramos, então, da necessidade de uma fé sólida e inabalável, que pode e deve ser questionada, para que possa ser vivenciada de maneira consciente, mas jamais esquecida.

Francisco Cândido Xavier, o grande médium reconhecido e respeitado mundo afora, nos trouxe, através da sua mediunidade psicográfica, inúmeras notícias do outro lado, nos dando provas de que a vida prossegue, e que os sentimentos continuam.

Muitas famílias tiveram a felicidade de saber que seus amores continuavam vivos, em outro plano, e que o sentimento de amor sobrevivera à separação física.

Não foram poucas as mensagens pedindo que não houvesse tristeza, pois esta podia ser sentida por quem morrera e, frequentemente, lhe dificultava o caminhar.

Os sentimentos, sejam alegres ou tristes, são percebidos por nossos amores em outro plano e eles sentir-se-ão tristes ou felizes, tal qual nós, deste lado, sentimos.

A tristeza é normal no primeiro momento, a saudade perfeitamente aceitável mas, jamais o desespero, a revolta, a procura infindável de um responsável.

A oração, instrumento acessível a qualquer pessoa, independentemente de sua crença, é valioso meio de buscarmos forças e de enviarmos nossos sentimentos de amor a quem já partiu deste plano físico.

Redação do Momento Espírita.
Em 30.10.2009

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Amar é...

O que é o amor?

É sentimento. É estado d´alma?

E como buscá-lo, como vivê-lo. desde que todos os grandes Espíritos que vieram à Terra disseram ser ele o caminho seguro?

Os conceitos atribuídos ao amor são inúmeros. As discussões filosóficas tornam-se sem fim.

Porém, o que realmente precisamos conhecer é sua prática, sua vivência em nossos dias.

A compreensão maior virá como consequência, como se precisássemos estar em seu íntimo para finalmente descobri-lo.

O amor é o sacrifício pelo próximo que, aos olhos do mundo, é pesado, é difícil, mas para quem ama é leve, gratificante.

Amar é interessar-se pela vida do outro, é perguntar: Como foi seu dia? É questionar: Você está bem? E estar realmente atento para ouvir a resposta.

Amar é modificar nossa rotina para ouvir um amigo, fazer-lhe uma visita, levar notícias boas.

Amar é reunir a família, sem a necessidade de uma comemoração especial, apenas para celebrar a presença de todos, para fortalecer os laços.

Amar é adiar um sonho para atender as necessidades de um filho, de um pai, de uma mãe.

Amar é respeitar as opiniões dos outros, mesmo que elas sejam diferentes das nossas.

É abraçar os familiares, não apenas quando celebrem aniversários, ou conquistas, mas sempre que o coração lembrar do quanto se querem bem.

Amar é chorar junto. É sorrir junto. É sempre guardar a esperança de que tudo será melhor.

Amar é saber dizer sim. É saber dizer não. É saber ouvir um sim, saber ouvir um não.

Aqueles que amamos jamais serão um peso em nossas vidas. Pelo contrário, serão eles que nos farão mais leves. Serão eles os agentes que farão com que nossa consciência esteja satisfeita, que nosso íntimo receba energias revigorantes do Alto, fazendo-nos mais felizes.

O verdadeiro amor não está distante. Não está apenas nos romances literários, nos poemas inspirados, nas imagens dos sonhos. Ele está conosco nos pequenos gestos de carinho, nas gentilezas inesperadas, nas renúncias.

O verdadeiro amor não está distante. Ele aguarda apenas que as mãos fortes da vontade o alcancem, e concedam-lhe a chance de respirar os ares do mundo.

* * *

Os Espíritos Superiores nos ensinam que amar, no sentido profundo do termo, é o homem ser leal, probo, consciencioso, para fazer aos outros o que queira que estes lhe façam.

É procurar em torno de si o sentido íntimo de todas as dores que acabrunham seus irmãos, para suavizá-las.

É considerar como sua a grande família humana, porque essa família todos a encontraremos, dentro de certo período, em mundos mais adiantados, e os Espíritos que a compõem são, como nós, filhos de Deus, destinados a elevar-se ao infinito.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XI, item 10 de
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 30.09.2009

O ponto culminante

Você é um Espírito imortal que temporariamente enverga uma veste de carne.

Já teve infinitas experiências em incontáveis vidas.

Já foi rico e pobre, homem e mulher, saudável e enfermo, a cor de sua pele variou grandemente.

Errou, acertou, errou de novo para acertar com mais propriedade logo depois.

O ato de sua criação perde-se na noite dos tempos.

Entretanto, você se constrói a cada nova experiência.

Embora nem sempre seja feliz em suas escolhas, de cada vida sai mais forte e preparado.

Houve ocasiões em que terminou a trajetória carnal insatisfeito consigo mesmo.

Após cessarem as ilusões da matéria, compreendeu que poderia ter utilizado melhor seu tempo e seus recursos.

Mas também já atravessou vidas sofridas, nas quais resgatou graves débitos e fez importantes aprendizados.

A Lei do progresso é um imperativo universal.

Ela impede que um Espírito perca virtudes e inteligência.

É possível nascer em situações mais complicadas e sucumbir a tentações.

Mas ninguém regride em sua evolução.

Uma vez conquistado determinado valor, ele jamais se perde.

A inteligência cada vez mais se abrilhanta, sem possibilidade de retrocesso.

Desse modo, hoje você está no ponto culminante de sua trajetória milenar.

Jamais foi tão inteligente e virtuoso.

Sabedoria, bondade, capacidade de renúncia e de trabalho, tudo em seu ser se encontra no zênite.

Está no exato ponto da evolução para o qual se preparou e dispõe dos recursos mais adequados à solução de seus problemas.

Sua atual existência foi carinhosamente preparada.

Considerando seus compromissos, erros e acertos, ela retrata uma possibilidade de real elevação.

A título de aprendizado e progresso, ou de provações retificadoras, você possui amplas condições de se sair maravilhosamente bem.

Não importa quão difícil lhe pareça dada exigência da vida, você pode dar conta dela.

Seus familiares são os mais adequados às suas necessidades.

As condições de sua vida são as ideais, conforme a Lei de merecimento que rege o Universo.

Você não é vítima e nem privilegiado.

Recebeu o necessário para ser um agente do progresso e espargir o bem em seu derredor.

À vista disso, importa compreender que a base de sua tranquilidade reside na integridade da consciência.

Todos os problemas que surgem em seu caminho são uma oportunidade bendita de retificação e aprendizado.

As carências são um auxílio a mais, um convite para compreender as tristezas do próximo.

Os recursos são generosos empréstimos da vida maior, em favor de sua felicidade.

Está em suas mãos converter todos esses fatores em luz e paz em seu caminho, mediante uma sábia e digna aplicação.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXX, do livro Coragem,
pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.
Em 06.10.2009.

Esquecer para aprender

Fernando Pessoa, o brilhante poeta português, escreveu certa feita:

Procuro despir-me do que aprendi. Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me, e ser eu.

O poeta, na ânsia de entender os porquês da vida, percebia que muito do que nos falam, ensinam, mostram, funciona, aos poucos, como camadas de tintas, a nos encobrir, a nos moldar.

Quantas vezes ouvimos nos dizerem: emprego bom é emprego que paga bem, tentando nos convencer que o valor do salário deva ser a preocupação número um na nossa vida profissional.

Outras tantas pessoas insistem em afirmar que importante é ter, possuir, gozar a vida naquilo que brilha aos olhos.

Há ainda, os que vivem pautados no egoísmo e autocentrismo, cuidando para que tudo, a princípio, seja deles para, em segundo momento, ser para eles, e em um terceiro momento, para os seus, jamais pensando no próximo ou na sociedade.

Frente a tantas camadas de tintas que insistem em nos pintar, há que se perguntar: Por quais valores devo me pautar? Como viver? Qual a melhor bússola para me guiar?

Inevitável, para responder a essas perguntas, lembrarmo-nos de quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

É inevitável esquecer que somos apenas um corpo material, que vivemos apenas essa existência, e que todas as nossas experiências estão restritas entre o berço e o túmulo de uma única vida. Há que se aprender que somos Espíritos eternos.

E para aprender de um lado, há que se esquecer do outro. Como nos ensina o educador Rubem Alves, toda aprendizagem produz esquecimento.

Assim, esqueça que lhe ensinaram que você está aqui a passeio. Esqueça que lhe fazem crer que esta é sua única experiência. Esqueça que insistem em lhe convencer que as coisas acontecem por mero acaso, sem uma ordem Divina.

* * *

É necessário esquecer essas ilusões que vivemos, para aprender que somos Espíritos imortais, rumando à perfeição, construindo passo a passo nossa estrada redentora de autoiluminação.

É necessário esquecer as ilusões que os sentidos e a memória nos provocam, achando que nada houve antes do nosso nascimento.

É necessário aprender que trazemos na nossa bagagem emocional e intelectual todas nossas conquistas, felizes e infelizes, frutos de nossas próprias opções, sendo, cada um de nós, herdeiro de si mesmo.

Nesse exercício de esquecimento dessas ilusões, iremos aos poucos raspando a tinta com que nos pintaram os sentidos, iremos desencaixotando nossas emoções verdadeiras, desembrulhando-nos para, efetivamente, vivermos como Espíritos imortais.

Viveremos como quem não pertence à Terra, muito embora aqui estagie por um período, entendendo que aqui estamos para aprender as coisas de Deus.

Redação do Momento Espírita.
Em 07.10.2009.

Aja enquanto é tempo

Os homens são os artífices de seu destino.

Essa verdade é constatada mediante singela observação do mundo que o cerca.

O aluno estudioso tira boas notas, passa por média e não se angustia com exames e repetências.

Já o estudante preguiçoso está sempre envolto com notas baixas e reprovações.

O profissional competente costuma ter mais clientes do que consegue atender.

Vagas que exigem maiores qualificações permanecem abertas por longos períodos, embora haja muitos desempregados.

Sem dúvida, ninguém está livre de percalços.

Uma pessoa inteligente e preparada pode ser surpreendida com desemprego ou momentos profissionais difíceis.

Mas as crises são mais freqüentes para aquele que não tem formação sólida e fama de profissional competente.

Assim, quem opta por assistir novelas em vez de estudar não pode reclamar se o sucesso não bater em sua porta.

Mesmo no âmbito das relações pessoais, cada um vive as conseqüências de seus atos.

Alguém prudente no falar jamais se envolve nos transtornos que a maledicência provoca.

Contudo, o tagarela sempre corre o risco de amealhar inimizades.

A pessoa generosa suscita simpatias por onde passa.

Quando necessita de ajuda, muitas mãos se movimentam em seu favor.

Mas a criatura mesquinha e implacável está sujeita a ficar desamparada, pela antipatia que seu agir provoca.

Não é difícil verificar a Lei de causa e efeito atuando.

Comportamento digno e sensato traz tranqüilidade e boa reputação.

Desonestidade, preguiça e leviandade causam infinitos transtornos.

Certamente há eventos que superam qualquer expectativa e semeiam dores na vida de pessoas honradas e previdentes.

Mas aí em geral se tem o efeito de causas remotas.

As grandes dores que nada pode evitar e não são causadas pelo agir atual refletem o acertamento de antigos equívocos.

A Justiça Divina reina soberana no Universo.

Ela propicia liberdade para os Espíritos viverem conforme seus gostos e opções.

Mas cada qual é estritamente responsável pelo que faz.

Muitas vezes, a conseqüência do agir equivocado não se produz rapidamente e nem na mesma existência.

A Lei Divina não se engana e nunca perde o endereço de quem a ofendeu.

Mas ela não se mostra apenas como justiça, mas também como misericórdia.

Por isso dá tempo para o calceta adquirir forças para os resgates necessários.

E principalmente aguarda que ele se resolva a quitar os equívocos do passado com a moeda boa do amor.

Como afirmou o apóstolo Pedro, o amor cobre a multidão de pecados.

Não é preciso sofrer para recompor o passado de erros.

Mas é imperioso resgatar todo o mal feito.

Ciente dessa realidade e de seu viver milenar, dedique-se a fazer o bem.

Viva de forma honrada.

Trabalhe, estude, amealhe recursos intelectuais e morais.

Seja um bom exemplo para todos que convivem com você.

Mas vá um pouco além disso.

Dedique-se a uma causa, ampare os necessitados, eduque os ignorantes.

Em seu passado espiritual há certamente muitos erros.

Antes que o resultado deles o atinja, gere causas de felicidade ao agir de modo altruísta.

Aja enquanto é tempo.

A rigor, o bem é sempre possível, agora ou mais tarde.

Mas é uma tolice aguardar a dor cobrar a conta que o amor pode pagar.

Pense nisso.



Redação do Momento Espírita
Em 24.04.2008.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Abraço de Deus

É uma avó que conta que, certo dia, sua filha lhe telefonou do Pronto-Socorro. Sua neta, Robin, de apenas seis anos, tinha caído de um brinquedo, no pátio da escola, e havia ferido gravemente a boca.

A avó foi buscar as irmãs de Robin na escola e passou uma tarde agitada e muito tensa, cuidando das crianças, enquanto aguardava que a filha retornasse com a menina machucada.

Quando finalmente chegaram, as irmãs menores de Robin correram para os braços da mãe. Robin entrou silenciosa na casa e foi se sentar na grande poltrona da sala de estar.

O médico havia suturado a boca da menina com oito pontos internos e seis externos. O rosto estava inchado, a fisionomia estava modificada e os fios dos cabelos compridos estavam grudados com sangue seco.

A garotinha parecia frágil e desamparada. A avó se aproximou dela com o máximo cuidado. Conhecia a neta, sempre tímida e reservada.

“Você deseja alguma coisa, querida?”, perguntou.

Os olhos da menina fitaram a avó firmemente e ela respondeu:

“Quero um abraço.”

* * *

À semelhança da garotinha machucada, muitas vezes desejamos que alguém nos tome nos braços e nos aninhe, de forma protetora.

Quando o coração está dilacerado pela injustiça, quando a alma está cheia de curativos para disfarçar as lesões afetivas, gostaríamos que alguém nos confortasse.

Quando dispomos de amores por perto, é natural que os busquemos e peçamos: “Abrace-me. Escute-me. Dê-me um pouco de carinho. Um chá de ternura.”

Contudo, quando somos nós que sempre devemos confortar os outros, mais frágeis que nós mesmos, ou quando vivemos sós, não temos a quem pedir tal recurso salutar.

Então, quando estivermos ansiosos por um abraço consolador nos nossos momentos de cansaço, de angústia e de confusão, pensemos em quem é o responsável maior por nós.

Quando não tivermos um amigo a quem telefonar para conversar, conversemos com Nosso Pai. Sirvamo-nos dos recursos extraordinários da oração e digamos tudo o que Ele, como Onisciente, já sabe, mas que nós desejamos contar para desabafar, aliviar a tensão interna.

Falemos das nossas incertezas e dos nossos dissabores, sobre as nossas decepções e nossos desacertos e nos permitamos sentir o envolvimento do Seu abraço de Pai amoroso e bom.

Não importa como o chamemos: Pai, Deus, Criador, Divindade. O importante é que abramos a nossa intimidade e nos permitamos ser acarinhados por Ele.

Ele sempre está pronto para abraçar Seus filhos, sem impor condições.

E se descobrirmos que faz muito tempo que não sentimos esse abraço Divino, tenhamos a certeza de que faz muito tempo que não o pedimos.

* * *

Victor Hugo, poeta e romancista francês, escreveu um dia: “Tenha coragem para lidar com as grandes tristezas da vida. E paciência para lidar com as pequenas.

E, depois de ter cumprido laboriosamente sua tarefa diária, vá dormir em paz.

Deus continua acordado.”

Pensemos nisso. Deus está sempre acordado, e velando por nós.



Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. Consolador, de autoria de Joni Eareckson Tada, do livro Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray, ed. United Press.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O Alimento Espiritual

O professor lutava na escola com um grande problema.

Os alunos começaram a ler muitas histórias de homens maus, de roubos e de crimes e passaram a viver em plena insubordinação.

Queriam imitar aventureiros e malfeitores e, em razão disso, na escola e em casa apresentavam péssimo comportamento.

Alguns pronunciavam palavrões, julgando-se bem-educados, e outros se entregavam a brinquedos de mau gosto, acreditando que assim mostravam superioridade e inteligência.

Esqueciam-se dos bons livros.

Zombavam dos bons conselhos.

O professor, em vista disso, certo dia reuniu todas as classes para a merenda costumeira, apresentando-se uma supresa esquisita.

Os pratos estavam cheios de coisas impróprias, tais como pães envolvidos em lama, doces com batatas podres, pedaços de maçãs com tomates deteriorados e geléias misturadas com fel e pimenta.

Os meninos revoltados gritavam contra o que viam, mas o velho educador pediu silêncio e, tomando a palavra, disse-lhes:

- Meus filhos, se não podemos dispensar o alimento puro a benefício do corpo, precisamos também de alimento sadio para a nossa alma. O pão garante a nossa energia física, mas a leitura é a fonte de nossa vida espiritual. Os maus livros, as reportagens infelizes, as difamações e as aventuras criminosas representam substâncias apodrecidas que nós absorvemos, envenenando a vida mental e prejudicando-nos a conduta. Se gostamos das refeições saborosas que auxiliam a conservação de nossa saúde, procuremos também as páginas que cooperam na defesa de nossa harmonia interior, a fim de nunca fugirmos ao correto procedimento.

Com essa preleção, a hora da merenda foi encerrada.

Os alunos retiraram-se cabisbaixos.

E, pouco a pouco, a vida dos meninos foi sendo retificada, modificando-se para melhor.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito Meimei. 19 edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB. 1999.

Mensagem de Otimismo

Que Deus permita que eu não perca o romantismo,
mesmo sabendo que as rosas não falam...
Que Deus permita que eu não perca o otimismo,
mesmo sabendo que o futuro que nos espera não é assim tão alegre;

Que Deus Permita que eu não perca a vontade de viver,
mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa;

Que Deus permita que eu não perca a vontade de ter grandes amigos,
mesmo sabendo que com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas;

Que Deus permita que eu não perca a vontade de ajudar as pessoas,
mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir esta ajuda;

Que Deus permita que eu não perca o equilíbrio,
mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia;

Que Deus permita que eu não perca a vontade de amar,
mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento por mim;

Que Deus permita que eu não perca a luz e o brilho no olhar,
mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo escurecerão meus olhos;

Que Deus permita que eu não perca a garra,
mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente poderosos;

Que Deus permita que eu não perca a razão,
mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas;

Que Deus permita que eu não perca o sentimento de justiça,
mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu;

Que Deus permita que eu não perca o meu forte abraço,
mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos;

Que Deus permita que eu não perca a beleza e a alegria de ver,
mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma;

Que Deus permita que eu não perca o amor por minha família,
mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigirá esforços incríveis para manter sua harmonia;

Que Deus permita que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração,
mesmo sabendo que muitas vezes ele será subestimado e até rejeitado;

Que Deus permita que eu não perca a vontade de ser grande;
mesmo sabendo que o mundo é pequeno.

E acima de tudo... Permita que eu jamais me esqueça de que Deus me ama infinitamente, de que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois a vida é construída nos sonhos e concretizada no amor.

(Francisco Cândido Xavier)

Fonte Mensagens e Poemas

Dias de pressa

Você já teve a impressão de que os dias se passam cada vez mais céleres? Já passou pela sensação de Natais cada vez mais próximos uns dos outros, ou de semanas que passam tão corridas, que nem notamos os dias que escoam?

Esses são dias de pressa, de correria, de intensidade. São dias onde as necessidades, deveres e compromissos se avolumam, e dias, noites, semanas são ocupados intensamente, e já não vemos o tempo passar.

Já não mais nos debruçamos na janela da vida, para ver a vida passar. Não há tempo, com tão pouco tempo, para ver a vida. Só nos sobra tempo para vivê-la.

Com a mente constantemente ocupada, o pensamento está sempre no próximo compromisso, no dever seguinte, no compromisso que se aproxima.

Passa-se a viver o tempo dos nossos compromissos, o tempo da agenda cheia de datas, o tempo de fora.

E o nosso tempo de dentro? O tempo de nossos sentimentos, do nosso corpo, das necessidades internas, será ele o mesmo tempo de fora?

Ao nos atrelarmos a tanto e a tudo, os olhos, mente e preocupações ficam com as coisas de fora e esquecemos das coisas de dentro.

O tempo que nos impusemos para viver, não é o tempo do nosso organismo e de nossas emoções.

Quantas vezes as refeições são engolidas ao atropelo, quando não esquecidas, prejudicando o aparelho digestivo?

E a mente exigida intensamente, o controle emocional sob pressão constante, os sentimentos sempre em desafio não encontram espaço para serem cuidados.

Vivemos como se tivéssemos somente um mundo externo a cuidar, sem preocupações com o corpo, descomprometidos com a alma.

Como resultado, doenças que se instalam precoces, níveis de stress ou fobias se instalando em nós, sinalizando que algo está errado.

É verdade que a vida é feita de desafios, e que devemos cumprir nossas obrigações profissionais, buscar melhorar nossa condição de vida, dar conta dos compromissos assumidos.

Mas nada disso nos impede de vivermos como alguém que não esqueceu que tem alma, e que o corpo é somente veículo de que essa se utiliza, buscando aprendizado.

Desta forma, não se deixe envolver tão intensamente pelas coisas do mundo, já que ele é passageiro, e de eterno, somente sua alma.

Coloque na sua agenda também o seu tempo de oração, os momentos de meditação, as horas de reflexão tão necessárias para a vida de dentro.

Dê a si mesmo a oportunidade de almoçar com o prazer de sentir o gosto da comida, de desfrutar da companhia de quem compartilha a mesa, de respeitar o tempo de dentro.

Mesmo que a vida nos exija muito, e o tempo fique exíguo, as coisas de dentro terão sempre tanta importância quanto as coisas de fora.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.
Em 17.08.2009.

A Casa Queimada

Um certo homem saiu em uma viagem de
avião. Era um homem temente a Deus,
e sabia que Deus o protegeria.

Durante a viagem, quando sobrevoavam
o mar um dos motores falhou e o piloto teve
que fazer um pouso forçado no oceano.


Quase todos morreram, mas o homem
conseguiu agarrar-se a alguma coisa que
o conservasse em cima da água.

Ficou boiando à deriva durante muito
tempo até que chegou a uma ilha
não habitada.

Ao chegar à praia, cansado, porém vivo,
agradeceu a Deus por este livramento
maravilhoso da morte.

Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas.
Conseguiu derrubar algumas árvores e
com muito esforço conseguiu construir
uma casinha para ele.

Não era bem uma casa, mas um abrigo
tosco, com paus e folhas. Porém
significava proteção.

Ele ficou todo satisfeito e mais uma
vez agradeceu a Deus, porque agora podia
dormir sem medo dos animais selvagens
que talvez pudessem existir na ilha.

Um dia, ele estava pescando e quando
terminou, havia apanhado muitos peixes.
Assim com comida abundante, estava
satisfeito com o resultado da pesca.

Porém, ao voltar-se na direção de sua
casa, qual tamanha não foi sua decepção,
ao ver sua casa toda incendiada.

Ele se sentou em uma pedra chorando
e dizendo em prantos:

"Deus! Como é que o Senhor podia
deixar isto acontecer comigo?

O Senhor sabe que eu preciso muito desta
casa para poder me abrigar, e o Senhor
deixou minha casa se queimar todinha.

Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"

Neste mesmo momento uma mão
pousou no seu ombro e ele ouviu
uma voz dizendo:

"Vamos rapaz?"

Ele se virou para ver quem estava
falando com ele, e qual não foi sua surpresa
quando viu em sua frente um marinheiro
todo fardado e dizendo:

"Vamos rapaz, nós viemos te buscar"

"Mas como é possível?
Como vocês souberam que eu estava aqui?"

"Ora, amigo! Vimos os seus sinais
de fumaça pedindo socorro.

O capitão ordenou que o navio parasse
e me mandou vir lhe buscar naquele
barco ali adiante."

MORAL DA HISTÓRIA

É comum nos sentirmos desencorajados
e até mesmo desesperados quando as
coisas vão mal.

Mas Deus age em nosso benefício,
mesmo nos momentos de dor e sofrimento.

Lembrem-se:
Se algum dia o seu único abrigo estiver
em chamas, esse pode ser o sinal
de fumaça que fará chegar até você
a Graça Divina.

Para cada pensamento negativo nosso,
Deus tem uma resposta positiva.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Pensamento e nós

Certo dia, ao chegar da escola, o pequeno Zeca entrou em casa batendo forte os pés no assoalho.

Seu pai, que saía para o quintal a fim de fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chamou o menino para uma conversa.

Zeca, de oito anos de idade, o acompanha um tanto desconfiado.

Porém, antes que seu pai dissesse alguma coisa, o menino falou irritado:

Pai, estou com muita raiva! O Juca não deveria ter feito aquilo comigo!

Eu desejo tudo de ruim para ele.

Seu pai, um homem simples, mas portador de grande sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:

O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Eu não aceito isso! Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir para escola.

O pai escuta calado o desabafo do filho, enquanto caminha até um abrigo, onde guardava um saco cheio de carvão.

Tomou o saco de carvão e pediu ao menino que o acompanhasse até o fundo do quintal. O menino o acompanhou, sem entender bem o que estava acontecendo.

O pai abriu o saco e, antes mesmo que o filho pudesse fazer alguma pergunta, propôs algo:

Filho, está vendo aquela camisa branquinha estendida ali no varal para secar? Pois bem, faça de conta que ela é o seu amiguinho Juca, e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele.

Quero que você jogue todo esse carvão naquela camisa, até o último pedaço, como se fosse tiro ao alvo. Quando terminar, avise-me, que eu volto para ver como ficou.

O menino achou a brincadeira divertida e pôs mãos à obra. Todavia, o varal com a camisa estava longe, e por esse motivo, poucos pedaços acertavam o alvo.

Após mais ou menos uma hora, o garoto concluiu a tarefa e gritou por seu pai.

O pai aproximou-se devagar, olhou para a camisa e perguntou:

E então, filho, como está se sentindo agora?

O filho respondeu prontamente:

Estou cansado mas feliz porque acertei muitos pedaços de carvão no Juca, quero dizer, na camisa.

O pai olhou para o menino, que ficou sem entender a razão daquela brincadeira, e lhe falou com carinho:

Venha comigo até meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.

Ambos se dirigiram até o quarto e o menino foi colocado na frente de um grande espelho, onde pôde ver seu corpo por inteiro.

Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e seus olhinhos.

Então o pai lhe disse com ternura:

Filho, você viu que a camisa quase não sujou, mas olhe para você...

O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos maus pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem, ficam sempre em nós mesmos.

Zeca sorriu envergonhado e falou:

Vou tomar um banho e depois... lavar uma certa camisa.

* * *

Quando um pensamento infeliz sai da nossa mente, abre espaço para ali se instalarem miasmas de enfermidades.

Ao contrário, quando nossos pensamentos são nobres, é como se suave bálsamo penetrasse nossa alma, inundando-a de tranqüilidade e paz.

Pensemos nisso.



Redação do Momento Espírita, com base em história
publicada na Revista Espírita Allan Kardec,
nº 34, ano IX.
Em 18.08.2008.

Matemática da vida

A matemática da vida não é simples. Cada soma é também uma subtração. Quando somamos mais um ano àqueles que já vivemos, subtraímos um ano daqueles que nos restam para viver. Esperamos demais para fazer o que precisa ser feito, num mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem garantia do amanhã. Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos à nossa disposição um estoque inesgotável de tempo. Esperamos demais para dizer as palavras do perdão que devem ser ditas, para pôr de lado os rancores que devem ser expulsos, para expressar gratidão, para dar ânimo, para oferecer consolo. Esperamos demais para enunciar as preces, para executar as tarefas que estão esperando para serem cumpridas, para demonstrar amor que talvez não seja mais necessário amanhã. Esperamos demais nos bastidores, quando a vida tem um papel para desempenharmos no palco. Deus também está esperando nós pararmos de esperar. Esperando nós começarmos a fazer agora tudo aquilo para o qual este dia e esta vida nos foram dados. Meus amigos: é hora de viver.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um amigo de verdade

Você tem um amigo de verdade?

Existem muitos amigos, mas os amigos verdadeiros ainda são uma raridade.

Um dia desses, enquanto alguns amigos conversavam de forma descontraída, podia-se observar que um deles, em especial, trazia no rosto um semblante calmo, e sua serenidade espalhava um hálito de paz no ambiente.

Logo mais, aquele jovem senhor deixava o recinto para atender alguns compromissos e, com a alma dorida, falava-nos de algumas dificuldades que estava enfrentando.

Qual espinho cravado no peito, a calúnia feita por um falso amigo lhe fustigava a alma.

E, apesar de ter o coração dilacerado, ele conseguia exalar perfume ao seu redor, poupando os demais companheiros do seu infortúnio.

Falava-nos, com certa tristeza, mas sem rancor, que um amigo maledicente havia espalhado inverdades a seu respeito.

Logo mais estarei com ele e sei que irá me abraçar. E mesmo sabendo o que ele diz de mim pelas costas, retribuirei o abraço sem nada dizer. - Falava-nos aquele homem nobre.

Não negava que a atitude do amigo o incomodava, mas, em momento algum se deixou levar pelo ódio, pela mágoa ou pelo desejo de vingança.

Quem não gostaria de ter um amigo assim?

Sem dúvida, ter amigos de verdade é o que todos desejamos, mas nem sempre nos propomos a ser amigos verdadeiros.

Perdoar um amigo significa dar-lhe uma prova de amizade, pois quando cometemos algum deslize desejamos que, pelo menos, os amigos nos entendam e nos estendam a mão.

Mas, infelizmente, nem sempre agimos com os amigos da maneira que gostaríamos que eles agissem conosco.

E, no momento que ouvíamos aquele amigo de verdade mostrar tamanha compreensão para com o seu caluniador, lembramo-nos de Jesus.

Quando Judas chegou, trazendo os guardas para o prender, Jesus dirigiu seu olhar compassivo ao traidor e lhe perguntou: A que vieste, amigo?

Jesus não só perdoou o amigo infeliz, como também compreendeu a sua miséria moral.

Em outro momento, quando Pedro negou que o conhecia, por três vezes, e se desesperou ao perceber que Jesus o observava, sereno, por entre as grades da prisão, o Mestre o consola:

Pedro, os homens são mais frágeis que verdadeiramente maus.

Certamente um afago que Pedro jamais esqueceria...

Um amigo de verdade, diante dos maus passos dos amigos, age com compaixão, com piedade, com tolerância, com benevolência...

São amigos assim que fazem falta no mundo...

Um amigo que olhe nos olhos, sem nada para esconder...

Um amigo que defenda o seu amigo ausente diante de comentários maldosos...

Um amigo que não tenha medo de dizer que é amigo...

Que não sinta vergonha de admitir que está com saudades...

Que ligue tarde da noite só para saber se o amigo está bem, porque teve um sonho ruim com ele e quer se certificar de que foi apenas um sonho...

Por tudo isso, vale a pena pensar um pouco sobre esse tesouro que se chama amizade.

E é sempre bom lembrar que não se consegue construir amizades sólidas em bases falsas e mentirosas.

Se você acha bom ter um amigo de verdade, lembre-se de que não se pode só desejar amigos assim, é preciso ser um amigo verdadeiro.

* * *

Amigos são como flores nobres semeadas ao longo do nosso caminho, para que possamos aspirar perfume em todas as estações.

Redação do Momento Espírita, com base
em fato ocorrido com Raul Teixeira.
Em 05.11.2008.

Alguém precisa de você

Você já se sentiu alguma vez como um zero à esquerda, ou seja, sem valor algum?

Você pode responder que não, mas outras tantas pessoas já tiveram o seu dia de baixa autoestima.

São aqueles dias em que a gente olha ao redor e não consegue ver nada em que possamos ser úteis.

No entanto, e por essas mesmas razões, há sempre alguém que precisa de você.

Há pessoas caladas que precisam de alguém para conversar.

Há pessoas tristes que precisam de alguém que as conforte.

Há pessoas tímidas que precisam de alguém que as ajude a vencer a timidez.

Há pessoas sozinhas que precisam de alguém para conversar.

Há pessoas com medo que precisam de alguém para lhes dar a mão.

Há pessoas fortes, mas que precisam de alguém que as faça pensar na melhor maneira de usar a sua força.

Há pessoas habilidosas que precisam que alguém as ajude a descobrir a melhor maneira de usar sua habilidade.

Há pessoas que julgam não saber fazer nada e que precisam de alguém que as ajude a descobrir o quanto podem fazer.

Há pessoas apressadas que precisam de alguém que lhes mostre tudo o que não têm tempo para ver.

Há pessoas impulsivas que precisam de alguém que as ajude a não magoar os outros.

Há pessoas que se sentem perdidas e precisam de alguém que lhes mostre o caminho.

Há pessoas que se julgam sem importância alguma e precisam de alguém que as ajude a descobrir como são valiosas.

E você, que muitas vezes pensa não ter nenhuma utilidade, pode ser justamente a pessoa que alguém está precisando agora...

É claro que você não precisa, nem pode ser a solução para todos os problemas, mas faça o melhor ao seu alcance.

Se não puder ser uma árvore frondosa no topo da colina, seja um arbusto no vale - mas seja o melhor arbusto do vale.

Se não puder ser um arbusto, seja um ramo - mas seja o ramo mais exuberante a enfeitar a paisagem.

E se não puder ser um ramo, seja um pequeno tapete de relva para dar alegria a algum caminhante...

Se deseja ser um lindo ramalhete de flores perfumadas, e não consegue, seja uma singela flor silvestre - mas seja a mais bela.

E nesse esforço de ser útil a alguém que precisa de você, irá cada vez se tornando mais forte e mais confiante.

E todos as alegrias que espalhar pelo caminho serão as mesmas alegrias que encontrará na própria estrada.

Por mais difícil que esteja a situação, nunca deixe de lembrar que alguém precisa de você. E o mais importante: você pode ajudar alguém.

* * *

A Terra é uma grande escola, onde o Criador nos matriculou para que aprendamos a ser felizes.

A grande maioria das pessoas que habita este planeta não é completamente feliz.

Somos todos caminheiros da estrada chamada evolução, e, num momento ou noutro pode ser que precisemos de alguém.

Assim sendo, como sempre estamos rodeados de pessoas, é importante que você fique alerta, pois ao seu lado pode estar alguém que precise de você, neste exato momento.

Redação do Momento Espírita, com base em
texto de autoria desconhecida.
Em 09.02.2009.

Ação de paz

A paz é um dos tesouros mais desejados nos dias atuais. Muito se tem investido para se conseguir um pouco desse bem tão precioso.

Mas será que nós, individualmente, temos feito investimentos efetivos visando tal conquista?

O que geralmente ocorre é que temos investido nossos esforços na direção contrária, e de maneira imprópria.

É muito comum desejar a paz e buscá-la por caminhos tortos, que acabam nos distanciando dela ainda mais.

O Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, escreveu, certa feita, uma mensagem que intitulou ação de paz.

Eis o seu conteúdo:

“Aflição condensada é semelhante à bomba de estopim curto, pronta a explodir a qualquer contato esfogueante.

Indispensável saber preservar a tranqüilidade própria, de modo a sermos úteis na extinção dessa ou daquela dificuldade.

Decerto que para cooperar no estabelecimento da paz, não nos seria lícito interpretar a calma por inércia.

Paciência é a compreensão que age sem barulho, em apoio da segurança geral.

Refletindo com acerto, recebe a hora de crise sem qualquer idéia de violência, porque a violência sempre induz ao estrangulamento da oportunidade de auxiliar.

Diante de qualquer informação desastrosa, busca revestir-te com a serenidade possível para que não te transformes num problema, pesando no problema que a vida te pede resolver.

Não afogues o pensamento nas nuvens do pessimismo, mentalizando ocorrências infelizes que provavelmente jamais aparecerão.

Evita julgar pessoas e situações em sentido negativo para que o arrependimento não te corroa as forças do espírito.

Se te encontras diante de um caso de agressão, não respondas com outra agressão, a fim de que a intemperança mental não te precipite na vala da delinqüência.

Pacifica a própria sensibilidade, para que a razão te oriente os impulsos.

Se conservas o hábito de orar, recorre à prece nos instantes difíceis, mas se não possuis essa bênção, medita suficientemente antes de falar ou de agir.

Os impactos emocionais, em qualquer parte, surgem na estrada de todos; guarda, por isso, a fé em Deus e em ti mesmo, de maneira a que não te afastes da paz interior, a fim de que nas horas sombrias da existência possa a tua paz converter-se em abençoada luz.”


As palavras lúcidas de Emmanuel nos sugerem profundas reflexões em torno da nossa ação diária.

Importante que, na busca pela paz não venhamos a ser causadores de desordem e violência.

Criando um ambiente de paz na própria intimidade, poderemos colaborar numa ação efetiva para que a paz reine em nosso lar, primeiramente, e, depois possa se estender mundo afora.

Se uma pessoa estiver permanentemente em ação de paz, o mundo à sua volta se beneficiará com essa atitude.

E se a paz mundial ainda não é realidade em nosso planeta, façamos paz em nosso mundo íntimo. Essa atitude só depende de uma única decisão: a sua.


***


A sua paz interior é capaz de neutralizar o ódio de muitas criaturas.

Se você mantiver acesa a chama da paz em sua intimidade, então podemos acreditar que a paz mundial está bem próxima.

Porque, na verdade, a paz do mundo começa no íntimo de cada um de nós.




Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Emmanuel, do livro Urgência, psicografia de Francisco C. Xavier.

Um abraço

O que você faz quando está com dor de cabeça, ou quando está chateado?

Será que existe algum remédio para aliviar a maioria dos problemas físicos e emocionais?

Pois é, durante muito tempo estivemos à procura de alguma coisa que nos rejuvenescesse, que prolongasse nosso bom humor, que nos protegesse contra doenças, que curasse nossa depressão e que nos aliviasse do estresse.

Sim, alguma coisa que fortalecesse nossos laços afetivos e que, inclusive, nos ajudasse a adormecer tranqüilos.

Encontramos! O remédio já havia sido descoberto e já estava à nossa disposição. O mais impressionante de tudo é que ainda por cima não custa nada.

Aliás, custa sim, custa abrir mão de um pouco de orgulho, um pouco de pretensão de ser auto-suficiente, um pouco de vontade de viver do jeito que queremos, sem depender dos outros.

É o abraço. O abraço é milagroso. É medicina realmente muito forte. O abraço, como sinal de afetividade e de carinho pode nos ajudar a viver mais tempo, proteger-nos contra doenças, curar a depressão, fortificar os laços afetivos.

O abraço é um excelente tônico. Hoje sabemos que a pessoa deprimida é bem mais suscetível a doenças. O abraço diminui a depressão e revigora o sistema imunológico.

O abraço injeta nova vida nos corpos cansados e fatigados, e a pessoa abraçada sente-se mais jovem e vibrante. O uso regular do abraço prolonga a vida e estimula a vontade de viver.

Recentemente ouvimos a teoria muito interessante de uma psicóloga americana, dizendo que você precisa de quatro abraços por dia para sobreviver, oito abraços para manter-se vivo e doze abraços por dia para prosperar.

E o mais bonito é que esse remédio não tem contra-indicação e não há maneira de dá-lo sem ganhá-lo de volta.

Pense nisso

Já há algum tempo temos visto, colado nos vidros de alguns veículos, um adesivo muito simpático, dizendo: abrace mais!

Eis uma proposta nobre: abraçar mais.

O contato físico do abraço se faz necessário para que as trocas de energias se dêem, e para que a afetividade entre duas pessoas seja constantemente revitalizada.

O "abraçar mais" é um excelente começo para aqueles de nós que nos percebemos um tanto afastados das pessoas, um tanto frios no trato com os outros.

Só quem já deu ou recebeu um sincero abraço sabe o quanto este gesto, aparentemente simples, consegue dizer.

Muitos pedidos de perdão foram traduzidos em abraços...

Muitos dizeres "eu te amo" foram convertidos em abraços.

Muitos sentimentos de saudade foram calados por abraços.

Muitas despedidas emocionadas selaram um amor sem fim no aconchego de um abraço.

Assim, convidamos você a abraçar mais.

Doe seu abraço apertado para alguém, e receba imediatamente a volta deste ato carinhoso.

Pense nisso! Abrace mais você também.

Equipe de Redação do Momento Espírita, inspirado por palestras de Alberto Almeida na cidade de Matinhos, nos dias 29, 30 e 31 de março de 2002 e em texto intitulado "Um abraço" de autor ignorado.

Omissão

As notícias veiculadas pelos meios de comunicação costumam impressionar negativamente.

Elas atendem a uma demanda um tanto mórbida das massas, que gostam de saber detalhes de acontecimentos funestos.

Fala-se muito em roubos, fraudes, estupros e assassinatos.

Esse contínuo bombardear de manchetes tristes pode produzir resultados bastante negativos no imaginário popular.

Talvez alguém conclua ser virtuoso, apenas porque não comete os desatinos noticiados pela mídia.

Ocorre que esse pensamento implica eleger a omissão como conduta desejável.

O panorama do mundo é dinâmico e está em constante evolução.

O progresso surge de atos humanos positivos, que são agentes de transformação.

Nesse contexto a omissão, enquanto roteiro de vida, é um escândalo.

Em um mundo em perpétuo movimento, quem não avança se atrasa.

Assim, não basta deixar de praticar o mal.

Importa primordialmente fazer o bem.

Os contextos mudam com rapidez e talvez a oportunidade de agir corretamente não se repita facilmente.

Se um amigo necessitado cruzar o seu caminho, não hesite.

Auxilie-o como pode, pois a vida é muito dinâmica.

Talvez amanhã você não mais consiga vê-lo com os olhos da própria carne.

Perante um sofredor que surge à sua frente, evite pensar em excesso antes de estender seu auxílio.

É provável que o abraço de hoje seja o início de um longo adeus.

Não adie o perdão e nem atrase a caridade.

Abençoe de imediato os que o injuriam.

Ampare sem condições os que lhe comungam a experiência terrena.

Se seus pais, velhos e enfermos, parecem um problema, supere-se e apoie-os com mais ternura.

Se seus filhos, intoxicados de ilusão, causam-lhe amargas dores, bendiga a presença deles.

Em caso de discórdia, seja o que tenta imediatamente a conciliação.

Não hesite perante o trabalho que aguarda suas mãos.

Jamais perca a divina oportunidade de estender a alegria.

Tudo o que você enxerga entre os homens, usando a visão física, é moldura passageira de almas e forças em movimento.

Faça, em cada minuto, o máximo que puder.

Qualquer que seja a dificuldade, não deserte do dever.

Talvez a oportunidade não se repita.

É possível que você esteja perante seu familiar, seu amigo ou seu companheiro de jornada pela derradeira vez.

É melhor dar o melhor de si, a fim de não ter motivos de arrependimento.

Em termos de vida imortal, não fazer o mal é muito pouco, quase nada.

O que dignifica e habilita a novas experiências é o bem que se constrói, dentro e fora de si.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XIX do livro Justiça Divina,
pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 16.07.2009.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Você e os Outros

Você e os Outros
Amigo, atendamos ao apelo da fraternidade.

*

Abra a própria alma às manifestações generosas para com todos os seres, sem trancar-se na torre de falsas situações, à frente do mundo.

*

A pretexto de viver com dignidade, não caminhe indiferente ao passo dos outros.

*

Busque relacionar-se com as pessoas de todos os níveis sociais, erguendo amigos além das fronteiras do lar, da fé religiosa e da profissão.

*

Evite a circunspecção constante e a tristeza sistemática que geram a frieza e sufocam a simpatia.

*

Não menospreze a pessoa mal vestida nem a pessoa bem posta.

*

Não crie exceções na gentileza, para com o companheiro menos experiente ou menos educado, nem humilhe aquele que atenta contra a gramática.

*

Não deixe meses, sem visitar e falar aos irmãos menos favorecidos, como quem lhe ignora os sofrimentos.

*

Não condiciones as relações com os outros ao paletó e à gravata, às unhas esmaltadas ou aos sapatos brilhantes, que possam mostrar.

*

Não se escravize a títulos convencionais nem amplie as exigências da sua posição em sociedade.

*

Dê atenção a quem lha peça, sem criar empecilhos.

*

Trave conhecimento com os vizinhos, sem solenidade e sem propósito de superioridade.

*

Faça amizades desinteressadamente.

*

Aceite o favor espontâneo e preste serviço, também sem pensar em remuneração.

*

Ninguém pode fugir à convivência da Humanidade.

*

Saiba viver com todos, para que o orgulho não lhe solape o equilíbrio.

*

Quem se encastela na própria personalidade é assim como o poço de água parada, que envenena a si mesmo.

*

Seja comunicativo.

*

Sorria à criança.

*

Cumprimente o velhinho.

*

Converse com o doente.

*

Liberte o próprio coração, destruindo as barreiras de conhecimento e fé, título e tradição, vestimenta e classe social, existentes entre você e as criaturas e a felicidade, que você fizer para os outros, será luz da felicidade sempre maior, brilhando em seu caminho.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Apostilas da Vida.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
5a edição. Araras, SP: IDE, 1993.

Em favor de você mesmo

Aprenda a ceder em favor de muitos, para que alguns intercedam em seu benefício nas situações desagradáveis.
*

Ajude sem exigência para que outros o auxiliem, sem reclamações.

*

Não encarcere o vizinho no seu modo de pensar; dê ao companheiro oportunidade de conceber a vida tão livremente quanto você.

*

Guarde cuidado no modo de exprimir-se; em várias ocasiões, as maneiras dizem mais que as palavras.

*

Refira-se a você o menos possível; colabore fraternalmente nas alegrias do próximo.

Evite a verbosidade avassalante; quem conversa sem intermitências, cansa ao que ouve.

*

Deixe ao irmão a autoria das boas idéias e não se preocupe se for esquecido, convicto de que as iniciativas elevadas não pertencem efetivamente a você, de vez que todo bem procede originariamente de Deus.

*

Interprete o adversário como portador de equilíbrio; se precisamos de amigos que nos estimulem, necessitamos igualmente de alguém que indique os nossos erros.

*

Discuta com serenidade; o opositor tem direitos iguais aos seus.

*

Se você considerar excessivamente as críticas do inferior, suporte sem mágoa as injunções do plano a que se precipitou.

*

Seja útil em qualquer lugar, mas não guarde a pretensão de agradar a todos; não intente o que o próprio Cristo ainda não conseguiu.

*

Defrontado pelo erro, corrija-o primeiramente em você, e, em seguida, nos outros, sem violência e sem ódio.

*

Se a perfídia cruzar seu caminho, recuse-lhe a honra da indignação examine-a, com um sorriso silencioso, estude-lhe o processo calmamente e, logo após, transforme-a em material digno da vida.

*

Ampare fraternalmente o invejoso; o despeito é indisfarçável homenagem ao mérito e, pagando semelhante tributo, o homem comum atormenta-se e sofre.

*

Habitue-se à serenidade e a fortaleza, nos círculos da luta humana; sem estas conquistas dificilmente sairá você do vaivém das reencarnações inferiores.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

Acordemos

É sempre fácil
examinar as consciências alheias,
identificar os erros do próximo,
opinar em questões que não nos dizem respeito,
indicar as fraquezas dos semelhantes,
educar os filhos dos vizinhos,
reprovar as deficiências dos companheiros,
corrigir os defeitos dos outros,
aconselhar o caminho reto a quem passa,
receitar paciência a quem sofre
e retificar as más qualidades de quem segue conosco...
*

Mas enquanto nos distraimos,
em tais incursões a distância de nós mesmos,
não passamos de aprendizes que fogem, levianos, à verdade e à lição.

*

Enquanto nos ausentamos
do estudo de nossas próprias necessidades,
olvidando a aplicação dos princípios superiores que abraçamos na fé viva,
somos simplesmente
cegos do mundo interior
relegados à treva...

*

Despertemos, a nós mesmos,
acordemos nossas energias mais profundas
para que o ensinamento do Cristo
não seja para nós uma bênção que passa, sem proveito à nossa vida,
porque o infortúnio maior de todos
para a nossa alma eterna
é aquele que nos
infelicita quando a graça do Alto
passa por nós em vão!...

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Araras, SP: IDE, 1978.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Se você puder

Problemas... Quem não os tem?
O problema pode ser como você lida com o problema...
Se o pensamento que ocorre a cada novo problema é o de que você não nasceu para ser feliz, aí certamente o problema atingirá proporções que poderão fugir ao seu controle...
Muitas vezes, o problema existe porque somos nós que lhe damos corpo, com nosso temperamento, com nossas tendências.
Naturalmente que um problema, como lhe sugere o nome, costuma trazer intranqüilidade à vida ocasionando momentos que não gostaríamos de estar vivenciando, por mais lhe reconheçamos a utilidade do ponto de vista espiritual.
Mas eles existem e é impossível bani-los de nossa vida. Fazem parte do conteúdo educacional que nos é dado pela Providência Divina à título de aprendizado, restauração ou corrigenda.
No entanto, podemos minorar seu impacto, sabendo como agir perante os dissabores e aborrecimentos que ele provoca.
Diz a sabedoria popular que "se você não pode com o inimigo, una-se à ele"; podemos afirmar que, da mesma forma, se é impossível esquivar-se de um problema, podemos muito bem conviver com ele, minimizando sua influência através de uma conduta mais positiva.
Por isso, selecionamos para esta semana a mensagem "Se você puder", onde André Luiz nos sugere algumas atitudes que, embora pequeninas, produzem sempre resultados surpreendentes...

SE VOCÊ PUDER

Se você puder, ainda hoje:
Olvide contratempos e mostre um sorriso mais amplo para aqueles que lhe compartilham a vida;
Dê mais um toque de felicidade e beleza em seu recanto doméstico;
Faça a visita, mesmo ligeira, ao doente que você deseja reconfortar;
Escreva, ainda que seja simples bilhete, transmitindo esperança e tranqüilidade, em favor de alguém;
Melhore os seus conhecimentos, no setor de trabalho a que esteja empregando o seu tempo;
Estenda algo mais de otimismo e de alegria aos que se encontrem nas suas faixas de convivência;
Procure esquecer - mas esquecer mesmo - tudo o que se lhe faça motivo de tristeza ou aborrecimento;
Leia alguma página edificante e escute música que pacifique o coração;
Dedique alguns minutos à meditação e à prece;
Pratique, pelo menos, um boa ação sem contar isso a ninguém.

Estas indicações de apoio espiritual, se forem observadas, farão grande bem aos outros, mas especialmente a você mesmo.

ANDRÉ LUIZ
(Respostas da Vida, 37)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Dias de sombra

Coincidentemente, há dias que se caracterizam pela sucessão de ocorrências desagradáveis . Nada parece dar certo. Todas as atividades se confundem, e os fatos se apresentam deprimentes, perturbadores. A cada nova tentativa de ação, outros insucessos ocorrem, como se os fenômenos naturais transcorressem de forma contrária.
Nessas ocasiões, as contrariedades aumentam, e o pessimismo se instala nas mentes e na emoção, levando-as a lembranças negativas com presságios deprimentes.
Quem lhe padece a injunção tende ao desânimo, e refugia-se em padrões psicológicos de auto-aflição, de infelicidade, de desprezo por si mesmo.
Sente-se sitiado por forças descomunais, contra as quais não pode lutar, deixando-se arrastar pelas correntes contrarias, envenenando-se com o mau humor.
São esses, dias de provas, e não para desencanto; de desafio, e não para a cessação do esforço.
Quando recrudescem as dificuldades, maior deve ser o investimento de energias, e mais cuidadosa a aplicação do valor moral da batalha. Desistindo-se sem lutar, mais rápido se dá o fracasso, e quando se vai ao enfrentamento com idéias de perda, parte do labor já está perdido.

***

Nesses dias sombrios, que acontecem periodicamente, e as vezes se tornam contínuos, vigia mais e reflexiona com cuidado. Um insucesso é normal, ou mesmo mais de um, num campo de variadas atividades. Todavia, a intermina sucessão deles pode ter gênese em fatores espirituais perniciosos, cujas personagens se interessam em prejudicar-te, abrindo espaços mentais e emocionais para intercâmbio nefasto contigo, de caráter obsessivo.
Quanto mais te irritares e te entregares à depressão, mais forte se te fará o cerco e mais ocorrências infelizes tomarão forma. Não te debatas até a exaustão, nadando contra a correnteza. Vence-lhe o fluxo, contornando a direção das águas velozes. Há mentes espirituais maldosas, que te acompanham, interessadas no teu fracasso.
Reage-lhes a insídia mediante a oração, o pensamento otimista, a irrestrita confiança em DEUS.
Rompe o moto-contínuo dos desacertos, mudando de paisagem mental, de forma que não vitalizes o agente perturbador. Ouve uma música enriquecedora, que te leve a reminicênscias agradáveis ou a planificações animadoras.
Lê uma pagina edificante do Evangelho ou de outra obra de conteúdo nobre, a fim de te renovares emocionalmente.
Afasta-te do bulício e repousa; contempla uma região que te arranque do estado desanimador. Pensa no teu futuro ditoso, que te aguarda.
Eleva-te a DEUS com unção e romperás as cadeias da aflição.

***

Há sempre Sol brilhando além das nuvens sombrias, e quando ele é colocado no mundo íntimo, nenhuma ameaça de trevas consegue apagar-lhe, ou sequer diminuir-lhe a intensidade da luz.Segue-lhe a claridade e vence o teu dia de insucessos, confiante e tranqüilo.

Joanna de Ângelis - Divaldo Pereira Franco

(Mensagem extraída da obra "MOMENTOS DE SAÚDE")

Qualidade de vida

Têm-se falado muito a respeito da qualidade de vida. Fazem-se comparações entre o passado e o presente. Fala-se das conquistas médicas, que possibilitam uma perspectiva maior de vida, do conforto que a tecnologia proporciona.
Tudo está correto. Contudo, estamos nos esquecendo de olhar para outro lado.
Referimo-nos aos idosos que são deixados nos asilos, nas clínicas de repouso ou mesmo em dependências específicas do lar, entregues à ociosidade, ao não fazer nada.
Consideram alguns que basta ao idoso ter alimentação, estar asseado, ter um lugar para sentar, outro para dormir.
Estamos nos esquecendo de que são seres humanos, que foram produtivos até ontem.
Foram jovens, amaram, tiveram sonhos, criaram filhos, educaram e os entregaram ao mundo. A sociedade de hoje também é produto dos seus esforços.
E não é simplesmente por estarem em idade avançada que deixam de ter sonhos, de acalentar esperanças.
Somos nós mesmos, pelas nossas atitudes, que lhes incutimos a crença de que somente devem aguardar a morte, que já fizeram tudo o que podiam.
Dia desses, ouvimos de uma senhora que os idosos precisam de quietude e repouso, que não podem sair da rotina para não ficarem atrapalhados, confusos.
Que eles necessitam estar sozinhos, que a presença da família os prejudica.
Mas colocando-nos no lugar deles, será que almejaríamos ficar assim, em um quarto a sós, sem quem nos falasse, incentivasse, visitasse?
Será que o fato de envelhecermos faz com que o coração esqueça os afetos e desejemos a solidão?
Por isso é que os que entram na velhice e avançam no tempo, vivem de recordações. Nós não lhes alimentamos as horas com as nossas presenças.
Por que não permitir que as crianças lhes façam companhia, brinquem com eles, os agradem?
Agindo assim, permitiremos ao idoso a convivência com a alegria, a música, a vivacidade dos pequenos, suas mil peripécias, tanto quanto estaremos dando às crianças lições de vida.
Afinal, se chegarmos à idade dos nossos avós, como gostaríamos de ser tratados? Desejaríamos ser isolados do restante da família, simplesmente porque já não seguramos com tanta firmeza o talher, ou derramamos o alimento?
Lembremos de como nos trataram nossos pais, quando criança. Jamais fomos isolados num canto da casa, pelo simples fato de não sabermos sustentar a colher ou nos lambuzarmos, no aprendizado de levar o alimento à boca.
Se rodeamos a infância de cuidados e atenções, não nos esqueçamos dos nossos idosos, que envelheceram no labor e com seu suor nos forneceram bases para o que hoje somos.
Não afirmemos simplesmente: Idoso é assim mesmo. Porque cada um deles é um ser único, com sua individualidade, sua gama de sonhos e carências.
Ornemos a vida dos nossos queridos velhos com nossa presença amiga, alegre, otimista. Afinal, se não morrermos antes, também chegaremos lá.

* * *

Ante os que te precederam nos anos e galgaram mais cedo os degraus da idade, tem paciência.
Cerca-os com o teu carinho e ampara-os nas suas necessidades.

Redação do Momento Espirita Em 07.01.2008.

Ação e reação

Cotidianamente e em toda parte observamos situações e ocorrências que nos parecem profudamente injustas.
Ao lado da favela onde há tanto sofrimento e miséria encontramos a suntuosa mansão, cujos moradores locupletam-se com tudo que o dinheiro e o prestígio podem conseguir.
A cada instante, nos mais diversos pontos da Terra nascem crianças saudáveis e outras doentias, deformadas, excepcionais e limitadas;
Enquanto uma parte da humanidade já nasce com inclinações boas, dignas e honestas, outra demonstra, desde a mais tenra infância, tendências para o furto, a mentira, a hipocrisia a crueldade a perversidade, etc..

O mesmo ocorre com a inteligência, que não é hereditária, porque muitos luminares de ciência e do intelecto eram e são filhos de pais comuns e até mesmo pouco inteligentes, enquanto pais de grande capacidade mental têm gerado filhos limitados.

E perguntamos então a nós mesmos por que tanta diferença entre os filhos de Deus? Se nós, humanos e falíveis, não seríamos capazes de atos tão injustos e maus para com os nossos filhos, como poderia Deus, sendo onipotente, justo, sábio e santo, demonstrar tanta injustiça ?

Mas a nossa razão diz que não pode ser... que têm de haver outras explicações, caso contrário, deixamos de Nele acreditar e, nessa descrença sofremos o grande vazio que a fuga da fé deixa dentro de nós.
Mas felizmente, sempre chega o dia em que tomamos conhecimento das leis de causa e efeito ou ação e reação, que os orientais chamam karma.
Esse conhecimento então nos coloca de bem com a existência e começamos a ver Deus, o Universo e os mecanismos da vida sob nova luz.

Tudo o que fomos reflete-se em nossa vida atual. É a lei do retorno que nos devolve, pelas mãos da justiça divina, tudo o que fizemos no passado distante ou próximo. Diz-se nos meios espíritas que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigátória..

É preciso, no entanto, observar que o karma não é só negativo, é também positivo. Ele representa nossa conta corrente com a vida, o retorno dos atos bons e maus, das ações e omissões que praticamos pode mesmo ser atenuado pela prática do bem, pelo amor posto em ação.

Sempre é oportuno lembrar o que disse o Apóstolo: "O amor cobre uma multidão de pecados" isto significa que se dedicarmos parte do nosso tempo e possibilidades, tais como o amor, o trabalho, a palavra ou dádivas materias, visando diminuir o sofrimento do próximo ou a lhe mostrar um novo caminho com mais luz e esperança nossa própria vida, sendo mais útil aos outros, será também menos sofrida para nós.

Essa orientação, aliás, foi dada por Jesus quando disse: "A cada um será dado de acordo com suas obras".

Também é importante entender que nem todos os sofrimentos são kármicos, porque muitas vezes refletem apenas nossas própias necessidades evolutivas. A dor é a mensageira divina que desperta em nós os valores imortais do espírito. É ela quem nos acorda e faz sair do marasmo ou da acomodação espiritual. Também é através do sofrimento que mais nos aproximamos de Deus.

Plantemos o bem agora para colhermos bons frutos!!



Baseado no Livro "Nós e o mundo espiritual" de Saara Nousiainen