quarta-feira, 18 de maio de 2011

Acomodação

O progresso da civilização trouxe consigo muitas facilidades, isso é incontestável.
As comunicações são instantâneas. Ficamos sabendo de tudo o que acontece no mundo, no momento em que está ocorrendo.
Com as conexões via Internet, qualquer pessoa pode navegar pelo mundo apenas acionando algumas teclas.
Jornais, revistas e outras tantas mercadorias chegam em nossas casas, sem que precisemos sair para comprá-los.
Através da TV por assinatura vários canais de televisão do mundo inteiro estão ao nosso alcance. Temos acesso a filmes, documentários e outras diversões apenas acionando alguns botões.
O serviço de entregas por telefone é bem aceito pela população. Proliferam as ofertas, ampliando-se cada vez mais a gama de produtos. São flores, CDs, remédios, alimentos e outras tantas mercadorias que chegam às nossas portas depois de ligeiro telefonema.
São as facilidades modernas que, sem dúvida alguma, o progresso trouxe para o conforto geral.
Todavia, enquanto nos beneficiamos com tais facilidades, nos permitimos a acomodação perniciosa.
A acomodação provoca o estacionamento do Espírito, enquanto ser imortal, criado para o progresso constante.
É ótimo que aproveitemos as facilidades que nos são oferecidas no campo material, mas é imprescindível que busquemos alcançar novos degraus no campo espiritual.
É importante que saibamos empregar bem o tempo que a tecnologia nos poupa.
Mais será cobrado de quem mais tiver. Essa é a afirmativa de Jesus.
Tudo o que nos chega como benefício, são recursos permitidos pela Divindade. Não são fins, mas meios de progresso.
Lutemos, pois, para que não sejamos dominados pela acomodação. Busquemos desenvolver a nossa Espiritualidade. Somos seres imortais e uma outra realidade nos aguarda logo mais, no além-túmulo.
Atentemos também para nossos filhos. Incentivando-os à leitura edificante, não os deixemos cair nas teias da acomodação, da preguiça, do marasmo.
Com todo nosso afeto mostremos a eles que fazemos parte de uma sociedade e que todos somos interdependentes.
Digamos a eles que, para a construção de uma sociedade melhor, é necessário que todos contribuam ativamente com seu tijolo de amor, ainda que pequeno, mas de suma importância.
Utilizar bem o tesouro das horas, em nosso e em benefício dos que nos rodeiam, eis a grande decisão que nos cabe.
Exercitar a alma, disciplinando as emoções, treinando a paciência, o perdão, a humildade, para que nosso perfil seja condizente com nossos anseios superiores.
Enfim, fazer luz em nossa intimidade e afastar as trevas da acomodação atrevida que teima em se fazer presente em nossas vidas.
* * *
Nosso pensamento não para nunca.
É por esse motivo que muitas pessoas, mesmo em idade avançada, ficam lúcidas. É porque nunca se deixaram levar pela acomodação paralisante.
Ao contrário, as que acham que nada mais podem fazer e dão por cumprida sua etapa, têm o cérebro atrofiado e a esclerose se manifesta mais cedo.
Assim, importa que mantenhamos o cérebro e as mãos sempre ocupados com coisas positivas para que a lucidez não nos abandone jamais.

Redação do Momento Espírita.
Em 25.04.2011.

Por que se atrasa?

Com frequência, o homem no mundo se sente desamparado.
Ante os problemas que o afligem, imagina-se só.
Angustiado pelas dores que vive, às vezes até duvida da bondade Divina.
Contudo, apenas os sentidos obscurecidos pela matéria podem explicar esse fenômeno.
A Espiritualidade Superior ensina que, junto de cada homem, Deus colocou um Espírito de alto gabarito.
Durante toda a existência terrena, esse autêntico anjo assiste e ampara o seu tutelado.
Ele auxiliou a programar a vida terrena de seu pupilo, ampara-o enquanto encarnado e mesmo depois, no retorno à Pátria espiritual.
Homem algum está só no mundo.
Mesmo quando as afeições terrenas falham ou desertam, esse amigo superior continua presente.
Infinitamente amoroso, ele busca se fazer sentir e ouvir.
Sua presença sempre pode ser percebida, desde que o tutelado o deseje.
Para isso, é preciso asserenar o coração.
Esquecer um pouco as ardências do mundo e abrir-se às inspirações do Alto.
É nesse momento que uma voz cheia de ternura pode se fazer ouvir:
Por que se atrasa, alma querida?
Será por medo que permanece na retaguarda?
Acaso receia as dores do amor maior, aquele que esquece de si mesmo?
Mas as feridas do amor em estado de pureza são suaves e lucilam a alma!
Gradualmente, elas plenificam e tornam luminoso quem as vivencia.
Até hoje, ninguém alçou voo rumo ao céu sem amar de forma incondicional!
Por que demora a se libertar das ilusões do mundo?
Teme perder suas referências, ao vivenciar a renúncia aos próprios interesses?
Receia não mais se reconhecer, ao eleger para si o jejum das paixões mundanas?
Acha que, se perdoar de modo incondicional e constante, os outros abusarão de sua boa vontade?
Receia mesmo algo perder de relevante, ao afrouxar suas defesas?
Considera que a entrega ao bem lhe tirará as bases da existência?
Entretanto, foi para experienciar o bem que renasceu!
Foi com o propósito de amar, amparar, perdoar e viver com pureza que ressurgiu no mundo das formas...
* * *
Essa voz suave, plena de doçura, incansável em sua dedicação, sempre faz o convite ao progresso.
Ela não ataca, não recrimina, apenas convida ao bem.
Por ser um amor que seguiu adiante, deseja que seu amado reflita sobre suas opções e o acompanhe rumo ao céu.
Quem se dispõe a ouvir essa voz angelical facilmente o consegue.
O próximo passo é segui-la, a fim de não mais retardar a própria felicidade.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 17.05.2011.

Sempre é tempo de doar

Certo dia, uma jovem estava à espera de seu voo, na sala de embarque de um aeroporto. Como deveria esperar por muitas horas, ela resolveu comprar um livro para matar o tempo. Também comprou um pacote de biscoitos.
Depois, achou uma poltrona numa parte reservada do aeroporto para que pudesse descansar e ler em paz. Ao lado dela se sentou um homem.
Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um.
Ela ficou indignada, mas não disse nada. Pensou: Que sujeito abusado. E ainda sorri quando olho para ele.
A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um.
Aquilo a foi deixando sempre mais indignada. Tão incomodada que ela nem conseguia reagir.
Por fim, restava apenas um biscoito no pacote e ela pensou: O que será que o abusado vai fazer agora?
O homem sorriu outra vez, dividiu o biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela.
Aquilo a deixou furiosa. Era o cúmulo! Ela pegou o seu livro, seus pertences e foi para o embarque.
Quando se sentou confortavelmente, no interior da aeronave, abriu a bolsa à procura de um espelho para ver como estava o seu rosto. Deveria estar vermelho de raiva!
Sua surpresa foi enorme. Ali, dentro da bolsa, fechadinho, estava o seu pacote de biscoitos.
Agora ela estava vermelha de vergonha. Quem estava errada o tempo todo era ela. E já nem havia tempo para voltar e pedir desculpas ao homem, a quem nem agradecera a gentileza de dividir os biscoitos.
Tinha ficado tão transtornada por pensar que eram os seus biscoitos que estavam sendo devorados pelo desconhecido e, no entanto, ele dividira sem mostrar preocupação alguma.
* * *
O fato nos leva a meditar em quantas vezes ficamos com raiva, perdemos nosso bom humor por pouca coisa. Até por coisa nenhuma.
Pessoas como o homem do aeroporto nos demonstram que o bom da vida é mesmo dividir, cooperar.
Afinal, se pensarmos bem, estamos todos numa mesma e grande escola, e pertencemos a uma grande, numerosa e mesma família, que se chama Humanidade.
O correto mesmo é viver assim, dividindo, repartindo. Ter um sorriso sempre pronto na fila de embarque do aeroporto, na sala de espera do dentista, na fila enorme do supermercado, na fila do coletivo.
O mundo seria melhor se todos aprendêssemos a sorrir e a dividir mais.
* * *
A nossa busca deveria sempre ser no sentido de mais dar do que receber.
E todos somos capazes de nos comportar assim. Basta querer. E querer é fácil. Quem de nós, afinal, não deseja transformar o mundo à sua volta?
E o mundo somente se mudará se nos mudarmos, mudarmos as nossas atitudes.
Não foi outro o motivo que levou Francisco de Assis a dizer: É dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, é semeando amor que se recebe amor.

Redação do Momento Espírita, com base no texto Biscoitos, de autoria ignorada.
Em 13.05.2011.

Presentes da vida

É inegável que as obrigações da vida terrena não são de pequena monta. As necessidades do cotidiano nos conduzem a inúmeras preocupações.
Por isso, estamos sempre envolvidos com os afazeres diários, os desafios que se sucedem e as dificuldades que se apresentam a cada passo.
Nossa casa mental está de contínuo às voltas com as coisas do cotidiano, com o bem conduzir da existência física.
Assim, haverá dias em que nossas preocupações serão de ordem econômica, quando as contas e os compromissos financeiros tomam nossas energias e nosso tempo para a solução devida.
Outros, serão os dias onde os problemas familiares e as relações mais íntimas serão a tônica das dificuldades, nos exigindo esforços na busca de alternativas para essa ou aquela contenda.
Não serão raros, ainda, os dias onde as demandas estarão no campo profissional, a nos exigir constantes atualizações, reciclagem, quando não, a própria busca do emprego.
Essas são preocupações e dificuldades naturais da vida física, que sempre serão oportunidades de aprendizado e de crescimento moral e intelectual.
Esse é o verdadeiro sentido da vida, e essa é a proposta de Deus para cada um de nós.
Ao nascermos, todo um planejamento, por parte da Providência Divina, já está estruturado, pensado e programado para que possamos bem aproveitar essa grandiosa viagem pelo planeta.
Assim, a tudo isso que, costumeiramente, chamamos de problemas, dificuldades, desafios, ou ainda, as dores, decepções, são presentes que a vida nos oferece.
É verdade que, a princípio, parece um tanto estranho dizermos que isso tudo, que todas essas coisas que muito nos consomem os dias e as energias de maneira tão intensa, sejam presentes da vida.
Para ser um presente, pensamos, deve nos agradar, tem que ser algo útil, ou ainda, que tenha sido especialmente pensado para nós.
Mas não é de outra forma que Deus assim age, quando nos oferece esses presentes.
Ao entendermos que a vida é aprendizagem para o Espírito, e que nascemos para que o progresso e a melhora se façam em nossa intimidade, ela ganha um novo sentido.
Com esse entendimento, veremos em cada dificuldade, em cada desafio, a oportunidade do crescimento íntimo.
E perceberemos, a partir daí, que o Senhor Deus jamais busca o castigo e a reprimenda de Seus filhos, como se falsamente amasse mais a uns do que a outros.
Dessa forma, se recebermos a visita da dificuldade, da dor, do problema aparentemente insolúvel, percebamos nisso a oportunidade do aprendizado.
Sob a tutela de Deus, todas as nossas dificuldades foram previstas, programadas e permitidas para que nosso aprendizado se faça.
E ainda, para que a vida não se perca nas nulidades e vazios que nada promovem a alma.
Afinal, seremos nós mesmos, Espíritos imortais, que logo mais, quando a vida física se encerrar, retornaremos à pátria espiritual com todas as conquistas e aprendizados que esses presentes conseguiram moldar em nossa intimidade.

Redação do Momento Espírita.
Em 13.05.2011.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A missão da maternidade

O Bispo de La Serena, Chile, Dom Ramon Angel Jara, teve oportunidade de escrever um texto muito poético que diz:
Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus.
Pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo. Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude.
Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida.
Quando sábia, assume a simplicidade das crianças. Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama. Rica, sabe empobrecer-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos.
Forte, estremece ao choro de uma criancinha. Fraca, se revela com a bravura dos leões.
Viva, não lhe sabemos dar valor porque à sua sombra todas as dores se apagam.
Morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios.
Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas esse álbum. Porque eu a vi passar no meu caminho.
Quando crescerem seus filhos, leiam para eles esta página. Eles lhes cobrirão de beijos a fronte. Digam-lhes que um pobre viandante, em troca da suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe.
Na atualidade, a mulher assumiu muitos papéis. Lançou-se no mundo e se transformou na operária, juíza, cientista, professora, militar, policial, secretária, empresária, presidente, general e tudo o mais que, no passado, era privilégio do homem.
A mulher se tornou em verdade uma super-mulher que, além dos afazeres domésticos, conquistou o seu espaço no mercado de trabalho.
Naturalmente, não para competir com o homem, mas para somar com ele, pois dos esforços de ambos resulta o sustento e o bem-estar da família.
A rainha do lar se transformou na mulher que atua e decide na sociedade.
Das quatro paredes do lar para o palco do mundo. Contudo, essa mulher senadora, escriturária, deputada, médica, administradora de empresa não perdeu a ternura.
Ela prossegue a acolher em seu ninho afetivo o esposo e os filhos.
Equilibrada e consciente, ela brilha no mundo e norteia o lar. Embora interprete muitos papéis, ela não esqueceu do seu mais importante papel: o de ser mãe.
* * *
Dentre todas as mulheres que se projetaram no mundo, realizando grandes feitos, a nossa lembrança recua no tempo buscando uma mulher especial.
A história não lhe registra grandes discursos, mas o Evangelho lhe aponta gestos e palavras que valem muito mais.
Mãe de um filho que revolucionou a História, manteve-se firme na adversidade, na dor, exemplificando o que Ele ensinara.
Não deixou testamento, riquezas ou haveres mas legou à Humanidade a excelente lição da mulher que gera o filho, alimenta-O e O entrega ao mundo para servir ao mundo.
Seu nome era Maria... Maria de Nazaré.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um poético e autêntico retrato de uma genitora – nossa homenagem à toda mulher-mãe, do jornal Correio fraterno do ABC, de maio de 2000 e no texto Retrato de mãe, de Dom Ramon Angel Jara, Bispo de La Serena, Chile, tradução de Guilherme de Almeida.
Em 29.04.2011.